Yôgas – HJS
D H Â R A N Â
Por Henrique José de Souza
“Grande é o erro daqueles que confundem o Espírito ou
Inteligência (Nous) com a Alma (Psyké). Não menos os que confundem a
Alma com o corpo (Soma). Da união do Espírito com a Alma nasce a Razão;
da união da Alma com o Corpo nasce a Paixão.
Desses
três elementos, a Terra deu o corpo; a Lua, a alma, e o Sol, o Espírito. Por isso que, todo Homem justo, consciente de todas esas verdades, é, durante a sua vida física, um habitante
da Terra, da Lua e do Sol”. – Plutarco (De Isis e Osiris).
YOGA, dizem os clássicos do Ocultismo, “é uma
filosofia ou sistema que tem por fim dar àquele que a pratica, o poder de se
abster de comer e de respirar durante considerável tempo e processo, ainda, de
se tornar insensível a todas as impressões exteriores”.
Para
nós, aquele que pratica Yoga visando tais poderes é apenas um faquir e não um Yogi.
Tal
maneira de definir o termo Yoga tem provocado tantas perturbações entre os pretendentes
à Vereda da Iniciação, como o próprio termo “Deus”, através de lutas religiosas
entre os que se extasiam diante de definições que não podem, de modo algum, expressar,
com precisão e clareza, tudo quanto pertence ao mundo subjetivo. Ademais, no
que diz respeito à Yoga, logo se manifesta o desejo egoísta de sobrepujar os
demais, de ser, enfim, um homem completamente diferente dos outros, sem falar
nos perigos que de tal prática procedem, quase sempre em detrimento do próximo.
Nesse caso, Magia Negra e não Magia Branca ou Aquela que praticam os Seres Superiores, como Guias ou Instrutores dessa pobre Humanidade
acorrentada nas férreas cadeias da Ignorância, qual Prometeu “amarguradamente
infeliz”, como diria Guerra Junqueiro, na sua mítica
montanha, que é o Cáucaso, que tanto vale pelo “cárcere Carnal” ou “pote
de argila” bíblico.
Yoga,
querendo dizer “união”, nada mais é do que a adoção deste ou daquele sistema
por parte de quem, de fato, só tenha a preocupação de se UNIR ao seu Eu ou Consciência
Imortal, na razão do que diz Paulo, em Efesus, III, 16/17:
“Todo ser bom pode falar ao Cristo em seu Homem Interno”. Cristo ou
Consciência Universal, tanto vale.
Das
inúmeras espécies de Yoga que se conhece, sobressaem as que se conjugam com
os 3 corpos de que o homem se compõe, à parte opiniões até hoje divulgadas, por
serem completamente errôneas. Referimo-nos à Hatha-Yoga,
“como ciência do bem-estar físico”, desde que tal corpo é o sustentáculo da
alma e do espírito. “Mens sana in corpore
sano”. A seguir, Gnana-Yoga e não Raja,
como querem outros, porquanto o mesmo termo Gnana
ou Jnana, tem por étimo Jim ou Jina, que de ser um habitante do Astral, ipso-facto, relaciona-se com a Alma ou Psiké. Donde o termo: poderes psíquicos.
O mesmo
termo Espiritismo, usualmente empregado, é errôneo por suas práticas envolverem
única e exclusivamente o mundo astral. Nesse caso, ANIMISMO ou PSIQUISMO.
Finalmente, Raja-Yoga (União real,
régia ciência, etc.) ou do Mental, como sede do Espírito, desde que acima dele
se acham as consciências Búdica e Átmica que, a bem dizer, são Portas abertas
ao Tabernáculo Divino. No corpo humano, a hipófise
tem que ver com a Alma, enquanto a epífise (“sobrenatural”) com o
Espírito.
Por
tudo isso, dizer-se que “tal união com o Todo (pela prática da verdadeira Yoga)
é feita por três caminhos”, cujos, a mesma Vedanta
denomina de: Karma ou ação para o físico;
Bhakti ou “devoção” (a mística da
Fraternidade Humana, como o maior de todos os Ideais) e JNANA
ou do conhecimento, visão espiritual, sabedoria, Gnose, etc.
Todo e
qualquer processo de livrar o Ego das ilusões do mundo terreno com o fim de uni-lo
à Consciência Universal, é uma YOGA.
Na de Patanjali, como a mais importante de todas, existem oito
graus ou estados:
1º – YAMA: restrição, controle de si mesmo;
2º – NI-YAMA: observações religiosas, ou antes, alicerçamento do caráter;
3º – ASANA: posição especial para a meditação, embora que esteja
incluída nos bailados iniciáticos, tanto do velho Egito como da Índia, e
posteriormente, na Grécia (“mistérios eleusinos,
etc.”) e hoje, de modo velado, na arte coreográfica, em geral. Tais “asanas” ou posições, sempre debaixo de um
certo ritmo, traduziam, muitas vezes, toda a história de um deus do Panteon do País, quando não, mensagens desses mesmos deuses
ao Templo onde eram praticados semelhantes rituais. Haja
visto, os bailados exigidos no começo de nossa Obra, todos eles
expressando mensagens e divulgações de remoto passado, em referência aos
fundadores da mesma Obra; 4º – PRANAYAMA: retenção do
hálito para controle de todas as funções orgânicas (a mesma medicina atual já
aconselha essa prática nas crises “simpaticotônicas”,
etc. em relação com o lado solar, do mesmo modo que as vagotônicas, com o
lunar. E a prova que, as duas narinas estão classificadas nas antigas
escrituras orientais, como: Ida ou lunar (a esquerda) e Píngala ou solar (a direita). Quando a
respiração flui por ambas as narinas, recebe o nome de Sushuma
(respiração andrógina, dizemos nós ou equilibrante, etc.). Este é o
momento mais apropriado para semelhante YOGA, principalmente
se levada a efeito em PADMASANA (Padma,
loto e Asana, posição.
Nesse caso, “posição do loto”, ou seja: de pernas cruzadas, como
se vê nas imagens do Buda, etc.);
5º – PRATY-AHARA: o poder de afastar o mental das sensações
físicas;
6º –
DHÂRANÂ: “a intensa e perfeita concentração da mente em determinado objeto interno,
com abstração completa do mundo dos sentidos”. Em síntese: o sumo controle do pensamento.
7º – DHYANA: Meditação, contemplação abstrata ou afastamento do
mundo dos sentidos, melhor dito, estado de “isolamento completo”. Constitui uma
das “seis Paramitas” budistas. E a prova que,
em um dos mantrans (hinos) do começo de
nossa Obra – o mesmo que nos foi enviado do Oriente – figura estas palavras:
“Dhyâna, tuas portas de oiro nos livram da deusa Mayá (“ilusão dos
sentidos”);
8º – SAMADHI (ou Samyâma):
estado de meditação obtido pela concentração, no qual o Adepto se torna
consciente de seu Mental Superior, o que tanto vale por se tornar Um com o Todo, a Consciência Universal, etc. A mesma “posição do
Buda” não significa outra coisa. E a prova que, traz os olhos cerrados (visão
para dentro ou espiritual), orelhas enormes, que muitos criticam sem saber que
é apenas um símbolo, na razão daqueles que além de CLARIVIDENTE é CLARIAUDIENTE. As pernas cruzadas ou na posição já apontada
como de Padmasana, sendo que as mãos unidas e
os dedos curvos, formando a última letra do alfabeto sânscrito, ou Aquele que
alcançou o Fim de sua evolução terrena: o Nirvana, etc. E quanto ao
ponto ou sinal que traz na fronte (“olho de Shiva”, como se chama na Índia; “ureus
mágico”, no Egito, como prova a “serpente que se
vê na fronte dos faraós”), em relação à mesma visão espiritual. E
assim por diante.
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Por
todas essas razões e outras mais ainda, a nossa Escola Iniciática ter sido fundada
com o nome de “DHÂRAN”, e seu órgão oficial o conservar
até hoje como uma homenagem àquela época.
DHÂRANÂ
serviu, pois, de “sumo controle do Pensamento”, para que Dhyana
abrisse suas “Portas de Oiro” a Samadhi,
além do mais, através de desconcertantes fenômenos psíquicos, que o vulgo
denomina erroneamente de “milagres”. E logo chegando o domínio do Mental
(Dhyâna ligada a Samadi, ou antes, Budhi a Atmâ, como 6º
e 7º princípios teosóficos, para a formação da Tríade Superior), a própria Lei
lhe exigir o de Sociedade Teosófica Brasileira, hoje, Sociedade Brasileira de Eubiose, além de excelso e significativo lema, que é: SPES MESSIS IN SEMINE, ou “a esperança da colheita está na SEMENTE”. E
isso porque, todos quantos forem atraídos para as suas fileiras, desde já representam
os arautos dessa civilização de elite, que fará seu surto nesta parte do Globo,
e para a qual foi a mesma S. T. B. criada.
Assim,
o mesmo leitor ao manusear as iniciáticas páginas de
seu órgão oficial, embora que não o saiba, pratica um rápido estado de
“Dhâranâ”, por ter de abandonar o “mundo dos sentidos”, sob
pena de não poder compreender o que, por “baixo da letra que mata”,
refulge como um Novo Sol que iluminasse a sua Consciência, na razão do
“Espírito que vivifica”.
Vitam impendere
Vero!
Obs.: Não podemos perder de vista, que nem sempre as mesmas Yogas ou Cerimoniais podem ou devem ser reaproveitadas no
presente ciclos de evolução; mesmo porque, muitas dessas atenderam as exigências
particulares de uma época na consciência evolucional de um povo, portanto, configurado,
por esse fato, por uma Expressão Divina (Avatara).
Da mesma forma que é desnecessário um formando
voltar a aprender as vogais e as consoantes no nível “jardim da infância”,
salvo os que voltam para ensinar aos novatos que estão entrando, agora, na onda
de “Novo Estilo de Vida”. Nossas
observações.