O Rei do Mundo e os Mundos Subterrâneos
(Comentários extraídos de
Dhâranâ
- Jan-Fev 1964, n. 24/25)
Parte Final sobre o tema
O Rei do Mundo
Nos comentários publicados em
precedentes edições de Dhâranâ (revista oficial da
Sociedade Brasileira de Eubiose), fizemos referência aos livros de três
pesquisadores ocidentais modernos que se ocuparam da tradição dos mundos subterrâneos : Saint’Yves d’Alveydre, Ossendowski e Réné Guenon, respectivamente
autores de "Missão na Índia", "Animais, Homens e Deuses" e
"O Rei do Mundo".
Juntando-se a estes, podemos
citar mais dois nomes, embora com restrições por não haverem
aprofundado seus estudos acerca daquela tradição: Jean M. Riviére,
no seu livro intitulado "À sombra dos mosteiros tibetanos" e M. Roso
de Luna, em "O livro que mata a morte"
O livro de Riviére é um
relato de sua viagem ao Oriente e das suas experiências durante a iniciação a
que se submeteu nos mosteiros do Tibete. Seu mestre permitiu-lhe a divulgação
da parte das revelações lá aprendidas, cujo trecho expomos
aqui, visto que este assunto se prende diretamente ao tema de que estamos
tratando:
..."E agora, meu filho, prosseguiu o velho
Lama; no silêncio de todas as coisas existentes em torno de nós, há um mistério
muito mais profundo de tudo quanto já vos disse. Esta organização
religiosa, o Lamaísmo, que vos descrevi, não passa de
um reflexo de outra mais perfeita, puramente espiritual, embora
ainda na Terra.
"Sabei que reina sobre toda a Terra e acima do
Lama dos Lamas Aquele diante do qual o próprio Taschi-Lama
curva a cabeça, Aquele a quem chamamos o Senhor dos Três Mundos. Seu reino
terrestre é oculto e nós, da "Terra das Neves", somos o seu povo. Seu
reino é para nós a Terra prometida, "Napamalou" , e nós trazemos em nosso coração a saudade desse
país de Luz e Paz. É de lá que um dia terminaremos todos nós, diante dos
bárbaros invasores, e dentro de breve tempo, pois nossos Oráculos são formais.
Os mais santos dentre nós já partiram para Napamakou,
para os mosteiros da sabedoria do Mestre dos Três Mundos. Mas um dia, para
salvar a Tradição eterna da possível profanação, fugiremos dos invasores do
Norte e do Sul, e novamente ocultaremos nossos escritos e nossa Doutrina.
"Que importa tudo isso ao Venerável, para Quem
um dia é como um ciclo para nós. Imutável, reina Ele no coração e na alma de
todos os homens; conhece nossos pensamentos secretos e auxilia aqueles que
defendem a Paz e a Justiça.
"Ele não esteve sempre em "Napamakou". A Tradição nos diz que antes da gloriosa
dinastia de Lhassa, antes do sábio Passèpa, antes de Tsongkhapa, o
Senhor Onipotente reinava no Ocidente, sobre uma montanha circundada de
grandes florestas, no país onde habitam hoje os Pilineu-gheu
(gente de fora, estrangeiros). Por seus filhos
espirituais reinava Ele sobre as quatro direções do Mundo. Naquele tempo
existia a Flor sobre a Svastika...Sua força toda
poderosa nos protege, porém as leis inexoráveis das coisas nos dominam, e
diante dos ciclos sombrios é necessária esconder-nos e esperar...
"Uma vez por ano Ele dá suas instruções a
seu povo e aos povos da Ásia por um delegado de seu Reino que vem a Lhassa; durante esse período toda a Ásia permanece em
orações, por que o Senhor dos Três Mundos se comunica com seu povo...(pgs 144-147)
***
Três mundos e Seis Dimensões
Para atinarmos com os ensinamentos contidos nesses
livros devemos antes de tudo admitir que o mundo não está
todo compreendido no que puderam até agora alcançar os cientistas das
universidades com base nas três dimensões, nos cinco sentidos, nas máquinas e
aparelhos de seus laboratórios. A quarta, quinta e sexta dimensões, ligadas às três, constituem os mundos astral, mental e espiritual,
que interpenetram o espaço hiperfísico do céu, da
terra e do inferno(como in-fera, ou mundo subterrâneo).
Acima, em cima e abaixo da superfície deste planeta.
Nosso cérebro, possuindo apenas o senso das três dimensões do plano físico, é
inapto a concebê-las, apenas com seus poderes latentes, como sejam os
relacionados com os seus hormônios hipofisários para
o psíquico e com a glândula pineal para o espírito. Na Iniciação as forças
latentes do homem são despertadas e aguçadas pela subida da luz de "Kundalini".
Os mundos subterrâneos compreendem três planos, conhecidos pelos nomes de "Duat",
"Agharta" e "Shamballah",
quais reflexos no seio deste planeta dos Três mundos Superiores, servindo a
superfície da Terra para as relações intermediárias, comparáveis às numerosas
pontes mediante as quais se podem realizar as desligações
e as ligações entre os milhões de seres dos Três mundos Superiores com os três
lá de baixo. As ligações (quando os seres terrenos se realizam) são representados pelo Hexágono, os dois triângulos equiláteros entrelaçados, o Vau (ou ponte), Arcano 6,
estreitamente relacionados com o Segundo Logos.
No espaço que se encontra fora do alcance de nossos
cinco sentidos, para cuja compreensão deveríamos
conhecer os segredos não só do da Metafísica, mas também os da Hipergeometria, encontra-se chave dos mistérios e a
sede dos fenômenos erroneamente chamados de miraculosos, sejam eles de natureza
taumatúrgica, ocultista, sejam hipnóticos,
sonambúlicos, catacléticos. Os de maior
transcendência são os conscientemente provocados a serviço da Lei pelos "Jinas" ou Adeptos da Grande Fraternidade Branca (Shuda Dharma Mandalam) . Sem a iniciação nos segredos dos Mundos Interiores seria
indecifrável o enigma encerrado no apótema hermético: "O que está em cima é como o que está em baixo, o que está em baixo é como
o que está em cima, para a realização dos mistérios da Causa
Única"; o qual tem o valor de uma revelação, comparável ao VITRIOLUM
(Visita Inferiora Terrae Rectficando Invenies Occultum Lapidem Veram Medicinam)
o qual também diz respeito aos mundos interiores.
Onde se processa a Evolução
É aqui na superfície da Terra que as Mônadas,
centros de consciência ou centelhas na Chama, evoluem pela transformação da
vida energia em vida consciência, através do Itinerário de IO, até atingirem o
ápice da perfeição. A Tríade espiritual (Atmâ, Budhi, Manas) tende a unir-se ao Quaternário material e semi-material( físico, duplo etérico,
astral em mental concreto) por várias centenas de existências humanas, mediante
as reencarnações. Mas a união, ou comunhão definitiva, não é gratuita, pois depende
do nosso trabalho e da nossa conduta moral. A matéria volta a
espiritualizar-se; o humano volta para o divino. Porém, aqueles que, esgotado o
limite numérico ou potencial das reencarnações, não quiserem prevalecer-se
última oportunidade , serão definitivamente desligados
da Tríade superior e retrocedem para as trevas da matéria densa, lugar onde,
segundo o Evangelho, há choros e ranger de dentes, e que, no vocabulário
teosófico, se denomina "Cone sombrio da Lua".
Templo do "Caijah"
em Duat
O mundo de Duat, que é o
da Tradição, é constituído de sete regiões subterrâneas que partem de uma
central (oitava), na qual se construiu o excelso templo que recebeu o nome de "Caijah" (1).Nas galerias dessas regiões
se localizam os grandes museus e as enormes bibliotecas onde se conservam
intatos e atualizados os acervos artístico e bibliográfico da humanidade de
todos os ciclos evolutivos.
Nas tradições, além dos nomes de "Belovedye" (Bela Aurora) , de
Luz, Paradaesa, Arca ou Barca, a Agartha
é conhecida também com o nome de "Dragão das sete escamas", cuja
cabeça coroada é Shamballah, a Mansão dos Deuses ou
das Hierarquias Criadoras. Foi para aquela Barca subterrânea que Noé, o Manú bíblico, conduziu seu povo para o
salvar do dilúvio. Sabe-se que ela já estivera na face da terra e que
deveu ser "interiorizada" ou escondida no seio do globo antes que os
crimes dos mago negros e a voracidade dos prepotentes
atingissem o limite do tolerável, dando causa à primeira catástrofe Atlante.
Como reflexo de um sistema solar, a Agartha possui sete cidades, cujos habitantes representam
sete diversos estados de consciência. A cada uma corresponde um tattwa e um planeta dirigente, três templos, um central e
dois laterais, todas elas no entanto regidas por um
Governo Sinárquico, segundo o Sacerdócio do Rei Melki-Tsedeck, do qual se encontram citações na Bíblia,
como "Rei de Salem, Sacerdote do Deus Altíssimo,
Rei da Paz; sem genealogia, permanece Sacerdote perpetuamente". (Hebreus,
VII, 1-3)
Diferentemente de quanto se observa na superfície,
em que as vinte e quatro horas do dia se dividem em 12 para a luz e 12 para as
sombras da noite (com pequenas oscilações segundo os paralelos e as estações do
ano), em Duat há por dia dois terços de luz para um
de sombra, e na Agartha não há trevas, mas eterna
Luz. Foi portanto exata a resposta dada pelo
tripulante de um disco voador, na sua linguagem lacônica enigmática, de quando
lhe perguntaram pela sua procedência, o qual respondeu apenas duas palavras:
"Claryon, Belovedye".
(Luz, Bela Aurora).
A Sede da Agartha e o
testemunho do Marquês Saint’Yves
d’Alveydre
O livro "Missão da Índia", que tem por
subtítulo "Missão da Europa", também podia chamar-se Livro das Maravilhas
Subterrâneas. Dissemos no inicio deste comentário que foi ele o primeiro
ocidental a transmitir-nos em letras de imprensa um relato da vida nos
submundos. Relato minucioso que nos conduz a uma visita inesquecível aos
rincões agartinos e ao contato de seus fabulosos
habitantes, deixando-nos uma impressão viva de nitidez e realidade semelhantes
às de uma reportagem ilustrada, de uma película documentada a cores. No
seu estilo fluente, em capítulos sucessivos, nos informa por que os Pontífices
ocultaram do mundo este mistério, sob a terra de seus templos e universidades;
como a lei dos mistérios será ab-rogada paulatinamente; a quem deve ele
as revelações sinárquicas; descreve-nos seu encontro
com alguns paradesianos (agartinos);
seu sistema de governo, métodos de ensino, hierarquia dos anfitriões.
Ao tratar da localização da Agartha,
depois de considerações sobre nossas tiranias políticas e conquistas militares
que estariam a retardar a assinatura de um acordo com o governo Sinárquico dos Mundos subterrâneos, escreve:
..."É por humanidade para com os povos
europeus, assim como para com os povos da própria Agartha,
que não temo prosseguir na divulgação que iniciei. Tanto na superfície como nas
entranhas da Terra, a extensão da Agartha desafia o
cerco, está ao abrigo da profanação, sendo inexpugnável a qualquer violência.
Sem contar com as Américas, cujos subsolos lhe pertenceram numa antigüidade
imemorial, somente na Ásia cerca de meio milhão de habitantes conhecem
aproximadamente sua existência e sua grandeza. Mas não se encontrará entre eles
um só traidor que indique qual a posição do Concílio dos Deuses...
..."É devido a essas causas científicas que
aquela Terra Santa jamais foi profanada, a despeito do fluxo e refluxo e das reciprocas destruições dos impérios militares, desde a
Babilônia até o reino turaniano da Alta Tartária; desde Suzo até Pella; desde Alexandria até Roma"...
Tanto quanto as obras de Ossendowski
e Guénon, o testemunho do Marquês Saint’Yves A’Alveydre é
digno de especial menção, além de tudo por tratar-se de Autor do famoso "L’Archemomêtre", obra tornada mais preciosa pela
raridade e por não haver esperança de reedição.
O Templo do Caijah
e o Sonido da Sagrada Taça
A respeito do Templo do Caijah
podemos hoje dizer algo mais ao leitores de "Dhâranâ". Edificado pelas Hierarquias Criadoras, no
Mundo de Duat, representando o oitavo sistema de
evolução e o oitavo princípio do Homem, encontra-se em correspondência direta
com o de São Lourenço. Naquele sagrado Templo é que se conserva ciosamente, ao
mais seguro abrigo da humana profanação, o lendário Cálice, cujo "fac símile" se vê em determinadas solenidades no
sacrário do Templo da SBE, para onde foi afinal conduzido
pelas mãos do Rei Sacerdote depois de concluída a peregrinação pelas sete Igrejas
do Ocidente, qual repercussão cíclica de seu itinerário pelas sete Igrejas
mencionadas no Apocalipse de S. João. Sua verdadeira história exorbita das
tradições e das lendas, remontando sua origem à recuadíssima
era da Atlântida e ao sacrifício dos sacerdotes Muísis
e Muiska, na oitava cidade daquele continente.
A última galeria subterrânea que se ligou ao Templo
do Caijah foi inaugurada em 1960, tendo sido
designada pelo nosso Venerável Mestre com o significativo nome de "Luz de Chaitania", após um solene ritual em que se
ouviu distintamente e por longo tempo o "sonido" de que ele nos
falara tantas vezes! Nós que o ouvíamos pela primeira vez, sentimo-nos
extasiados. Era um som harmonioso e contínuo, vibrante e suave que nos
empolgava com um poder irresistível. Dir-se-ia comparável a um desses
misteriosos e desconhecidos rumores da natureza, de que Ossendowski
e outros escritores tentaram oferecer-nos uma impressão, aquela cristalina
música que aos próprios animais encanta e comove, um
queixume, não triste, do vento ferindo as espirais sonoras de instrumentos
invisíveis. Todos nos pusemos de ouvido alerta e coração exultante. Um irmão
tivera a feliz lembrança de levar seu aparelho de gravação ao solene ritual; e
o sonido encontra-se nitidamente gravado, embora não possa reproduzir as
etéreas vibrações do ambiente e do momento. retorna
O Rei do Mundo e os Mundos Subterrâneos
continuação
Os inframundos na Tradição Egípcia
Recuando cinco ou seis milênios, saltando dos
testemunhos modernos aos mais antigos, vamos encontrar as primeiras alusões aos
Mundos subterrâneos em "O Livro dos Mortos", dos sacerdotes egípcios.
Seu título original era "Saída para a Luz do Dia"; o de "Livro
dos Mortos " lhe foi dado por Ricardo Lepsius,
ao fazer a primeira versão, publicada em 1842. Na realidade quem descobriu o
"Livro dos Mortos" foi Champollion, estudando os monumentos egípcios
do Museu de Turim. Os capítulos XII e XVII trazem estes títulos
: "A passagem através do Amenti" e
"Para entrar nos Mundos inferiores e para sair deles".
Expressiva a saudação do cap. CLXXIII em que Hórus se
defronta com seu Pai divino, Osíris , no momento em que entra em sua Mansão no
Mundo Inferior:
"Salve Osíris, Príncipe do Amenti, Senhor de Abidos, Rei da
Eternidade, deus misterioso do Re-Staú! Eis-me aqui, Glorificado Senhor dos Deuses, tu, o Único,
vivendo pela Verdade da Palavra!"...
A
oração do cap CLXXX visa abrir aos Espíritos santificados os caminhos do Mundo
Inferior; como devolver-lhes a liberdade de movimentos, a fim de que possam
percorrer aquele mundo; como dar-lhes a possibilidade de efetuarem todas as
metamorfoses de alma viva:
"Eis aqui Ra que desce para o
Horizonte Ocidental! Manifesta-se com os rasgos de Osíris mediante a radiação
dos Espíritos santificados e de todos os deuses do Amenti.
Pois ele é o Único, o deus oculto de Duat, a Alma
sagrada que preside os destinos do Amenti, o Ser- Bom
cuja vida é eterna! Eis aqui as oferendas de Duat graças
às quais tu poderás cumprir a Viagem... Filho de Ra, tu procedes de Tum. Os
habitantes de Duat te glorificam!"...
Uma das
muitas coisas sábias e verdadeiras ensinadas por Gautama, o Buda, foi
esta: Os que falam do Paraíso e do Inferno não mentem senão quando os situam
fora da Terra.
Os dois
livros escatológicos "tipos" são "O Livro dos Mortos" dos
egípcios e "O Bardo Thodol" dos tibetanos,
no dizer de Juan Bergua, que pela primeira vez os
traduziu para o espanhol (Madri, 1962). Também na tradição do Tibete
encontramos, embora menos freqüentes que na egípcia, diversas alusões aos
Mundos Subterrâneos, inclusive nas preces pelos mortos, de "O Bardo Thodol", também chamado "O livro dos Espíritos do
Além" (a antiguidade deste livro é estimada em 6000 anos).
A
importância dos Rituais
Como se
viu no cap VII, "A Morada da Imortalidade", René Guénon
escreve que no Judaísmo a Cidade Misteriosa é chamada de Luz. No original esta
palavra aparece grifada, com a mesma grafia portuguesa (Luz)
, na acepção de lugar oculto, coberto, silencioso, secreto, dando a
idéia de inviolável, inatingível pela violência, segundo o próprio sentido do hierograma agartino estampado na
obra de Saint’Yves. Interessante a relação que ele
estabelece com o sentido de outra palavra "Luz", nome dado a uma
partícula corporal "indestrutível" na extremidade da coluna
vertebral, que, consoante o esoterismo indu, é a sede
da força denominada "Kundalini", forma de "Shakti"
considerada imanente no homem.
O cap. VII que versa sobre o Centro
Supremo oculto durante a "Kali Yuga" merece particular atenção do estudioso. Suas
afirmações coincidem, quase todas, com os ensinamentos de nossa Escola;
damo-nos ao gosto de reproduzir algumas: "O conhecimento iniciático deve
necessariamente permanecer oculto"...
E o Autor bem poderia ter acrescentado:
e restrito aos que, pela sua escrupulosa conduta moral, se tornarem dignos de recebê-los.
"...Não apresentam (as organizações secretas) senão a sombra, quando o
espírito dessa doutrina deixou de vivificar os símbolos que não são mais que
sua representação exterior, e isto porque por várias razões, todos os laços
conscientes com o centro espiritual do mundo acabaram por ser rompidos, o que
constitui o sentido mais próximo da perda da tradição, cessando de estar em relação
direta e efetiva com o centro supremo".
Depois,
aludindo à Agartha como oculta, protegida, mas não
definitivamente perdida, acrescenta:
"Não
para todos, pois que alguns ainda a possuem integralmente; e , sendo assim, outros tantos sempre tem a possibilidade de
encontrá-la de novo, contanto que a busquem convenientemente"...
É
licito pensar que o insigne autor tinha todo o direito de se incluir entre os
primeiros. E esclarece: "Desde que sua intenção seja dirigida de tal
maneira que, pelas vibrações harmônicas que ela (a Agartha)
desperta, segundo a lei das ações e reações concordantes, possa colocá-las em
uma comunicação efetiva com o centro supremo".
Tal
orientação é a ritualística que, segundo suas palavras, encaminha
as vibrações para o Centro do Mundo. Podemos supor que ele participasse com o
seu grupo de iniciados de reuniões em que secretamente se praticava "L’Orientation rituelle"
e que sua experiência fosse até superior a tudo quanto pôde dizer em um livro,
no qual, a despeito da patente boa vontade do autor em difundir seus
conhecimentos, era verdadeiramente impossível expor esses mesmos conhecimentos.
Do que se deduz o valor das reuniões ritualísticas praticadas pelos iniciados
na intimidade das agremiações ocultistas que tiveram o mérito de manter atados
os laços de espiritual familiaridade com os Agartinos.
Em que
os ensinamentos de nossa Escola atualizam os do Autor. O "Ex Oriente Lux" de Swedenborgh e o
"Ecce Ocidente Lux"
de J.H.S.
Vamos
agora assinalar um trecho desse capitulo de "O
Rei do Mundo" contendo asserções que se tornaram superadas pelos fatos
extraordinários ocorridos desde o nascimento agartino
de J.H.S. em terras do Brasil em 15 de setembro de 1883 e, notadamente
registrados em determinado pico da Serra da Mantiqueira, em Minas, de onde se
difundiram em torno de sua pessoa, a partir daquele memorável dia 28 de
setembro de 1921, os mais impressionantes fenômenos "Jinas"
dos anais da Doutrina Esotérica.
O
famoso cabalista francês, a despeito de sua brilhante cultura e da intensidade
de suas pesquisas, no afã de alcançar no fundo o centro da "Luz",
esteve muito afastado dela no espaço, apesar de bem perto no tempo; todavia,
menos feliz que Roso de Luna, o iluminado de Madri,
não lhe foi dado vislumbra-la aqui na superfície, num
vasto e ignorado país que nunca figurou no mapa de suas cabalísticas
cogitações. Do contrário, não teria assinado conceitos inexatos como o de
atribuir ao mundo oriental a Regência das coisas do Espírito, quando ela já
havia sido de direito e de fato outorgada ao Ocidente. Quem escreveu:
"...A partir daquela época (1648) o acervo do conhecimento iniciático efetivo
não é mais guardado por qualquer organização ocidental; também Swedenborgh declara que, para o futuro, é entre os
sábios do Tibete e da Tartária que se deve procurar a
Palavra perdida"...
escrevia
repetindo velhos erros, de costas voltadas para o Sol, que já despontara no
horizonte de Novo Mundo, e teimava em procura-lo na
escuridão do Oriente, assestando seu microscópio investigador em países da Ásia
Central, onde em verdade o bruxuleio do crepúsculo da Mongólia desorientou
valorosos pesquisadores ocidentais norteados por antiquadas
"orientações", como as do vidente sueco por ele mencionada nesse
tópico, pais da expressão latina "Ex Oriente Lux",
hoje em dia sem sentido, porque tudo mudou.
Agora, podemos afirma-lo com a convicção
de quem viu e sabe, "o acervo do conhecimento iniciático
efetivo" voltou para o Ocidente, enriquecido (por Henrique) das
revelações deste novo Ciclo e dos ensinamentos que possibilitam a sua
interpretação correta. Onde está esse tesouro de conhecimentos? Como atingi-lo?
Quem poderá conduzir-nos a ele? Onde o Paraíso terrestre? Desde a mais remota
antigüidade essas perguntas tem sido respondidas com
evasivas e fantasias, consumindo-se inutilmente montanhas de papel e mares de
tinta. Não importa que poucos acreditem nela. Estamos nos dirigindo a esses
eleitos. Tudo se resume em dissipar as trevas da ignorância com a luz do saber.
Mas o ouro que é luz não seduz os cegos de espírito,
que tem fome de ouro metálico. Nosso tesouro está aqui mesmo, em nosso pais, ao alcance das mãos e dos olhos que ser tornarem
dignos de pega-lo e vê-lo. Somente não podemos dizer que está também ao
alcance dos ouvidos dignos de ouvirem, porque a Voz do Deva Vani,
o Verbo feito carne, o Sagrado veículo do Espírito da Verdade esvaiu-se e
emudeceu, aqui nessa capital de São Paulo, na madrugada de 9 de setembro de
1963. Mas deixou-nos Sua palavra; ela não está perdida.
"Ecce Occidente Lux! " A Luz Está no Ocidente.