OS MUNDOS SUBTERRÂNEOS E O REI DO MUNDO
Dhâranâ
n.9 - Mar-Jun/1959 - Ano XXXIV
O “Rei
do Mundo” é o verdadeiro e único Poder Espiritual mantido na Terra e só é totalmente
conhecido pelos Adeptos ou Homens Perfeitos.
O
leitor encontrará curiosas e interessantes referências a essa individualidade,
nos seguintes livros: Le Roi du Monde de René Guenón;
Bêtes, Hommes et Dieux, de Ferdinand Ossendowski; A Hombre des Monastéres
Thibétains, de Marqueis de Riviére e “El Corazon de Asia”, de Nicholas Roerich,
já por nós recomendado em outros lugares.
Na
presente anotação, limitar-nos-emos a dar uma pálida idéia do que seja o “reino
subterrâneo” e o mesmo “Rei do Mundo” à frente do seu povo. Mesmo assim, ao
invés de penetrarmos no que de mais secreto pesa sobre tamanho mistério,
preferimos nos servir de alguns trechos da referida obra de Ossendowski (páginas
250-251 da edição francesa):
“Eu pude obter ensinamentos mais detalhados da
própria boca do hutuktú (grau mais elevado entre os monges lamaístas
santo, deus encarnado, etc.)
Jelyb-Djamarap
de Narabanchi-Kure. Ele me relatou a história da chegada do poderoso “Rei do
Mundo”, depois de sua saída do “reino subterrâneo”, sua aparição, seus milagres
e suas profecias. Só então comecei a compreender que, em tal lenda (de que ele
já ouvira falar por toda a parte ... ), nessa hipnose,
nessa visão coletiva, de qualquer maneira que se interprete, ocultava-se, não
apenas um mistério [mas uma força real e soberana, capaz ide influir no curso
da vida, política da Ásia (algo mais, dizemos nós). A partir desse momento,
iniciei minhas buscas.
O lama
Gelong, favorito do príncipe Chultun-Beyli, e o próprio principie, acabaram por
me fazer a descrição do reino subterrâneo.
No
mundo, diz Gelong, tudo se acha tem constante transição e mudança: povos, religiões,
leis e costumes. Quão grandes impérios e brilhantes culturas já pereceram?! Só
uma coisa resta imutável: o mal, como instrumento dos maus espíritos (melhor,
seria dizer, como conseqüência da “ignorância humana” ...
). Há mais da seis mil anos, um santo homem.
(esclareçamos nós: um Manu, ou melhor, um desses seres que têm vindo ao mundo à
frente de certas civilizações, raças sub-raças, etc.), desapareceu com todo o
seu clã (a mesma lenda da “salvação" na Arca, Barca, Agarta, etc., de que
já nos ocupamos) no interior do solo e jamais voltou à superfície da terra.
Muitas pessoas, entretanto, visitaram depois este reino, dentre elas o próprio
Sakia-Muni (melhor dito Gautama, o Budha), Under-Geghen, Paspa, Baber e outros.
Ninguém nos pode ou ninguém sabe dizer-nos onde esse reino se acha. Uns nos
apontam o Afeganistão, outros, a Índia. Todos os homens dessa desconhecida
região, são protegidos contra o mal, e o crime não existe no interior de suas
fronteiras. A ciência aí se desenvolveu tranquilamente; nada ali está sujeito à
destruição (por isso, como já dissemos, é chamado de “Ilha Imperecível, que
nenhum cataclismo pode destruir»...). O povo subterrâneo atingiu o mais alto
saber. Trata-se hoje, de um grande reino, constando milhões de habitantes,
sobre os quais reina o “Rei do Mundo”. Ele conhece todas as forças da natureza,
lê em todas as almas humanas e no grande livro do destino (pureza, pois se
representa a própria Lei, Deus o Karma, etc.!). Invisível, reina ele sobre
oitocentos milhões de homens que estão sempre prontos a executar suas ordens.
O
príncipe Chultun Beyli acrescentou: este reino é Agarti (melhor dito, Agartha).
Estende-se subterraneamente por todo o mundo e para ele dá,
entrada por meio de passagens ou embocaduras abertas na superfície da terra.
Ouvi um sábio lama chinês dizer ao Bogdo-Khan (último Budha Vivo da Mongólia)
que todas as cavernas subterrâneas da América são habitadas pelo antigo povo
que desapareceu no seio da terra (com vistas aos nossos trabalhos sobre os
lugares Jinas do Brasil, inclusive a “Serra do Roncador”, “Vila Velha” e
outros. O fato de termos sido contestados não altera a
verdade dos fatos, pois “mais fácil é negar do que
provar que humanas criaturas não podem divulgar...”). Muitos dos seus traços
são encontrados na superfície da terra. Tais povos e espaços (melhor dito,
cantões, cidades, etc.) subterrâneos, são governados por chefes que reconhecem
a soberania do “Rei do Mundo”, inclusive aqueles que guardam as embocaduras que
vão dar a esse Pais Jina ou de Agartha (chamados Todes).
Há em tudo isto uma grande dose de maravilhoso. Vós sabeis que, no lugar hoje
ocupado pelos dois maiores oceanos de Este e de Oeste, se encontravam, outrora,
dois grandes continentes (Lemúria e Atlântida). Eles desapareceram sob as
águas, mas alguns dos seus habitantes passaram para o reino
subterrâneos. As cavernas profundas são iluminadas por uma luz
particular que permite o crescimento dos vegetais e dá ao povo uma vida longa
sem moléstia alguma (o filme “Horizonte Perdido”, bem como o filme e romance
“Ela”, exibidos em todo o Pais foram vazados na mesma
lenda).
Citaremos
agora algumas passagens do livro de Mr. René Guenón, intitulado: Le Roi du Monde, justamente quando ele procurava as semelhanças
entre as descrições da Agartha feitas por Saint-Yves d'Alveydre, em sua obra La
Mission de L'Inde, e as de Ferdinand Ossendowski no seu livro.: Bétes, Hommes
et Dieux.
“Naturalmente, alguns espíritos céticos ou
maldosos, já devem ter acusado M. Ossendowski de haver apenas plagiado
Saint-Yves, pelo fato da concordância existente em algumas passagens das duas
obras. A semelhança é realmente assombrosa nos detalhes dalgumas passagens. No
entanto, o que até então parecia inverossímil por parte de Saint-Yves quando
afirma “a existência de um mundo subterrâneo estendendo as suas ramificações
por toda a parte, debaixo dos continentes como dos oceanos, através dos quais
se estabelecem invisíveis comunicações entre todas as regiões da terra”.
Ossendowski declara “que não sabe o que pensar a respeito, atribuindo todas as
suas informações, nesse sentido, a diversos personagens que encontrou no decorrer
de suas viagens”. Vem muito a propósito citar, neste ponto, o seguinte fato a
que assistimos numa barca que nos transportava de Niterói para a capital, no
tempo em que residíamos naquela cidade.
Uma
criança de cinco ou seis anos de idade, desviando a vista das águas da bafa, voltou-se
para o pai, dizendo-lhe muito convictamente.
–
Papai, aí em baixo dessa água, mora gente.
– Que
tolice, meu filho! Debaixo d'água só moram peixes.
– Mas
papai, retrucou a criança, é mais para baixo das águas.
O pai
de tão prodigiosa criança não podia compreender o sentido dessa revelação...
Volvamos
ao livro que. estamos citando .
“O
título de “Rei do Mundo”, tomado no seu sentido mais elevado, mais completo e
ao mesmo tempo mais rigoroso, é aplicável ao MANU, o legislador primordial
(estamos de pleno acordo com o Sr. René Guénon e o nosso acordo seria ainda
maior se ele apontasse desde logo um termo bem conhecido, embora demasiado vago para ser compreendido por qualquer mentalidade, isto é,
o de “Planetário da Ronda, senão, o próprio rei Melki-Tsedek, Monarca
Universal, cujo nome se encontra, sob diversas formas, entre um grande número
de povos antigos. Lembremos o de Menés entre os egípcios, e o de Minos, entre
os gregos (este, era ao mesmo tempo o «legislador dos vivos e o juiz dos mortos”,
esse mesmo Yama a que se referem as escrituras indianas)”.
Na
opinião, porém, do autor de Le Roi du Monde, “tal nome
não designa propriamente, uma personagem histórica ou mais ou menos lendária;
ele designa, na realidade, um principio: a Inteligência cósmica que reflete a
Luz espiritual pura, e formula a Lei (Dharma) apropriada às condições do nosso
mundo ou a determinado ciclo de existência; ele é ao mesmo tempo o arquétipo do
homem considerado, especialmente, como um ser pensante, em sânscrito Manava (de
Manas, Manu, o Homem, etc., como já dissemos em outros lugares quando nos
referimos ao mesmo termo Manu)” .
Só discordamos
do autor, na sua peremptória negação da existência de um Ser com semelhante
representação na terra, pois sabemos que – principalmente do meio da Ronda em
diante – tudo quanto se possa conceber como forças cósmicas, etc., deverá tomar
ou corpo tanto quanto possível... humano.
E
paremos aqui... por ser vedado ir mais longe.
Continua
o autor.
O que
importa, entretanto, dizer, é que tal principio pode ser manifestado por um centro
espiritual estabelecido no mundo terrestre (símil de um
outro existente no seio da terra... ), por uma organização
encarregada de conservar integralmente, a tradição sagrada de origem “não
humana” (apaurusheya), por meio da, qual, a Sabedoria primordial se comunica
através das Idades àqueles que forem capazes de a receber.
Semelhante
organização (todo o grifo é nosso), representando, de qualquer modo, o próprio
Manu, poderá legitimamente levar tal título e atributos (certíssimo!) identificar-se
pelo grau de conhecimento que. houver atingido, afim
de poder exercer semelhante função (além de outras que o autor está muito longe
de conhecer) – com o referido princípio do qual se faz sua humana expressão e
diante do qual sua individualidade desaparece”.
“Tal é
o caso da Agartha, continua o autor, se tal centro recolheu como afirma Saint-Yves,
a herança da antiga “dinastia solar”, os Sûrya-vansa, cuja dinastia residia em
Ayedhyá (a “Cidade solar” dos rosacruzes, a “Cidade do Sol” de Campanella,
etc.)”.
Aceitamos
isto como certo, embora o não esteja totalmente, pois o termo “solar” indica
algo mais transcendente, digamos, os Pitris solares ou Agnisvattas...
No que
o autor de Le Roi du Monde erra endossando a opinião
de Saint Yves, é ao afirmar que “este não é propriamente o Chefe supremo de
Agarta, mas Soberano Pontífice ou Chefe da igreja bramânica. Se o Rei do Mundo
possui em sua mão os Dois Poderes (o Temporal e o Espiritual), como prova seu
próprio Nome, bastava que o autor do referido livro, que se diz cabalista,
examinar melhor os dois arcanos do Taro, isto é, o 4o e o 5o ou seja o
Imperador e o Papa, para descobrir no mesmo o Rei Melki-Tsedek, como “Rei e
Sacerdote”, mas também Senhor de Paz (ou de Glória) e de Justiça.
A posse
desses Dois Poderes sempre foi aspirado pela Igreja romana, o que não era
possível ser concedido a uma simples religião mas tão
somente, a quem estivesse investido de semelhante Privilégio, tal como acontece
com o Rei do Mundo que tem uma dupla manifestação, isto é, tanto na face como
no Seio da Terra, ou melhor, um duplo avatara.
René Guenón reconhece mais adiante o seu equívoco, quando afirma
que ao Rei do Mundo tem por atributos fundamentas a Justiça e a Paz”.
A
Agartha também é conhecida como “Confraria Branca dos BHANTE-JAUL, locução
sânscrita cujas iniciais nos lembram as das duas colunas do Templo de Salomão:
Jakim e
Bohaz. As duas iniciais dessa locução se aplicam igualmente, aos dois Caminhos
da Vedanta. Jnana e Bhakti ou Conhecimento, Iluminação, etc., e Amor e Justiça.
Entre essas duas colunas, acha-se a do Karma. Tal nos aparece o Rei do Mundo entre
os seus dois Ministros: Mahima e Mahinga que o autor erradamente chama Mahatma
e Mahinga.
De tudo
isto tirou a maçonaria egípcia os termos Memphis-Misraim, de simbolismo ainda
mais secreto; e a Máfia, como a pior das degenerescências maçônicas, ou secretas,
o de “Máfia-Mata”. Em homenagem a essas duas colunas usava Cagliostro o pseudônimo
“José Bálsamo”; significado igual tem o nome “João Batista”; e as duas cidades
bíblicas, Belém e Jerusalém, que envolvem a Vida de Jeoshua, se encontram
estreitamente ligadas ao mesmo mistério.
O “Rei
do Mundo”, colocado entre as Colunas da Justiça e da Paz, possui de fato o
papel de Lei ou Dharma, embora nele se englobem as 3 funções, na razão de “3
trombetas para uma só boca” ou das 3 pessoas distintas e Uma só Verdadeira,
visto ser ele a representação da própria Divindade na terra. A esse mistério da. Trindade está ligado o termo Maitri ou “o três vezes
passado por Maya”, senhor dos 3 mundos, vitorioso das 3 gunas ou qualidades da
matéria ou seja no homem o equilíbrio dos seus 3 corpos, equilíbrio que faz
dele um Adepto ou Homem Perfeito, Mahatma, etc.
Todo
este simbolismo, expresso através das 3 letras da palavra sagrada Aum, possui
íntima relação com ois 3 mundos da matéria, – o Céu, Purgatório e Inferno – as
3 espécies de Paraísos tão mal interpretados pela Igreja. Dele se serviu a
Maçonaria adotando os 3 graus : Aprendiz, Companheiro
e Mestre, e a ele não podia fugir a S .T. B,
hoje, SBE. , como núcleo espiritual do excelso Movimento em prol duma
nova civilização portadora de melhores dias para o mundo. criando,
no seu Colégio Iniciático, 4 séries, portais ou vestíbulos, intitulados A, B, C
e D, sem o que não se poderia admitir uma iniciação favorável à evolução
integral de seus membros, vindos do exterior repletos de erros causados pela
leitura de livros incompletos ou propositadamente falsos, e totalmente alheios
ao que se passa no mundo dos Adeptos.
Voltando
ao “Rei do Mundo”, da seguinte forma a ele se refere o lama ouvido por Mr.
Ossendowski: “Vive em relação com os pensamentos de todos aqueles que dirigem
os destinos humanos... Ele conhece as suas mais secretas intenções e idéias. Se
agradam a Deus (melhor será dizer, à Lei). Ele os favorecerá com seu auxilio
invisível; se ao contrário, lhe desagradam, Ele provocará a sua queda. Tal
poder provem da Agarta pela ciência misteriosa do OM (a fusão una do trino Aum ... ) palavra com que começamos e terminamos nossos
trabalhos”.
O autor
de Le Roi du Monde, procurando definir a palavra OM,
diz que é o nome de um antigo santo, o primeira dois Goros (sacerdote do Rei do
Mundo, Gurus, etc., esclarecemos nós) que viveu há trezentos mil anos. “Tal
frase, continua ele, é incompreensível para a maioria, principalmente. pela
dificuldade entreportar-se a uma época tão vagamente indicada; anterior ao Manu
atual. Considerando, porém, que o Adi-Manu ou primeiro Manu do nosso Kalpa (Vaivásvata
ou sétimo, segundo o autor... ), é chamado Svâyambhuva, Isto é, procedente de
Swayambhú, ou “aquêle que subsiste por si mesmo” ou ainda o Logos eterno; e
considerando mais que o Logos ou aquele que o representa diretamente pode ser
de fato designado como “o primeiro dos Gurus” (nesse caso Maha-Gurú, Maha-Deva
etc., nomes por que também é conhecido o Rei do Mundo, coisa que o autor
desconhece), conclui-se logicamente que, na realidade, om é o nome do
próprio logos, ou seja aquele que vibra perenemente em
nosso Templo. Por sinal que as próprias iniciais M. e G. de Maha-Guru, para
Aquele que dirige semelhante Movimento podem ser aplicadas aos dois. Lugares
que, dentro em pouco firmarão na Terra o trabalho já começado por Badezir e
Yetbaal, ou sejam: Minas Gerais e Mato Grosso. Sim, um Templo no Norte e outro
no Sul. Mas paremos aqui por ser ainda cedo para se falar no resto...
“Neste caso, prossegue o autor, a palavra om
fornece imediatamente a chave da divisão hierárquica das funções entre o
Brahmatma e seus dois Ministros”. Ficam, pois, como expressão lídima da verdade,
o Rei do Mundo (Maha-Deva, Maha-Gurú, Maha-Riski, El-Rishi ou El-Rike) e suas
duas colunas vivas ou Ministros, designados pelo om tat sat.
Estas palavras iniciam as preces mais famosas da Índia e do Tibete, e mesmo
alguns mantrans como os que se acham nos arquivos da S.T.B. e lhe foram
enviados por Fraternidades Orientais, na ocasião de sua fundação. Quando de
nossa Viagem ao Norte da índia, fomos regiamente recebidos pelo Brahmatma,
então, nas proximidades de Simlah.
Poderoso
cabalista como é, Mr. René Guenón faz maravilhosas considerações sobre essa
tríplice representação do Governo Oculto do Mundo, quando diz “Ao Brahmatmâ
pertence a plenitude dos dois poderes: sacerdotal e
real, relacionados, principalmente e de qualquer forma, como o estado
indiferenciado. Tais poderes quando manifestados, se distinguem, pertencendo a
Mahatmâ (aliás Mahima, como já dissemos), o poder sacerdotal; e a Mahanga, o
poder real. Esta distinção corresponde à dos Brâmanes (sacerdotes) e à dos
Kshattryas (guerreiros). Tanto o Brahmatma, como o Mahatma e o Mahinga, se
acham, porém, “acima das castas”; todos eles possuem um caráter, ao mesmo tempo
sacerdotal e real.
Cabe
aqui abordarmos um ponto até hoje pouco discutido, ou seja
o dos “Três Reis Magos” do Evangelho. como a união
entre os dois poderes. Tais personagens podem afiançar hoje, não são mais do
que a representação dos 3 chefes da Agartha à parte o simbolismo de 3 ramos
raciais, na razão da raça branca, raça amarela e raça negra, (como se
representam os três referidos Reis), Mahanga oferece ao Cristo o oiro e a
salvação, como “Rei”; Mahatma, o incenso como sacerdote; enfim Brahmatma, a mirra,
como símbolo da incorruptibilidade, imagem do Amrita, e a salvação como “Profeta”
ou Mestre espiritual por excelência (os 3 Reis Magos são: Gaspar, Melchior e Baltazar).
A homenagem assim prestada ao Cristo recém-nascido, nos 3 mundos, que são os
seus respectivos domínios (onde o termo Maitri, já por nós explicado contrariando
à opinião dos maiores sanscritistas, inclusive Burnouf
que o tem apenas por “compaixão”), pelos autênticos representantes da tradição
primordial, é, ao mesmo tempo, desde que, como tal, se considera, a origem da
perfeita ortodoxia do Cristianismo, relativamente ao assunto abordado”.
Em
outros lugares falando dos vários centros do mundo, como símbolos do verdadeiro
e único Centro Espiritual que é Agarta, diz:
“Malkuth
(a décima sephiroth) é “o reservatório onde se reúnem as águas do rio proveniente
do seu cume, isto é, todas as emanações (graças às influências espirituais)
que, ela espalha em abundância. Este rio do alto, e as águas que
dele procedem, faz lembrar o místico papel atribuído ao rio celeste Ganga
(donde Ganges, etc.) da tradição hindu, como também se poderia notar que a
Shakti de que Ganga é um aspecto, não deixa de possuir certas analogias com
Shekinah, na razão da função “providencia” que lhe é peculiar. O
“reservatório das águas celestes” é, naturalmente, idêntico ao “centro
espiritual do nosso mundo”; daí parte os 4 rios do Pardas,
dirigindo-se para os 4 pontos cardeais. Para os judeus, tal centro espiritual
se identifica com a colina de Sião a mesma a que eles denominam de “Coração do
Mundo”, designação dada a todas as “Terras Santas” e que equivale ao Monte Meru
dos hindus ou ao Alborj (“Montanha primordial”, preferimos nós dizer) dos
persas. (Este “Centro de irradiações espirituais para o mundo”, não podia
deixar de ser São Lourenço...).
“Tabernáculo da Santidade” de Jeovah
residência de Shekinah, é o santo dos Santos
(“Sanctum-Sanctorum”, o coração do Templo como centro de Sião (Jerusalém), do
mesmo modo que a Santa Sião é o centro da Terra de Israel, colocada no centro
do mundo. Pode-se mesmo indicar coisas mais afastadas ainda: não somente o que
já foi enumerado, tomando-o em ordem inversa, mas também o Tabernáculo no Templo,
A Arca da Aliança, lugar de manifestação da Shekinah (entre os dois Querubins
), que representam como tal, aproximações sucessivas do “Pólo espiritual”. “Foi
esta a razão que levou Dante a apresentar Jerusalém como “Polo espiritual”. Isso,
porém – desde que se abandone o ponto de vista judaico – torna-se sobretudo simbólico
e não mais constitui um determinado lugar, no sentido estrito da palavra. Todos
os centros espirituais secundárias, constituídos por adaptações da tradição
primitiva em condições determinadas, são como já tivemos ocasião de demonstrar
simples imagens do centro supremo (a que preferimos chamar de Shamballah)
nestas condições se pode achar Sião que não passará por isso, dum centro
secundário (o Monte Líbano, Baalbeck etc., o foram, dizemos nós, não passando
talvez de “agências na superfície da Terra” desse mesmo Centro Supremo) capaz,
no entanto, de com aquele identificar-se pela semelhança existente entre os
dois. Jerusalém é, de fato, como seu nome indica, uma imagem da verdadeira
Salem. Isto nos leva a reafirmar não ser a “Terra Santa” apenas a Terra de
Israel; e isto basta para se deduzir onde queremos chegar...
“Outra expressão de valor como sinônimo de
Terra Santa, é a “Terra dos Vivos” que designa, manifestamente, a “região da. Imortalidade” (mais uma vez apontamos o nome da “imperecível”
Ilha de Shamballah passando antes por Agarta...). Esta designação, em seu
sentido próprio e rigoroso, é aplicável ao Paraíso terrestre ou a seus equivalentes
simbólicos, tendo sido também aplicada às “Terras Santas” secundárias e, notadamente,
à Terra de Israel. Diz-se que a ”Terra dos vivos compreende 7 terras” e Mr. Vulliaud
notifica nesse sentido, que “esta terra é Canaã onde viviam 7 povos”. Com
efeito tudo isto é real no sentido literal; mas, simbolicamente, essas 7 terras
poderiam muito bem corresponder aos 7 dvipas (continentes) que, segundo
a tradição hindu, possuem o Meru por Centro comum. Do mesmo modo, quando os
antigos mundos ou criações anteriores à nossa, são figurados pelos “sete reis
de Edom” (do Edem, do Paraíso terrestre, cujo número setenário coincide com os
“sete dias de gênese”), nos revela uma grande semelhança demasiado frisante
para ser tida como acidental, como as eras das sete Manus, contadas desde o
inicio do Kalpa até à era atual”.
Mr.
René Guenón, por maior cabalista que seja, não
conseguiu atingir as transcendentais profundezas de tamanho mistério, sem o que
não fugiria, temeroso de dar vida e forma, ao que a sua mente aceita apenas
como mero simbolismo. Ele ignorava (e, como ele, muitos outros igualmente) que
a Atlântida possuía sete cidades ou cantões dirigidas por
sete reis aos quais poderíamos considerar como descendentes ou mesmo
filhos de um oitavo rei, que vivia em uma oitava cidade (em forma andrógina).
As Escrituras falam em 10 cidades; neste ponto o simbolismo se manifesta do
modo mais transcendente. O oitavo rei, representando a expressão máxima da
Divindade, tem uma função Trina (de acordo com a Trindade Superior). Daí o
valor da “regência atlante” ser de dez e não de oito apenas. Sete Reis ou
“chohans nascidos do Uno-trino”. E aí estão as
Estâncias de Dzyan, para nos afirmar a mesma coisa, ensinando-nos que, “nos
céus como na Terra... e em outras coisas mais, existem os três mundos ou qualidades
de matéria”. Podemos, portanto, afirmar, sem temores nem restrições que “os
sete reis de Edom” nada mais são do que representações vivas dos sete
Dhyans-Chohans, acompanhando a síntese de todos eles, tal como, em um sistema
planetário, giram em torno dum Sol central: sete astros, ou os corpos cósmicos
dos sete Dhyans-Chohans... E manda a prudência que fiquemos por aqui...
Aludindo
às tradições relativas ao “mundo subterrâneo”, encontradas entre todos os
povos, diz ele:
“... Poder-se-ia modo observar, entretanto, de modo que o “culto
das cavernas” acha-se ligado à idéia de “lugar interior”, central etc., e que,
assim, o símbolo da caverna e do coração estão mui próximos um do outro a
“Montanha", onde a S.T.B., hoje, SBE, fez sua espiritual eclosão, demos o
nome de “coração da Montanha Sagrada”, que continua sendo o lugar visitado por
nós e por quantos fazem parte das nossas fileiras, isto, diga-se de passagem,
como uma simples homenagem e não como objeto de culto... ). Por
sua vez existem, realmente, na Ásia central como na América e por toda a parte
da terra, cavernas e subterrâneos onde certos centros iniciáticos (não é bem isso,
mas... embocaduras para Agartha) puderam manter-se há muitos séculos”.
E mais adiante : “Entre as tradições a que fazemos alusão, existe
uma que apresenta particular interesse: ela está apontada no Judaísmo e
refere-se a uma cidade misteriosa chamada Luz. Tal nome era dado,
originalmente, ao lugar onde Jacob teve o conhecido sonho bíblico, depois do
qual a denominou Beith-EI, isto é, “Casa de Deus” (“mansão celeste”). Diz-se
que o “Anjo da. Morte” não pôde penetrar em tal cidade, igualmente vedada a
qualquer outro poder. E, por uma coincidência bastante singular, porém muito
significativa, alguns a colocaram perto da Albordi, que é, igualmente, para os persas,
a “região da imortalidade”.
“Perto de Luz, dizem existir uma amendoeira
(em hebreu, “Luz”), em cuja base se encontra uma concavidade, por onde se
penetra em um subterrâneo, o qual conduz à mencionada cidade secreta”.
Nem
mesmo assim, o ilustre cabalista René, Guenón conseguiu descobrir de que cidade
se tratava. De nada lhe valeu um nome tão precioso como é o de Luz... Digamos nós
aqui, sem rebuços, o prodigioso nome dessa cidade: Shamballah. É essa a oitava cidade subterrânea que, conjuntamente com as outras
sete, e ela subordinada, forma o tão debatido e, por isso mesmo, pouco
conhecido reino de Agarta”.
Em face
da famosa sentença hermética - que nos ensina “o que está em cima é igual ao
que está em baixo” e, portanto, o nosso globo reproduzir em baixo o que se acha
no alto, tal como o homem que é do Macrocosmo o Microcosmo – pôde o autor
citado lembrar-nos o que é bem conhecido de todos quantos possuem profundas conhecimentos, da Ciência Oculta.
Situa-se
Luz na extremidade inferior da coluna vertebral. Tal fato, parecendo bastante
estranho, esclarece o que nos afirma a tradição Hindu, a qual localiza nesse lugar
a força denominada Kundalini que é uma forma Shakti considerada como imanente do
ser humano.
Ao
próprio seio da Terra se denomina “Laboratório do Espirito Santos, por ser o lugar
onde vive em atividade o Fogo Cósmico que tanto vale por Kundalini. É ainda
esta a razão por que se dá a tal região o nome de “omphalo” ou umbigo,
seio, útero, etc.. da Terra. A força Kundalini, achando-se “na extremidade
inferior da coluna vertebral” ou COCCIX, do homem, está em
relação com o chacra ou centro da força Muladhara (“chacra raiz”, como
sede dos demais), o qual possui 4 pétalas ou, melhor, é dividido em forma de
cruz na mesma razão da terceira emanação divina ou Espirito Santo.
O mesmo
René Guenón que, embora valioso cabalista, não conhecia certas
subtileza iniciáticas, nos diz, à página 103 do livro que estamos
transcrevendo e comentando alguns trechos:
“Existem ainda outros símbolos que, nas
antigas tradições, representam o Centro do Mundo. Um dos mais preciosos é o de Omphalos,
que se encontra em quase todos os povos. “Omphalo" é uma palavra
grega que, significa “umbigo”, serve também para designar tudo quanto é central
como, por exemplo, o eixo de uma roda (a campânula dum chacra, etc. dizemos nós). Em sânscrito a palavra nabhi possui
igualmente esses diferentes sentidos, e mesmo nas línguas célticas e
germânicas, derivadas da mesma raiz, ela é encontrada sob as formas: nab e
nav, Em gaulês, os termos nav e naf,
evidentemente semelhantes aos anteriores,
possuem o sentido de “chave” (donde o tradicional termo dizemos nós) de “Chave
de Pushkara”, “Chave de Shamballah”, etc.,
como termos simbólicos dos que têm direito a
dar entrada em qualquer das cidades agarthinas.
Dessa tradição originou-se o “Abre-te, Sésamo” de Ali-Babá e os
40 ladrões que, diga-se de passagem, não são 40 e sim 49 são os filhos de
Fohat, e, 49, os fogos de Kundalini...) que se aplica ao
próprio Deus. É, pois, a idéia de Principio Central que aí se acha expressa.
Por nossa
vez, chamamos a atenção do leitor para quanto dizemos em outros lugares sobre
as palavras “nave, barca”, etc., estreitamente ligados ao mesmo simbolismo. De
fato, naf, nav, e nave são bem idênticos
entre si. Donde, arca, barca ou Agarta.
Para
concluir:
“Testemunho
concorde com todas essas tradições, diz ainda René Guenón, é a afirmação de
existir uma “Terra Santa”, protótipo, por excelência, de todas as outras “Terras
Santas”, centro espiritual ao qual todos os outros centros (Semi-deuses,
mahatmas ou Jinas dita” é também a “Terra dos Santos” (Semi-deuses, mahatmas ou
Jinas dizemos nós), a “Terra dos Bem-aventurados”, a “Terra dos Vivos”, a
“Terra da Imortalidade”; expressões equivalentes e às quais se pode juntar
ainda a de “Terra Pura” que Platão denomina, precisamente, a “Região dos
Bem-aventurados".
Para
nós, como já dissemos; esse centro espiritual – dêem-lhe
o nome que quiserem, embora o continuemos a denominá-lo tanto de Agarta como de
Shamballah – acha-se situado no centro da Terra. Nele só entram os que se
tenham destacado da humanidade vulgar pela aquisição dos mais elevados
princípios e descoberto a estreita vereda que lhe dá acesso, lhes não faleça o
ânimo para a percorrer com passo seguro.
Sua
representação na superfície da terra encontra-se atualmente no Brasil, a nova
Canãa ou Terra da Promissão para todos os povos que como tal a considerarem.
Fora disso, ilusão, mentira, erro, engano fatal cujas conseqüências se hão de
manifestar, cedo ou tarde, na vida de todos quantos dessa verdade se não
convencerem.
“Rari nantes in gurgite vasto...” (Raros náufragos nadando no
vasto oceano).