O MISTERIO DO SANTO GRAAL

LORENZO PAOLO DOMICIANI

 

Como se sabe, o Mistério do Santo Graal está ligado à Tragédia do Gólgota. Dizem as tradições – principalmente as que figuram em lugares que o mundo profano ignora, digamos sem rebuços, “nas Bibliotecas do Mundo de Duat” - que Nicodemus e José de Arimatéia, a pedido do MESTRE (dias antes da Tragédia), recolheram em um vaso o sangue vertido da sua chaga, aberta pela LANÇA DE LONGUINHO, levando-o, depois, para Lugar “desconhecido” 10 .

 

Antes de fazermos os comentários que essa misteriosa passagem da Vida do Cristo encerra, devemos dar o verdadeiro sentido do termo “Longuinho ou Longino”. Por mais absurda que pareça a sua verdadeira origem, semelhante termo provêm do de “Lança”, justamente por se tratar de um objeto longo, comprido, etc. Em latim, lancia, em grego LANKÉ, e em outras línguas, mais antigas, LONG-KÉ. No Tibete se dá o nome de LONG-PAS aos “lamas voadores”, ou que fazem o papel de “correio” – a bem dizer, “mensageiros aéreos” – entre a capital tibetana (Lhassa) e a da Mongólia exterior (Urga), atravessando todo o Deserto de Gobi que, em tempos remotíssimos, não foi mais do que um grande mar, como prova toda a sua extensão de areia com vestígios calcários (conchas, etc.) que confirmam a nossa hipótese.

 

Longuinho ou Longino que era, por sua vez, longo, comprido, é o tipo do “longelíneo ou simpatico-tônico da Medicina, do mesmo modo que brevelineo é o do vago-tônico, muito bem representados no D. QUIXOTE, de Cervantes, nos seus dois principais Personagens, D. Quixote e Sancho-Pança. O primeiro era o excitado que tomava “moinhos de vento por gigantes, e rebanhos de ovelhas por exércitos; o segundo era o calmo, que chamava a atenção de seu amo para as fantasias da sua mente. Com outros palavras, representavam o Mental Inferior e o Mental Superior (ou Consciência), como se diria em boa Teosofia.

 

9 Vide, em o número anterior desta revista, à pág. 3,. a opinião do jornalista Dr. Enoch Lins, do Gabinete do Ministro da Justiça, a respeito de nossa Sexta Convenção Pela Frente Única Espiritualista.

10 De qualquer maneira, Longuinho teve o papel cármico (de Carma, ou Lei de Causa e Efeito) de abrir uma chega no peito do Cristo, sem o que sua Missão – que durou apenas 3 anos (dos 30 aos 33 anos de Idade) – não poderia ter a repercussão, digamos, secreta, exigida por esse grande Iniciado (que foi o último dos Bodhisattvas da série do ciclo de Piscis), e não teria durado até o ano de 1949, fato este que só conhecem os membros mais adiantados de nossas fileiras...

 

O referido termo tibetano, Long-pas, faz lembrar o francês “long pas”, ou “passos longos, compridos, rápidos que, no caso vertente seria bem empregado para os referidos LAMAS (lama, lamaismo; Lhassa, etc., provêm do termo LHA que quer dizer “Espirito)”).

 

Em verdade, os mesmos viajam numa velocidade extraordinária, além do mais, porque assim o fazem quase sem tocar no solo, muitas vezes, com três e mais palmos de altura.

Chame-se ao fenômeno de levitação, como se tem constatado algumas vezes na História

do Espiritualismo, assim como em nossa própria Obra, na presença de perto de cem pessoas. Para os tibetanos, o termo Long ou Lung-pas, como se viu, quer dizer: “voadores”. Nesse mesmo País, o termo “lama” se aplica à quase todas as profissões, a começar pelos “coveiros”, ou sejam os incumbidos de reduzir a pedaços os cadáveres que devem ser, depois, atirados aos corvos e outros animais 11 .

 

Acontece, porém, que ninguém deve confundir – por exemplo – um “lama vulgar” com um “Lama perfeito”, no Tibete, mais conhecido por “Nadjorpa”, do mesmo modo que, na Índia, um simples faquir (Fakir) COM um Iogui, que é um verdadeiro Adepto (não nos referimos às outras Hierarquias em função na Terra, e sim, aos homens que se tornaram dessa Categoria, à custa de esforços próprios, mas, de qualquer modo, auxiliados por Aqueles). Dai se chamar os Adeptos de “Homens Perfeito”. Um mago negro possui poderes psíquicos, do mesmo modo que, senhor de certa mentalidade ou inteligência, ou principio cama-manásico (mental inferior, etc.). Os poderes psíquicos eram o dom ou estado de consciência de terceira raça-mãe (lemuriana). No entanto, os que nada conhecem a respeito, só fazem questão de adquirir poderes psíquicos, inclusive ocultistas e outros mais... que, ainda por cima se orgulham de semelhantes poderes. Estamos em plena raça ariana, na qual está em desenvolvimento o Mental superior, embora que, em franca decadência no final do ciclo de Piscis, para o alvorecer do ciclo de Aquários, ou da aparição (manifestação) de um Novo Avatara.

 

E citamos os Seres de outras Hierarquias, como Guias da Humanidade, porque são os únicos, com conhecimento de Causa que podem fazer uso dos referidos poderes.

 

Assim aconteceu a Blavatsky, por exemplo, que começou a sua missão na Terra com o Clube dos Milagres, o que foi bastante criticado por aqueles que ignoram o papel de um verdadeiro Guia da Humanidade. Assim aconteceu com o próprio Jesus (Jeoshua Bem Pandira, em língua aramaica, ou Jesus, Iess, Iss, etc. “o filho do homem”. Is, lesse também quer dizer: Peixe, ou o ciclo zodiacal em que o mesmo se manifestou na Terra).

 

A primeira parte da vida de Jesus foi francamente fenomênica, enquanto a segunda, do poder da Inteligência. Haja vista as suas prédicas públicas, inclusive o “Sermão da Montanha”, por sinal que idêntica essa mesma função da sua vida, com a de Gotama, o Buda. Mesmo porque, Gotama, o Buda, está para o Oriente, como Jesus, o Cristo, para o Ocidente. Na mesma razão o será com Aquele que já se acha em caminho...

 

Com outras palavras, Aqueles que precedem a todos os avataras (inclusive Estes) – mesmo porque é daqueles que os mesmos surgem, na razão do termo “Bija dos avataras” – podem fazer (bom que se saiba) tudo quanto fôr de conveniência à sua Missão. Dai o se dizer que, “o Manú é Senhor de Vida e de Morte de seu povo”.

 

São os Portadores do Verbo Divino (que inclui o termo “Anjo da Palavra”, Deva-Vani, em sânscrito, ou “Voz Divina” etc.).

Voltando aos “lamas voadores”, tal poder, embora que hereditário, exige alguns anos de forçados exercícios: Um deles é o de se colocar num lugar acima do solo, uns 3 ou 4 palmos, e dai se atirar usando apenas dos joelhos, pois que, o resto do corpo não deve tocar no solo...

 

11 Em Bombaim ainda se usa, até hoje, colocar os cadáveres nos cemitérios, em mesas de pedra, para os corvos devorarem. A cremação usada em outros lugares, é muito mais lógica, seja do ponto de vista higiênico, seja no esotérico, pois é a maneira mais rápida de destruir “o duplo etérico”...

 

Quando já senhores de semelhante poder, escolhem uma estrela (já se vê, que outro anterior não a tenha escolhido, como se fora uma faixa hertziana, qual acontece com as estações de rádio). E para ela olham enquanto viajam, recitando um mantram (dharani) ou Hino. Quando tais viagens são feitas durante o dia, eles procuram ver a sua estrela, imaginariamente. Entendido está que ninguém lhes deve dirigir a palavra, quando eles passam. E a prova é que as caravanas param e seus componentes, em sinal de respeito, ao chão se prostram de joelhos... O fato é que se os mesmos falassem (cousa impossível) viriam ter ao solo. O que indica a prática da Pranayama (ou da retenção do ar nos pulmões). Falar, como se vê, obrigaria a respirar e o fenômeno desapareceria.

 

Quanto à sublime passagem do Novo Testamento, cujos comentários nos obrigam à grandes dissertações, Longuinho ou Longino não adquiriu, como se pensa, a visão física, pois que a sua cegueira era apenas espiritual. A luz que saiu da chaga aberta por ele, com a sua lança, tornou-o um Iluminado. E daí, o seu sincero arrependimento, ao ver o crime que havia praticado. De qualquer modo, “estava o fato premeditado ou prognosticado”, pois, como foi dito anteriormente, a Missão do Cristo não seria prolongada por tanto tempo.

 

Tal passagem bíblica é quase idêntica a de Saulo, no Caminho de Damasco, que também adquiriu a visão espiritual, como todos o sabem.

 

 “Por haver Soado a Hora”, ou melhor, apelos tempos haverem chegado, divulgaremos quais as providências que a própria Lei exigiu para que o ciclo de Cristo fosse assim prolongado:

 

O recipiente, onde José de Arimatéia e Nicodemus colheram o sangue do Cristo, com aquele vinagre da má interpretação dessa mesma passagem (ou ácido acético), capaz de conservar o sangue intacto, ao menos até ser vertido para um CÁLICE, repetimos, foi levado para o SANCTUM-SANCTORUM da Mãe Terra. Sim, para aquele excelso Lugar que as várias lendas dão um nome que define “a região habitada pelos Deuses”. SHAMBALLAH, no Oriente é idêntico ao Wahallah das lendas escandinavas. E não significa outra cousa senão Vale de Allah, mas, no plural, ou seja: Vale, região, etc.

dos Deuses...

 

No ano 900 de nossa era, tal Cálice veio para a face da Terra, ou seja: para certo Templo tibetano encoberto à visão física, por sinal que até hoje existente ventre os 45 a 504 de latitude norte, a oeste do Tibete” ... Mas, uma grande Tragédia aí se deu em 985, ou 85 anos depois do fato... atingindo, não só o referido Templo como os SETE MOSTEIROS (preste-se atenção ao número... ) que O cercavam 12 .

 

Depois de tão doloroso acontecimento, o fenômeno da manutenção do Mistério do Cálice, ou antes, do sangue de Cristo, passou por uma transformação mais objetiva (para os que conhecem tal Mistério, e não propriamente para o mundo profano): o Cálice continuou (como primeiro, mas em verdade, o Oitavo entre os sete, por ser a Origem daqueles... ) no mesmo Lugar onde estava no começo (no Sanctum-Sanctorum da Mãe Terra, sacrário maior do que aquele onde até hoje a Igreja coloca a Custódia com a Hóstia ou Corpo do mesmo Cristo, trazendo as iniciais JHS.. . ).

 

12 Quando H. P. Blavatsky, na sua Doutrina Secreta, fala nas tradições de certas regiões do Tibete, isto é, “na esperança do Trachi-Lama”, não sabia, entretanto, a que se referia semelhante “esperança”. Hoje podemos afirmar que essa tradição se refere justamente à supracitada “tragédia”, isto é, na redenção formal “daqueles” que, para a mesma “tragédia”, concorreram.

Convém, entretanto, dizer que o verdadeiro Trachi-Lama não era aquele que “vivia” no retiro privado de Tjigad-jé, mas sim, o grande Ser que tinha. o nome de Rimpot-ché. O outro era o que se chama, nas tradições esotéricas do mesmo País, TULKU (uma espécie de “sósia”, mas, em verdade, um reflexo Psico-mental do verdadeiro, na face da Terra). Um Ser elevado possui um grupo formado de cinco tulkus. E é a razão pela qual, por exemplo, o erroneamente chamado de “Mahatma Kut-Humi” dizer que “possui acima dele um outro Ser de maior hierarquia”. Rimpot-ché foi o mesmo que, na presença de 80.000 pessoas, sumiu na imagem de Maitréia, como se quisesse dizer que “o fim do Oriente havia chegado”. Era como se Ele – com aquele fenômeno – se despedisse do povo tibetano, porque Ele mesmo teria que se passar para o Ocidente, onde o BUDA BRANCO se manifestaria.

No mosteiro de Chigat-sé, à leste do de Tjigad-sé, existe uma galeria de 8 Budas, onde o oitavo tem a tez branca. E por trás dele, como ornamento, figura uma ferradura de ouro cravejada de pedras preciosas. Trata-se de Maitréia ou do KALKI-AVATARA, com seu significado de “Cavalo Branco”. Razão pela qual em 1921, no alto de uma Montanha, em S. Lourenço, o mesmo se manifesta aos Dois “Deva-pis” anunciados no Vishu-Purana, ou sejam os Dirigentes da Missão Y, em que se encontra empenhada a S.T.B. Erram, pois, os que esperam o novo Avatara vindo do Oriente.

 

E sete Templos na face da Terra ficaram montando guarda ao Mistério, como seu reflexo entre os homens... Em cada um deles havia um Cálice ou Taça, como foi dito, onde se refletia o Oitavo ou Verdadeiro. Para não citar todos os nomes desses Templos, no Ocidente, pois que antes já o mistério se revelara no Oriente, apontaremos apenas um que é “a Basílica do Precioso Sangue", em Bruges, na Bélgica. Dizem as tradições cristãs, que “todas as Sextas-feiras santas, de tal Cálice caía uma gota de sangue no altar da referida Basílica” ... que, de passagem dizemos, “foi fundada pelos Irmãos Martim Lem, onde existem ainda suas duas teIas, por sinal que móveis, pois, era no esconderijo existente por trás das mesmas, que ficava o cálice daquela época. São aparentados com os Irmãos Martim Lem, no Brasil, os da família Paes Leme, do mesmo modo que o foi, o Cardeal D.

Sebastião Leme”... 13

 

Revendo-se o Apocalipse de S. João se encontrará O mistério das sete Igrejas guardadas por sete anjos, ou seja, um para cada uma delas. E aos quais Jesus ordenava que se lhes escrevesse. A mesma Igreja possui um candelabro de sete velas, nos seus altares, como alegoria a tais Anjos, melhor dito, Arcanjos, ou Dhyan-Choans. Em outras tradições, esse candelabro passa a ter o nome de LUZEIRO celeste.

 

Finalmente, o chamado MISTÉRIO DO GRAAL (que não tem as interpretações errôneas que se lhe tem dado até hoje, inclusive por instituições que se dizem suas detentoras) acaba por chegar ao mesmo Lugar onde chegou a Mônada, “pelo Itinerário de IO” (ou de Ísis, do qual já se tem falado inúmeras vezes nesta revista, inclusive, citando o Prometeu encadeado de Ésquilo). Itinerário este, ainda, que faz jus ao termo IOKANAN do arauto ou anunciador do Cristo, cujo verdadeiro significado é: Io-Canaan, ou seja, aquele que, pelo referido Itinerário, conduz um povo, um clã, etc., à “Terra Prometida”.

 

Sim, tal Mistério vem ter aos 23º de latitude Sul, no Trópico de Capricórnio que, como temos dito inúmeras vezes, abrange toda a faixa que compreende Niterói, Rio de Janeiro, S. Paulo e S. Lourenço. No “Horto Florestal” de S. Paulo, foi erguido um Monumento dedicado ao referido Trópico, justamente por passar em semelhante Lugar 14 .

 

Eis ai, pois, o Mistério do Graal revelado com a clareza que o ciclo exige, e, por que não dizer, “sem temores nem restrições de nenhuma espécie”, porque a Lei, que a tudo e a todos rege nos deu semelhante direito.

 

Assim, vemos o Templo da S.T.B., como oitavo, em S. Lourenço (Lugar ou Montanha onde nossa Obra foi fundada espiritualmente), e sete Templos (não ainda construídos) em seu redor, ou seja, nas sete cidades seguintes: AYURUOCA, palavra tupi, com o significado de “caverna da Luz” (idêntico a AJUR-LOKA, em sânscrito, com o mesmo significado, ou seja: a caverna iluminada pelo Sol... ), Conceição do Rio Verde, S. Tomé das Letras, Maria da Fé, Silvestre Ferraz, Pouso Alto e Itanhandu. Lugares estes que diversos membros da S.T.B. já vêm escolhendo para suas futuras residências, enquanto os mais antigos já residindo, uma grande parte, na mesma S. Lourenço.

 

Nas lendas de LOHENGRIN e do Rei Artus são encontradas belíssimas passagens que merecem ser aqui apontadas: Lohengrin, por exemplo, com o significado de LOHAN-GRIN ou Jina, é equivalente a Arcanjo ou Dhyan-Choan. O termo Choan, só por si, revela o grande mistério, por proceder de outros mais claros como, por exemplo, o SWEEN inglês, equivalente a CISNE. Lohengrin, quando aparece na CORTE do Pai de Elsa (vide enredo na própria ópera de Wagner, desse nome) vinha num barquinho puxado por um cisne.

 

13 No próximo número desta revista publicaremos O MISTÉRIO DO CÁLICE, inclusive aqueles quatro da Vida de Gotama, o Buda. A seguir publicaremos também (como versão do Dirigente da Missão Y, Prof. H. J. Souza), a Vida de Amenophis IV ou Kunaton, a Verdadeira Vida de Paganini, a Múmia de Katsbeth, etc.

14 Certa vez, os Dirigentes da Missão Y, tendo sido fotografados no referido lugar, quando revelado o filme, constatou-se o mais assombroso de todos os fenômenos que um dia chegará ao conhecimento de nossos leitores.

 

E ele mesmo trazia no seu capacete, duas asas de cisne. Mas, depois de ter ele tomado por esposa a princesa Elsa, esta, insinuada pela feiticeira Ortruda, “suplica a Lohengrin que lhe dê seu verdadeiro nome e o Pais da sua origem. Ele relutou em o fazer, mas Elsa tanto lhe pediu que ele reuniu toda a corte, na presença do rei, para revelar ambas as cousas, mas, fazendo ciente que, “sendo semelhante revelação proibida pelas regras da sua comunidade, ele era obrigado a partir depois para o seu País”. E assim o fez, depois de dizer que «seu nome era Lohengrin, e de seu Pai, Parsifal (Parsi, o sacerdote e fal, val, hall, etc., vale, região, lugar, etc., ou seja: “a região sagrada, o mesmo Vale dos Deuses, como significam Shamballah e Wahallah, segundo foi dito anteriormente). Mas, também fez ciente que, “DOZE CAVALEIROS ou Goros (nome que se dá aos sacerdotes do Rei do Mundo, mais conhecido como Melquisedeque, ou antes, Melki-Tsedek, rei de Salem, a cidade da Luz, etc.) tomavam conta do GRAAL (o cálice contendo o sangue do Cristo). E que modos os anos uma Pomba de alvura imaculada descia do céu para renovar o Mistério”. Pomba esta que também se revela na hora da sua partida, e que toma o lugar do cisne, porque neste a feiticeira Ortruda havia transformado o irmão de Elsa, que neste momento voltou à sua categoria humana. Enquanto Lohengrin vinha da Ilha de Avalon (Ava, o mesmo que avô, antepassados, jinas, chohans, jenios, etc. Na língua tupi, que possui inúmeros vocábulos idênticos ao sânscrito, Ava é parente, avô, antepassado, etc.; LON, raiz do próprio termo LOHAN ou Choan, como foi ensinado anteriormente), o “Rei Artus” vinha do Monte Salvat, cujo significado é mais do que claro: Monte da Salvação. ARTUS, nome que se dava ao referido Rei cercado de seus Doze Cavaleiros (os Cavaleiros da Tavola Redonda), anagramaticamente, é SUTRA que, em sânscrito, significa: “o fio de Ouro que liga o Mental Superior ao Mental Divino ou Consciência Universal”.

 

Em todas as tradições – tanto do Oriente como do Ocidente – aparece sempre uma “Montanha Sagrada”. Haja vista o “Monte Meru que foi o primeiro continente aparecido, ou seja, no Polo Norte, também chamado de «continente hiperbóreo”. Aí se instalaram os Pitris (ou Pais, antepassados, etc.) lunares (em sânscrito, Bharishads) e que formaram os châyas (duplos etéricos) da futura Humanidade, vindo a seguir os Pitris solares (em sânscrito, Agnisvattas, também chamados de “filhos (svattas) do Fogo (ou Agni). Em latim Agnus (o mesmo que Agni) é Cordeiro. Donde a conhecida expressão: Agnus Dei qui, tollis peccata mundi, isto é, Cordeiro de Deus que tirastes os pecados do Mundo.

 

Formaram, os Pitris Agnisvattas, o corpo astral ligado nos primeiros vestígios físicos do homem. Na terceira raça é quando surgem os Rumaras, dos quais “pelo poder de Kryia-Shakti”, nasceram os Manasaputras (ou “filhos do mental”). Desde esse momento, a Humanidade começou a ser digna desse nome, por se apresentar, justamente, em corpo físico. E já então, depois de andróginos, começam a surgir separados em sexo. O mesmo Dr. Marañon, reconhece que “as primeiras raças foram andróginas”.

 

Essas duas raças-mães, como a primeira, instalaram-se em certas regiões do Globo terrestre, eram relacionadas com determinadas “montanhas”.

 

Em plena raça ária, que é aquela da qual fazemos parte, na sua 5a sub-raça, interregno do ciclo de Piscis para o de Aquários, diversas «montanhas sagradas” aparecem, dentre elas, o Monte Sinai, onde Moisés teve ocasião de “contemplar a Luz face à face” e, consequentemente, dali voltar um iluminado. Mesmo fato acontecendo a Jesus que, depois de voltar do Monte Moria, onde se achava a Fraternidade ou Colégio dos essênios, ou da seita NAZAR (donde se chamar de Nazareno, e não por ter nascido em Nazaré, outra interpretação errônea, ou da “letra que mata ao invés do espírito que vivifica”, deu inicio à sua Missão. E é a razão pela qual a própria Igreja ignora onde o mesmo esteve dos 13 aos 30 anos, pois, como se sabe, “aos 13 anos discutia Ele no Templo com os doutores. E depois desaparece para só aparecer aos 30”. Tais Iniciados usavam os cabelos à altura dos ombros. Daí “cabelo a nazareno”, que se usa até hoje.

NAZAR ou RAZAN, anagramaticamente, em certas línguas, significa cortar. Em inglês, rasor é navalha. Em francês, rasor é cortar, etc. etc. Finalmente, a própria Montanha onde

é crucificado Jesus... tinha o nome de Monte Gólgota. E, finalmente, como já foi dito em outros lugares, a Montanha Sagrada onde foi fundada espiritualmente a nossa Obra, ou seja em S. Lourenço, Montanha que as tradições do Líbano, por exemplo, davam como existente muito além da de Machu-Pichu (outra Montanha no Peru, e com um sentido diferente do que lhe dão, por ter sido deturpada na sua origem, isto é, como Manus-Piscis, ou seja, Manu-Peixe, etc.), e que servia de Habitação a Helios e Selene, os Gêmeos espirituais, etc.), recebe o nome, ao mesmo tempo ocidental e oriental:

 

LOURENÇO (do lugar) e Prabasha-Dharma (do Manu do presente ciclo). Nesse caso, nome que dignifica as 3 misteriosas letras L P D, que já vêm da Atlântida, e da qual já temos falado inúmeras vezes em vários de nossos estudos, inclusive em O LUZEIRO, e nesta mesma revista.

 

Finalmente, as lendas de LOHENGRIN, do Rei Artus e seus Doze Cavaleiros e outras mais, têm o seguinte significado: O Sol, além de estar centralizado em nosso Sistema planetário, com seus sete astros ou planetas em redor, tem que passar anualmente pelas Doze casas do Zodíaco. Jesus era, pois, o sol espiritual, tendo doze apóstolos, cada um deles um signo zodiacal, sem falar nos sete planetas, sob cuja órbita todos eles nasceram. Como se sabe, cada planeta possui dois signos, menos Sol e Lua, que .possuem um só cada ura deles. E isto, pelo fato de existirem dois signos secretos, que ao próprio Jesus dizia respeito. Alguns incluem Uranus e Neptimus para esses dois signos, afim de formarem o número Quatorze que seria, então, o número dos avataras, na razão dos “Quatorze pedaços de Osíris” e outras coisas mais...

 

Por sua vez, como um guerreiro, Carlos Magno chefiava os Doze Pares de França.

E, estribadas nessas duas categorias (messiânica ou Jina, e guerreira ou Kshattrya, como

as duas castas principais na Índia... ), foram criadas as Ordens secretas, chamemos de Cavalaria e Religiosa, ou Messiânica, andante, etc.

 

A nossa Ordem (ou do Santo Graal), entretanto, por servir de síntese à todas as tradições passadas, e como símbolo do futuro avatara, e, consequentemente, "a nova raça, a nova Civilização, etc., possui DOZE GOROS, DEZ. CAVALEIROS e DEZ ARQUEIROS, ao todo 32 Figuras, do mesmo modo que aquele Sol de 32 Raios que se vê por trás dos antigos crucifixos do Cristianismo. Nas tradições orientais, são “os 32 Portais de Sabedoria que, além do mais, estão simbolizados nos dentes, que guarnecem a Boca, como “Órgão da Palavra ou Verbo”. A letra e arcano II do Taro, é BETH. E tem o seguinte significado: Boca, Santuário, etc.

 

Muitos, querendo negar a vida de Jesus, dizem “que a mesma não passa de um mito solar, ou seja, o mesmo de Mitra (não esquecer que tal termo inclui os de Mitra-Deva, Maltri, Maitréia, etc., das tradições orientais, e todos Eles representam os diversos ava- taras... ). Mas precisavam ser verdadeiros Iniciados para compreenderem, por exemplo, que o número cabalístico “608”, que possui o Cristo, é idêntico ao ciclo solar ou número de dias que formam esse mesmo ciclo. É cuja soma é quatorze, como aqueles “Pedaços de Osíris” ou avataras, do mesmo modo que, dos doze signos zodiacais conhecidos e os dois ocultos...

 

Dois Cavaleiros da ORDEM DO SANTO GRAAL montem guarda ao CÁLICE DE OURO

que contém o excelso Mistério de um ciclo que termina (Piscis), para outro que se aproxima (Aquários).

 

Nas tradições vedantinas, “SURYA é o sol místico, possuidor de sete raios, cujo último é Svaraj. Eis a razão pela qual o Hino da S.T.B. é escrito em Si, como sétima ou última nota da gama musical. Por isso é ela também chamada (além de Missão Y), Missão dos Sete Raios de Luz. Em outras tradições, também do Oriente, WISVAKARMAN (o Sol Místico com a sua coroa de 32 espinhos, ou raios, e de cuja tradição o próprio Mártir do Calvário passou por essa iniciação antes de morrer: “a coroa de espinhos, a cana por cetro e a capa encarnada de MÁRTIR... e MARTE”) emite uma oitava parte de seus raios à Terra, nos ciclos de necessidade, que outros não são, senão os ciclos avatáricos, ou quando a Centelha Divina (vinda do Sol, como oitavo para os sete que lhe ficam em volta) se manifestar na Terra 15 .

 

E, como tais manifestações se dêem num interregno de um ramo racial para outro, como OITAVO (uma Ronda possui 7 Raças-Mães e respectivas Sub-Raças, Ramos e Famílias. Nesse caso, um 8o ramo tem o nome de interregno ou ponte, digamos assim, “que separa um ciclo de outro”), vemos aí, justamente, uma hora avatárica ou da manifestação da Essência Divina, também chamada de “Espirito de Verdade” 16 . Jesus foi o último avatara do ciclo de Piscis, como prova ter Ele traçado no chão um Peixe, quando lhe apresentaram a mulher adultera, e não que fosse Ele pescador, como erroneamente se diz... O ciclo imediato é o de Aquário, ao qual foi dedicado o nosso Templo. Nas tradições orientais, seu nome secreto (já agora, ou de há muito revelado ao mundo profano), é APAVANA-DEVA, isto é, “Avatara aquático”. Outros o chamam de Mitra-Deva, mas... longe de saberem a que espécie de avatara tal nome pertence. Na mesma razão, o de Maitréia, que, em verdade pertence ao último avatara ou síntese dos demais... MITRA, Maitri, etc., não querem dizer apenas, “compaixão, compassivo”, como julgam alguns, inclusive o grande sanscritista Burnouf, no seu magnifico dicionário daquela língua, mas, desdobrando-se nos termos Mai e tri, encontramos o seguinte significado: Mai, proveniente de Maya, é a ilusão; e tri, de três, bem semelhante em nosso idioma. Nesse caro, Maitréia é o Senhor das Três Mayas, das Três Ilusões, das três Gunas (ou qualidades de matéria), mas, em verdade, dos Três Mundos: o Divino, o Intermediário (como segundo Logos, Trono, etc.) e o Terceiro que é a própria Terra...

 

15 O simbolismo de Cronos ou Saturno, trazendo “uma ampulheta de contar o Tempo”, não significa outra cousa senão a medida, dos

cicios e respectivos Avataras.

16 Vide o Bhagavad-Gita, quando Krishna promete a Arjuna a sua nova volta, com estas palavras: “Todas as vezes, ó filho de Bhárata,

que Dharma (a Lei Justa) declina e Adhar-ma (o contrário, como agora acontece) se levanta, Eu me manifesto para salvação dos bons

e destruição dos maus. Para restabelecimento da Lei, Eu nasço em cada Yuga (idade, ciclo, etc.). O que se pode chamar de

Julgamento de todo um ciclo e, não, o Final... como julgam muitos.

 

E, desse modo, os ilustres e queridos leitores de DHÂRANÂ vão sabendo, cada vez mais, o quanto de excelso possui a Missão em que a S.T.B. está empenhada, pois que – por força de Lei – o velário que encobria todos os seus Mistérios, vai aos poucos se abrindo aos olhos dos sedentos de Luz.

 

Res, non verba!

 

Reviista Dhâranâ

Dhâranâ nº 2 – Maio – Junho 1954 – Ano XXIX

Redator: Paulo Machado Albernaz