MOVIMENTOS OCULTOS DOS ÚLTIMOS SÉCULOS
Por L. P. Domiciani
“Todas as vezes, ó
filho de Bharata! que Dharma
(a lei justa) declina e Adharma (o contrário) se
levanta, Eu me manifesto para salvação
dos bons e destruição dos maus. Para restabelecimento da Lei, Eu nasço
Além
dos grandes ciclos bramânicos, existem outros menores, inclusive os de cinquenta anos, chamados nos Colégios iniciáticos
do velho Egito, de “o florescer dos Lotos nos lagos sagrados”...
Correm
as lendas que ao ter lugar semelhante fenômeno “um Ego mais ou menos elevado se
manifesta na Terra, como portador de missão especial entre os homens”. Ou
então: “que ao começar cada curto período, somos afetados por um movimento
tendente a levantar um ante-mural contra a vaga do
imperialismo imperante”; o que tanto vale, por se encontrarem os homens
afastados da “Lei justa” ou Dharma.
No
século XIV, por exemplo, constata-se o trabalho grandioso de Christian-Rosenkreutz, fundador da Rosacruz
na Alemanha 1.
No século XV, a Renascença
e as grandes invenções. A Descoberta
da América por Cristóvão Colombo 2.
No
século XVI, a Restauração; as obras de Robert Bayle e
a fundação da “Real Sociedade de Ciências de Inglaterra”. A Descoberta do
Brasil, por Pedro Álvares Cabral, fato este que tendo lugar a 21 de Abril de
1500, é como se disséssemos que se deu no começo de um ciclo maior que os
anteriores, embora que complementar ao trabalho de Colombo, que finalizava um outro, oito anos antes3.
No
século XVII, o Ocultismo da Renascença e as grandes invenções. A Revolução de Olivier Cromwell, na Inglaterra.
No
século XVIII, a Revolução Francesa e a misteriosa trajetória dos Condes de Cagliostro e São Germano, de cujos personagens muito se fala... mas pouco se sabe...4.
No século XIX, o
aparecimento da heróica princesa russa e famosa ocultista chamada Helena Petrovna Hann Fadeef
de Blavatsky, trazendo para o Ocidente o Facho
sagrado da Doutrina Secreta (por outro nome, Teosofia), como o desfolhar de uma
nova página na História,
1 Antes de H. P. B., o verdadeiro
fundador do Espiritualismo, foi Christian Rosenkreutz,
portador de toda Ciência esotérica dos sábios árabes, por sua vez, herdeiros da
cultura de Alexandria. Rosenkreutz criou, com outros
“Doze Mestres” (cópia fiel do “Rei ARTUS”, palavra que lida às avessas, é Sûtra ou Sutratma,
como “Fio de Oiro”, ou antes, “o fio que liga o Eu à Mônada e ao Segundo Logos”. E como diz a lenda, Aquele se
achava no centro da Távola Redonda, cercado pelos
Doze Cavaleiros, que outros não são, senão, os “Doze Signos Zodiacais”) fundou
a célebre Instituição da ROSA-CRUZ. Cada um desses Doze Mestres tinha, do mesmo
modo, um discípulo adequado, apto a perpetuar a respectiva Ciência do Mestre.
Dizem que, Rosenkreutz
reencarnou
Um amigo e discípulo, por sua vez, de Saint-Germain, foi o austríaco Zimsky,
conhecido também por “o irmão José”, havendo quem afirme (?) ter sido a
anterior encarnação de H. P. B.
Saint-Germain e Zimsky, trabalharam juntos no século XVIII, fundando muitas
Sociedades Secretas, algumas delas de caráter maçônico e nas quais eram
admitidos, indistintamente, homens e mulheres. As referidas Lojas e outras mais, fizeram quanto lhes foi possível para estender o Ideal da
Fraternidade entre os povos, porém o mundo não estava ainda preparado para
semelhante movimento. Este ensaio teve, sim, êxito na América, que estava em
melhores condições de recebê-lo, com a instauração e independência da grande
república (logo seguida de semelhante movimento na do Sul, inclusive, no
Brasil), enquanto fracassava, aparentemente, na Revolução Francesa, porquanto,
a semente germinou desde aquele movimento... com a
“Destruição da Bastilha”). Podemos mesmo afiançar que Saint-Germain
e Cagliostro não foram alheios a tal movimento e,
até, que se completavam para a sua auspiciosa Realização, à parte as idéias que
o vulgo ou profano queira fazer dos termos “Bem e Mal”
e todos os opostos que em casos tais, como em tudo na vida, é forçoso a se
manifestar.
E quanto a H. P. B. ter sido (como afirmam alguns) em
sua encarnação anterior, “O Irmão José”, é semelhante àquela outra de que, logo
se desencarnou “passou-se para o corpo de um marinheiro” e a seguir, para o de
uma menina, etc... afirmativas
essas que têm sua origem na mesma das “Últimas encarnações de Alcione”, isto é,
na “sesquipedal clarividência” do famoso autor (hoje
desencarnado) dessa nova Tragédia do Gólgota, que
acabou em verdadeira comédia, com a dissolução da Ordem da Estrela, pelo
próprio protagonista: o Novo Messias, mas o próprio “Jesus-Cristo”,
como o afirmou a Sra. Besant em inúmeros artigos e
conferências (Vide revista “Sophia” dos anos de 1912 e 1913, etc.).
No Brasil, por sua vez, apareceu uma senhora que se
dizia um novo “avatar” de H. P. B., porém, desta vez,
como mãe de um messias arranjado à
última hora... na nossa capital por um S. José que até hoje não quis adotar seu
pequeno rebento... deixando que a moderna Maria fugisse só para o Egito... sem ao
menos o auxílio de “Três Reis Magos” para que a criança não viesse a cair nas
mãos de um pretenso “degolador de Inocentes”, como a Bíblia o faz com Herodes,
o grande rei da Judéia... E quando citamos “o milagre sem apontarmos os
santos”, foi apenas para demonstrar as belezas deste fim de ciclo apodrecido e
gasto, onde se confundem coisas da mais transcendental espiritualidade, com as
do mais baixo sensualismo. E não se diga que o caso é único; existem outros bem
semelhantes, senão piores! Fora dessas “Aberrações psíquicas do sexo”, como
diria o grande Roso de Luna,
aparece de quando em vez “messias” espíritas, protestantes e outros mais, sem
falar num oficial de nossa Polícia Civil, que se dizia a encarnação do próprio
Jesus!
Quem se reportar às “Profecias do Rei do Mundo”, que o
próprio Ossendowsky cita em sua obra “Bêtes, Hommes et Dieux”, e já foram
transcritas por esta revista, em artigos do Chefe da Obra, em que a S. T. B. se
acha empenhada, ficará pasmo em ver como as mesmas se realizam em toda linha,
desde os fatos já apontados, (sem falar os que se passam pelo mundo, inclusive,
de inúmeras cópias do “Barba Azul”), como de guerras, revoluções e tudo
mais!... São fenômenos naturais de todo ciclo nos seus últimos estertores!...
2 Cristóvão Colombo,
quer queiram ou não os mais entendidos, foi um Ser Superior, cuja missão
não era mais do que “abrir as portas de um Novo Mundo” (embora que velho, mas
abandonado, devido a convulsões cósmicas anteriores... à verdadeira barbaria,
como Karma natural do que restou da infeliz
Atlântida, em grande parte no fundo do oceano). Razão de sua frase tão
conhecida pelo mundo: “Com tres caravelas conquistarei
um Reino... que não é o meu”, semelhante àquela outra, atribuída a Jeoshua: “O meu
Reino não é deste mundo”...
3 Pedro Álvares Cabral, como português,
completa a obra do anterior (como espanhol), pese a opinião de S. M. Il Duce e outros mais, que à viva força o querem dar como
italiano, o que nos faz repetir uma frase do Diretor-Chefe da S. T. B., no seu
artigo Poder Temporal e Poder Espiritual (em
número atrasado desta revista): “Fiquem, se quiserem, com as glórias do homem,
mas deixem ao menos, a quem morreu num catre miserável, a Pátria de seu
nascimento”. Nesse caso, Colombo e Cabral iniciavam o trabalho das “mônadas Ibero-Americanas na sua fusão com as raças
autóctones” para hoje, um prosseguimento mais espiritualizado, ainda, através
de nossa Obra e quantos por Ela trabalham direta ou indiretamente. Com mais
clareza, esse trabalho está expresso – de modo sintético – na própria letra do
Hino da S. T. B., que vem publicado no presente número, Hino este que tem por
título: “O Alvorecer de uma Era Nova” (ou da 7ª su
b-raça, que tanto vale).
4 Como se conhece, até mesmo, através
das Memórias de um médico, do ilustre
iniciador de homens, que foi Mr.
Alexandre Dumas (iniciador não só nesta obra, como na do Conde de Monte Cristo, etc.), Cagliostro
trazia no peito, como Grão-Copta da Maçonaria egípcia, um emblema com as
iniciais: L. P. D., isto é, LILIUM PEDIBUS DESTRUENS,
já que seu papel era de “destruir a flor de lis”, completamente contrária ou
caótica à “flor de lis egípcia” que, como se sabe, simboliza o próprio Loto
sagrado das antigas iniciações daquele país. Além de, em forma ternária, estar
de acordo com a “Lira sagrada” ou “Vina de Shiva” (as 3 cordas ou gunas, qualidades de matéria,
etc.). Mr. Dumas recolheu vários dados para a sua obra, em arquivos de valor,
embora que, uma grande parte fosse pura fantasia
sua. O LPD, podemos afiançar, é uma das poucas
coisas que ali figuram como verdadeiras.
onde se
subscreve o movimento mais intenso e mais valioso de quantos se conhecem em matéria
de espiritualidade para o mundo5. A Proclamação da República Brasileira
(1889) ou um século justo depois da Francesa (1789), por isso
mesmo, estreitamente ligados (os dois fatos) ao futuro movimento espiritualista
que se ia dar
No
século XX, a Conflagração européia. As Revoluções na Rússia, no México, em Portugal,
Espanha (nesta com a proclamação da República, etc.); em vários países da América
Latina, inclusive o Brasil (movimentos todos tendentes a uma modificação geral,
quer política, social ou religiosamente falando, etc., embora que mui longe
ainda de expressar a sua verdadeira razão de ser) 6. As grandes descobertas que dia a dia vêm
maravilhando o mundo, a começar pela da aviação (“o mais pesado que o ar”) que
coube ao ilustre brasileiro com o nome de Santos Dumont.
A Radiotelegrafia, a Televisão, o Cinema falado e inúmeras
outras, que seria fastidioso enumerar. Sobressai como o maior movimento
espiritualista, o da fundação da Obra em que a S. T. B. se acha empenhada, ou
seja, o do Advento da 7ª sub -raça ariana, por outro
nome,
5 H. P. B. além de todos os seus valores, lutou ao lado de
Garibaldi, na batalha de Mentana, contra o poder papal.
Razão porque até hoje o clero a abomina e a seu
respeito se manifesta de cristianíssima maneira,
principalmente, quando ousa atacar a sua honorabilidade e outras coisas mais,
que esse mesmo clero deveria envergonhar-se em citar, por serem “prata de casa”,
isto é, propriedade sua. A História que o diga em nosso lugar!...
Foi nessa mesma batalha,
Por mais honroso que isso pareça, prefere
ele dizer com Cagliostro: Ego sum qui sum !,
isto é, um simples discípulo, que muito mal suporta o
peso do madeiro de sua missão...
O nascimento de JHS em 15 de Setembro de
1883, lhe dá como signo Virgo e planeta MERCÚRIO. De
sua companheira de missão (em 13 de Agosto de 1906), Sol e Leo como por
coincidência, foram os mesmos de H. P. B.
Coincidência mais estranha ainda: ambos
trazerem os mesmos nomes dos fundadores da S. T. na América: Henrique e Helena.
Do mesmo modo que, J. H. S. (ou H. J. S., como o quiserem), nasceu 52 anos
depois de H. P. B. Além de ser um número de acordo com meio
século (e mais 2 anos) do mistério dos “lagos egípcios”, possui
profundos sentidos cabalísticos, já do baralho de jogar, ou 13 cartas em cada
um dos 4 naipes, onde, além do mais, figuram: Rei, Rainha e Conde, ou Pai, Mãe
e Filho para cada naipe, ou sejam, 12 figuras ao todo, como “os Doze Cavaleiros
da Távola Redonda”, em torno do Rei Artus, sobrando
40 cartas brancas (como vulgarmente são chamadas). E que esse número (40)
representa “a idade da razão”, ou a do manifestar de Kundalini (o Fogo cósmico) em certas pessoas já evoluídas. Ademais, Kundalini – qual “Bela Adormecida no bosque”, dos
“Contos infantis”, dorme no Chakra Raiz (ou Muladhâra), embora seu despertar ou “câmara”, seja no Chakra do coração. E como sabem os entendidos, o primeiro
possui 4 pétalas, valor das 4 Rondas já decorridas: Mineral, Vegetal, Animal e
Humana. Multiplicando-se esse número de pétalas pela potência máxima esotérica,
que é 10 (da Árvore Sephirothal cabalística... e até,
dos 10 avataras de Vishnú),
obteremos o número 40. Além disso, o calor de Kundalini, até certo ponto, é
igual ao febril, pois acima de 40º a vida se acha
6 Figura, ainda, como um dos muitos acontecimentos
de valor no século atual, o movimento indiano, levado a efeito pela figura
insuperável de Gândhi, a favor da liberdade daquele
povo, há bastante tempo, sob o peso cármico de suas
passadas imprevidências.
Desse movimento
surgiu a odiosidade por parte da maioria indiana, principalmente dos
intelectuais, contra a Sra. Besant, que além de ter
“atiçado a Inglaterra sobre o mesmo Gândhi” (como
noticiaram vários jornais do mundo, inclusive,
“Quando pela primeira vez recebi do Rei (?)
o encargo de trabalhar pela liberdade da Índia, em Shamaballah,
etc.”
E foi tal esse espírito de animosidade
contra a Sra. Besant, que a The Theosophical Society
(de Point-Lama),
na América do Norte (que se diz a verdadeira fundada por H. P. B. e Olcott, etc.), lhe ofereceu hospitalidade, embora a mesma
senhora não a aceitasse, num gesto digno de louvor. E... como
“fatalista, que era, crente apenas no Karma, mas nunca
na “lei do livre arbítrio”, que permite ao homem, este ou aquele
caminho a seguir... deveria ter compreendido que, se Karma
não erra, logo foi ele quem permitiu a Gandhi a missão que ela afirmava ter
recebido das mãos do Rei do
Mundo, diferente, portanto, de uma Jeanne
d’Arc (cujo significado verdadeiro é: Jina da Arca, Agarta, Shamballa, etc., onde reside esse mesmo Rei citado
Em resumo, não somente esses fatos
apontados, como os da dissolução da Ordem da Estrela e o rumo diferente que o próprio protagonista ou Chefe daquela deu à questão
messiânica, que lhe colocaram sobre os ombros (ela, Besant
e o bispo Leadbeater) – já que “o messianismo sempre
foi o achaque dos débeis”, como diria o grande Roso de Luna
– precipitaram sua morte, que se diga de passagem, no ponto de vista
puramente teosófico, foi uma grande perda para o mundo, principalmente em uma
época, como a atual, onde é aterradora a confusão de ideais grosseiros ou
estúpidos..., pois, só a espiritualidade pode redimir as criaturas humanas.
E como provas insofismáveis da decadência do
ciclo, para o alvorecer de um outro portador de
melhores dias para a Terra, essa mesma confusão idealística, a começar pelo já
intitulado “Von Sovastica”, que preferiu o símbolo da
involução, repudiado pelos jainos e budistas, como da
“fatalidade”, ao invés da SVASTICA (cujo movimento é, como tudo mais, da
esquerda para a direita), por isso mesmo, progresso, evolução, espiritualidade,
etc.
Daí, com aquele outro símbolo de barbaria ou
involução: a perseguição atroz aos judeus; a pena de morte a machadadas, as
castrações e tudo mais quando o mesmo Von Sovastica, está pondo até hoje
Ibero-Americana. Movimento
este que não poderia deixar de ser no Brasil, cujo nome bem exprime que “é nele
onde se mantêm vivas e crepitantes as BRASAS de Agni,
o Fogo Sagrado”.
Em resumo, os fenômenos
cíclicos estão dentro da própria Lei Universal, pois, como disse o grande
vidente sueco Emmanuel Swedenborg: “A lei mais essencial
da Natureza, é a da vibração. Um
ponto morto, um ponto imóvel é absolutamente impossível dentro do nosso sistema.
Os movimentos sutis, que chamamos de vibrações ou ondas; os mais vigorosos, que
chamamos de oscilações; as trajetórias dos planetas, que chamamos de órbitas; as épocas da História, que conhecemos como
Ciclos... tudo é um movimento ondulatório, cíclico, de ondas no ar, no
éter, na água, na aura, na terra, por nebulosas, pensamentos, emoções de tudo
quanto é
imaginável”.
Dhâranâ nº
84 – Abril a Junho de 1935 – ANO X
Redator: Henrique José de Souza