Melki-Tsedek – Monarca Universal
Rei de Salém e Sacerdote do Altíssimo
VALDEMAR
H. PORTELA e HERNANI M. PORTELLA
Havíamos
anunciado aos nossos prezados leitores, em o número anterior, que a capa desta
Revista passaria a estampar os desenhos dos três Templos comemorativos das
realizações da Sociedade Teosófica Brasileira (S.B.E):
o de S. Lourenço, no Sul de Minas; o da Ilha de Itaparica, na Bahia de Todos os
Santos e o de Arabutã, Serra do Roncador, no Norte de Mato Grosso. Entretanto,
por motivos de ordem superior, tornou-se oportuno divulgar desde já novos
conhecimentos acerca do personagem da mais alta expressão nas Escrituras Sagradas,
e que, velada ou manifestamente, sempre esteve e estará à frente dos movimentos
aceleradores da evolução humana. Justamente para Lhe prestarmos nossa modesta
homenagem, na capa da presente edição tentamos bosquejar o excelso vulto de
Melki-Tsedek, Monarca Universal, o Rei de Salém e Sacerdote do Altíssimo.
Há
uma antiga tradição que afirma a existência de uma igreja secreta, cujo sacerdócio se revela de ciclo em ciclo e de
acordo com a necessidade da época. Traz ela um conhecimento próprio para cada
raça ou povo por uma forma particular, mais favorável, mais acessível para o
cumprimento e restabelecimento da Lei, do propósito Divino, através do
Itinerário de IO (marcha evolucional da Mônada). A tal conhecimento, a tradição
de todos os povos relaciona o Espírito de Verdade, como manifestação de um Centro
Imperecível, consagrado pelos orientais sob os nomes de Agartha, Asgardhi, Erdemi,
ou Salém. (Shamballah é a "Ilha imperecível que nenhum cataclismo pode destruir").
Todo
ser iluminado, avataricamente ou por iniciação, desde que esteja de posse do conhecimento de certos mistérios, faz parte do Culto que tem o
nome de Igreja de Melki-Tsedek, que está acima de todas as manifestações
religiosas. Tal culto sempre existiu,como ciência
divina e a mais preciosa de tôdas as religiões, porque verdadeiramente torna a
ligar (religo, religare, religio, religions ou religião... do mesmo modo Yoga,
que significa união, identificação etc.) o homem a Deus, sem necessidade de
sacerdote nem de outro qualquer intermediário. "Busca dentro de ti mesmo o
que procuras fora", é velha sentença oriental. E o próprio Jesus dizia:
"Fazei por ti que Eu te ajudarei".
Fraternidade
Universal, Culto, Sacerdócio ou Igreja de Melki-Tsedek, sua origem procede dos
meados da terceira raça-mãe, a Lemuriana, que foi dirigida pelos planetas sagrados
Vênus e Marte, alegorizando mãe e filho respectivamente e que se objetivou sob
a égide do planeta Mercúrio, representando o Pai, numa época em que a humanidade,
que até então se manifestava no androginismo inconsciente das primeiras raças,
começou a ser digna desse nome, ou melhor, dividiu-se em dois sexos, formando logo
a seguir, nos seus meados, a Grande Hierarquia Oculta que, conhecendo a origem do
mistério do androginismo, prepara a evolução da Mônada para o androginismo consciente
com que terminará a presente Ronda.
Com o decorrer dos tempos recebeu tal culto
o nome de Sudha-Dharma-Mandalan, na antiga Aryavartha – nossa Mãe Índia – mas,
para todos os efeitos, Excelsa Fraternidade, quer na razão de sua própria
existência, por ser composta dos Verdadeiros Guias ou Instrutores Espirituais
da Humanidade, quer pela vitória sobre o que se concebe como Mal, na Terra, se
ao lado do Planetário dirigente da Ronda tiveram, os seus primeiros
componentes, de combater as referidas forças do Mal, sem falar na sua própria transformação
de Homens vulgares em semideuses.
Durante a quarta raça-mãe – a Atlante – que
teve sob o signo de Saturno e Lua (verde e violeta), o Sacerdócio de
Melki-Tsedek, que então era exercido na oitava cidade atlante – a Shamballah
dos teósofos ou a Jerusalém Celeste dos verdadeiros cristãos – teve que enfrentar
o magno problema da grande queda no sexo, ou seja, a "união entre os
deuses e as filhas dos homens", fenômeno reconhecido pela Igreja por ser
citado no Gênesis, diferindo apenas na tradição oriental o nome
"devas" para o de "anjos" na tradição ocidental. Sim, todas as tradições de valor no mundo
se originaram de uma Fonte única e imperecível, que foi expressa na linguagem
hierática de todos os tempos por Aquela misteriosa Terra chamada Agartha (ou
mesmo Shamballah). Os povos se ligam, de uma forma ou de outra, através de suas
tradições de seus símbolos, mitos e lendas, a este Centro, e a razão de conservarem
a mesma unidade é que descendem de uma Fonte única. Na fase áurea dos ciclos
evolutivos de cultura de cada povo ou da própria Humanidade, ela se encontra
sob os influxos e direção das essências radiosas desse Centro. As Ordens
místico-religiosas de valor humano foram representações na terra da simbologia
agarthina ou de Salém. (Agartha traz o nome oculto de Belovedye, que quer dizer
Bela Aurora, Eterna Luz etc. Um dos Cavaleiros da Távola Redonda tinha tal
nome). Agartha é o começo e o fim de todas as coisas.
Quando
caem as religiões, as filosofias, os sistemas sociais, quando se corrompem as estruturas
outrora emanadas da Agartha para o mundo humano... é a
fase de decadência desse povo, dessa raça ou da própria humanidade. Então, após
um período de conflitos, choques e lutas, como ora está acontecendo, novamente
se manifesta o Espírito de Verdade. Donde a promessa de Krishna a Arjuna, no Bhagavad-Gitâ
(literalmente: "O Canto do Senhor"), um episódio do Mahâbhârata – o grande
poema épico da Índia, da mais elevada filosofia espiritual – quando diz:
"Todas as vezes que Dharma (a Lei justa) declina, e Adharma (o contrário)
se levanta, Eu me manifesto para salvação dos bons e destruição dos maus. Para
o restabelecimento da Lei, Eu nasço
Alguns
dirigentes, os que realmente orientam os homens no sentido de sua verdadeira evolução,
são representantes diretos ou indiretos desse Centro e cuja manifestação se
processa através do Tulkuismo, fenômeno milenarmente conhecido das tradições
orientais e que vem sendo explicado e interpretado pelo nosso Colégio
Iniciático há longos anos. Tais dirigentes são expressões do Rei do Mundo, o
Monarca Universal, conhecido pelo nome de Melki-Tsedek e esotericamente com o
nome de Rygden-Djyepo (palavra tibetana de origem Agartina com o significado de
"Rei dos Jivas" ou dos seres da Terra), tendo por Colunas: Polydorus
Isurenos e Mama Sahib, personificações da Sabedoria e da Justiça. É Ele o verdadeiro
Ministro do Eterno organizador das instituições e constituições humanas, de
todas as civilizações. É o Senhor Supremo das Ordens Secretas de âmbito divino
na face da Terra.
Melki-Tsedek
é o fulcro de toda a evolução em nosso globo. E o sentido da própria Lei, das
Verdades ou da Ideação Divina posta, por Ele em atividade através dos aspectos de
Transformação, Superação e Metástase Avatárica. Dai ser a
"manifestação" Ideoplástica do Homem Cósmico, isto é, "sem pai, nem mãe, sem genealogia, que
não tem princípio de dias, nem fim de vida" (Heb. 7-III). Por que não
dizer que é Ele o Pai-Mãe de todas as coisas, o Senhor do 2º Trono ou do Akasha, o Adam-Kadmon – o Homem Cósmico, o Logos ou o Verbo
manifestado na Terra? Por acaso Devavani (Voz Divina)... não
é também um de seus nomes? Representa a Sabedoria e a Justiça Divina – como
tal, Monarca Universal, "Rei de Salem (ou da Agartha) e Sacerdote do Deus Altíssimo".
Como Senhor do Verbo ou da Palavra Perdida... d'Ele emanam as verdades cíclicas,
nas expressões dos Avataras, Budas,
Bodhisatvas, Manus etc. Daí ser Ele o Bija dos Avataras, a "Árvore dos Kumaras no 2º Trono", a semente de todos os
salvadores ou redentores que o mundo conheceu ou virá a conhecer. Tudo é d'EIe e está n'Ele. O nome Melki-Tsedek refere-se ao mesmo Rei
do Mundo, figurando também na tradição judaico-cristã.
O
Sacrifício de Melki-Tsedek (o pão e o vinho etc.) deve ser olhado como uma prefiguração
da Eucaristia. E o próprio sacerdócio cristão se identifica, em princípio, ao culto
de Melki-Tsedek, conforme palavras do Salmo ao Cristo Tu es sacerdos in aeternum secundum ordinem
melquisedec (Salmos. 110-4).
Quando da fundação do Templo
"Este
Templo dedicado ao avatara Maitréia, como a todos os outros avataras, é a manifestação
da Divindade na Terra. Portanto, nenhum outro tem o valor que o mesmo encerra
porque ao invés de manter a forma dogmática dos demais, é como se o Deus Único
de todas as religiões aqui tomasse a Sua forma Unitária. Assim sendo, somente
um Ser foi estabelecido por força de Lei, representante
desse mesmo Deus no Sancto Sanctorum da Mãe-Terra. Donde receber o nome de
Melki-Tsedek, "rei de Salem e Sacerdote do Altíssimo", também chamado
de Rei do Mundo por possuir os dois poderes:
O
temporal, como Rei e o espiritual como Sacerdote. Nas várias tradições
religiosas do mundo, Ele é apontado com muitos outros nomes: no Tibete, como
Akdorge, do mesmo modo que na Índia; enquanto que na Mongólia exterior chamado
Senhor de Erdemi. Mas, na verdade esotérica, chamemo-la de Teosofia, tem o nome
de "Bija ou Semente dos Avataras".
razão pela qual o próprio Jesus lhe prestava
homenagens e Abraão lhe pagou dízimos (como impostos cármicos da Lei), prova de
que tanto Jesus, como Abraão e Moisés lhe eram inferiores, ou d'Ele se
"derivavam", "Em resumo, meus Irmãos, não é demais dizer que este Templo é dedicado ao culto de
Melki-Tsedek".
O
escritor patrício Aníbal Vaz de Mello, em seu livro "A Era de
Aquário". assim se expressou: "Mas quem é
Melki-Tsedek ? Foi o Rei de Salém, Sacerdote do Altíssimo, contemporâneo de
Abraão, Rei da Justiça e da Paz (São Paulo, Epístola aos Hebreus, VII, 1-2). E
uma das Entidades mais sublimes e elevadas da Hierarquia dos Planos Superiores.
E o Sol do Mundo Subterrâneo! "Feito semelhante ao Filho de Deus, não teve
genealogia, sem pai e sem mãe" (Hebreus, VII, 3), foi autocriado, uma
possante Manifestação do Pensamento de Deus na Terra, ou antes, foi a
Antropomorfização da própria Lei, embora não seja Deus. Não nasceu
"segundo o mandamento da carne, mas segundo a virtude da vida imortal (Hebreus,
VII, 26). É uma elevadíssima Entidade, oriunda de desconhecidos sistemas
solares, com biliões e biliões de anos de existência e de experiências,
Melki-Tsedek foi, na Terra, um produto da geração espontânea. É uma esplendorosa
Consciência Cósmica. (Manly P. Hall – "Melki-Tsedek y el
Misterio Del Fuego"). Tão grande e elevada a sua evolução e perfeição
moral, espiritual e intelectual que o próprio Cristo, o Mestre dos Mestres,
esteve filiado a sua Ordem, como Supremo Sacerdote e Pontífice, segundo se lê
na Epístola de São Paulo aos Hebreus, capítulos seis e sete. É Melki-Tsedek,
conjuntamente com o grande e sublime Jesus e os Mestres Moria, Kut-Humi e
Maitréia, o futuro Instrutor da era de Aquário – quem sutilmente dirige e orienta
tilda a evolução do globo terrestre e os grandes movimentos políticos, sociais,
econômicos, culturais, científicos, religiosos, artísticos e metafísicos do
Planeta. Melki-Tsedek é o grande Rei do Governo Oculto e
Espiritual do nosso Mundo e o Espírito Santo o seu Embaixador de Luz no Plano
profano dos vivos assim como Deus é o de todo o Universo".
Melki-Tsedek
é então rei e sacerdote e, conjuntamente, o seu nome
significa "rei de justiça", sendo ele ao mesmo tempo Rei de Salem,
isto é, da "Paz". Ora, "Justiça" e "Paz" são precisamente
os dois atributos fundamentais do "Rei do Mundo". Devemos salientar
que a palavra Salem, contrariamente ao que possa parecer, nunca designou em realidade
uma cidade, mas que, tomada pelo nome simbólico da região onde residia ou reside
Melki-Tsedek, pode ser equivalente do termo "Agarta".
Agarta
é o celeiro das civilizações passadas, lugar composto de sete cidades, cada uma
delas representando uma raça, uma civilização passada, um estado de consciência
já vencido pela Mônada. Homens de imenso valor em matéria de Sabedoria e
Santidade, acompanham, debaixo, os mais evoluídos da
Terra, porém... de comum acordo com os Guias da Face
da Terra. Agartha, Arca ou Barca é o lugar "para onde o Manu Noé conduziu
seu Povo ou Família, e os casais de animais a que se refere a
própria Bíblia, porém, com a interpretação errônea de que o termo
"família" fosse apenas dos seus parentes. Noé, lido anagramaticamente,
dá o Eon grego, que tem como significado: "A manifestação da Divindade na
Terra", nesse caso, um Manu, um Avatara etc."
Nas
passagens dos ciclos em que se divide a vida humana, ocorrem os
"dilúvios" ou que outro nome se queira dar as catástrofes que se
incumbem de destruir os lugares impróprios à evolução dos seres da Terra.
Chama-se de "castigo" também, por se tratar de lugares onde a matéria
tamásica (vermelha) tornou-se mais pesada e que indica a decadência de uma
civilização.
Ainda
sobre os chamados "dilúvios", a Lemúria, como 3º continente (e raça) foi destruída pelo Fogo.
Todas as ilhas do Pacífico, por exemplo, são os seus remanescentes. A Atlântida,
como 4º continente,
foi destruída pela Água. Parte da Europa (Península Ibérica etc.) e América,
que se ligava, por exemplo, à África, por leste, são os seus remanescentes.
Cada raça desenvolve um sentido, do mesmo modo que um estado de consciência.
As
tradições, tanto do Oriente como do Ocidente, estão repletas de
"promessas"; os ciclos, as idades se passaram, e jamais elas deixaram
de ser cumpridas. Estamos em vésperas de "Manifestação do Avatara sob o
signo de Aquário". O de Jesus foi o de "Piscis". E quando os
Manus, por sua vez, grandes ou pequenos, conduzem seu povo à
Terra (por Lei) prometida. O Manu, o portador do Verbo Solar, por ser a sua
própria Manifestação na Terra.
A Sociedade Teosófica Brasileira (Sociedade
Brasileira de Eubiose), que vem trabalhando no sentido de uma Frente Única
Espiritualista e, por conseguinte, nesta nobre missão de Paz Universal, lembra
mais vez aquela famosa passagem do Vishnu Purana, o livro mais antigo, talvez,
do Oriente, onde Aquele Ser da mais elevada Hierarquia, sob o nome de "O
Rei do Mundo", faz a seguinte profecia:
"Cada
vez mais os homens esquecerão as suas almas, preferindo ocupar-se de seus corpos.
A maior corrupção reinará sobre a terra. Os homens tornar-se-ão idênticos aos
animais ferozes, embebidos no sangue de seus irmãos. O "Crescente" se
aniquilará e seus adeptos cairão em miséria e guerra perpétua. Seus
conquistadores serão iluminados pelo Sol, mas não se elevarão duas vezes; acontecerá
a maior das desgraças, que culminará em injúrias diante dos outros povos. As
coroas dos reis, grandes e pequenos, cairão; uma, duas, três, quatro, cinco,
seis, sete, oito... Haverá uma guerra terrível entre todas as nações (a última,
ou a que ameaça destruir o mundo, através de bombas atômicas e outros engenhos
de morte?). Os oceanos se tingirão com o sangue de irmãos contra irmãos (por
serem filhos de um Pai Comum: Deus). A terra e o fundo dos mares ficarão
cobertos de ossadas... Povos inteiros morrerão de fome, ou por moléstias desconhecidas,
ou pela prática de crimes não previstos nos códigos com que se regem os homens,
e isto por nunca terem sido vistos iguais na terra... As maiores e as mais
belas cidades serão destruídas. O pai se voltará contra o filho, o irmão contra
o irmão, a mãe contra a filha. O vício, o crime, a destruição do corpo e da
alma continuarão a sua rota fatal... As famílias serão divididas... O amor e a
fidelidade desaparecerão, porque a prostituição reinará até nos lugares mais
sagrados... Em dez mil homens, um só viverá, mesmo assim, louco e sem forças,
não encontrando habitação nem alimento. Toda a terra ficará deserta (e
"viúva dos deuses", como disse Hermes, na decadência do Egito ... Deus lhe voltará as costas. Sobre ela cairá o
espesso véu da noite e da morte ... Então enviarei um Povo, agora desconhecido
que, com mão firme, arrancará as más ervas da loucura e do vício. E conduzirá
aqueles que ficaram fiéis ao espírito de verdade na batalha contra o Mal. Eles
fundarão uma nova vida na terra, purificada pela morte das nações..."
Dhâranâ nº 19 – 20 –
Janeiro a Junho de 1962 – Ano XXXVII Compilado por Eliseu Mocitaíba da Costa