Do Instinto à Consciência
Eliseu Mocitaíba da Costa
Tal como acontece com o universo, o ser
humano, desde o seu nascimento, é regido por leis, destino ou carma, que o
envolve, dirige e governa todos os seus passos.
Entretanto, com o passar do tempo, ele
vai percebendo que duas forças antagônicas se manifestam dentro do seu ser:
- Uma, a personalidade: impulsiva,
animalizada, instintiva, passional;
- A outra, a Consciência Espiritual,
Superior. Na realidade, é o nosso verdadeiro juiz, aquela voz que nos indica o
caminho do Amor, da Verdade e da Justiça e que se expressa nos sensíveis como
remorso, quando se desviam da Lei regente de tudo e de todos.
A Consciência Psíquica, a personalidade,
é aquela que nos faz copiar, nos tornar parecidos, imitadores do alheio. É um
aspecto de alma-grupo: tudo o que um faz, o outro tem que repetir. Só vivem em
bandos e na "moda". Esta "natureza particular" nos leva a
realizar tudo de modo mecânico, inconsciente.
É muito comum freqüentar esta ou aquela
instituição em busca de prestígio, fama e notoriedade, ou, então, como ponto de
fuga, ou ainda, como recurso para não se sentir desprezado. Com certeza, estes
não serão tocados pela essência, o conhecimento, a sabedoria que são ferramentas da Suprema Consciência para o progresso e a
evolução dentro de cada um.
A Consciência Superior, Espiritual, a
Voz Interior, nos mostra a razão, o equilíbrio, harmonia, o desprendimento do
que é passageiro e ilusório. Preserva os valores superiores conquistados, mesmo
estando envoltos no mar vermelho da ignorância em relação às coisas
superiores.
À medida que a personalidade adquire
experiência, vai amadurecendo. As reflexões se tornam mais freqüentes levando-o
a procurar novos caminhos, vigiando os sentidos, atento aos fatos e medindo as
conseqüências.
Caminhando sempre, o Peregrino da Vida,
vai meditando com fé no desconhecido. Como se algo o chamasse às origens, à
Casa do Pai, desde muito afastado.
Caindo e levantando, apoiado nos
próprios obstáculos, aprimorando as Virtudes e lapidando os vícios torna-se,
vigilante: atento às experiências, começa a perceber os primeiros sinais
intuitivos. No inicio, fracos, dispersos, distantes, mas, com o passar do
tempo, maior é o seu impacto e ele, já como discípulo procura ouvir a Voz do
Silêncio que vem do seu interior. Agora, a Luz de Deus passa a se manifestar no
discípulo como Adepto da Boa Lei.
Já dizia o prof. Henrique José de Souza:
"A intuição é mais atrevida do que a própria inteligência. É como um farol
que orienta o rumo da inteligência e, por isso foi a
luz que iluminou os grandes descobridores".
O ser humano comum, seguindo o caminho
iluminado pelo seu Deus Interno, se torna discípulo, e é preparado para
deparar-se com a sua consciência.
Esta pessoa, antes envolvida e
“abandonada” nas teias da vida instintiva, agora, cônscio dos deveres do
progresso e da evolução, olha para trás, não para as raízes, mas, para aqueles
que se esforçam nos tortuosos e pedregosos caminhos da vida. Estes oferecem-lhes as mãos, o exemplo, a inspiração, que tanto
demoraram a conceber. Vez por outra, sua atitude é pressentida por poucos, seu
coração se rejubila, mas, na realidade, é normalmente ignorada. Quando assim
acontece, ele sofre, lembra-se de que também já fez sofrer. Medita, compreende,
tira conclusões e ensinamentos. Cada vez mais, sente dentro de si a harmonia
entre a Vontade, a Inteligência e a Emoção numa simbiose perfeita com seu
Divino Mestre. Estas três potencialidades, até então latentes, demonstram vida
própria, e agora consciente busca em sua convivência, naqueles que distantes
seguem na retaguarda evolucional, ouvidos para ouvi-lo.
A marcha continua sob a Ética no
Aprimoramento da Personalidade, e o discípulo, depois de muitas oportunidades,
agora consciente, trazendo sua bagagem de experiências, vislumbra o Sábio.
O Sábio labuta constantemente no seio da humanidade.
Dá exemplos, insinua, trabalha, restaura, reconstrói. Oferece o que de mais
sublime um pai pode oferecer a um filho: a Sabedoria dos Deuses, através de
suas próprias experiências. Entretanto, por alguns é compreendido, por poucos,
entendido e por muitos, ignorado.
Assim, como um garimpeiro, que algumas
vezes encontra em sua “peneira” uma pedra preciosa, também o Sábio logra mais
uma conquista: a transformação da vida de Erudito em Iluminado, através da
Vontade, do Amor-Sabedoria e da Atividade. Realiza-se, então, a divinização da
matéria e a materialização do espírito. Neste excelso momento, o Eu se
transmuta em “Eus” no grande concerto
cósmico-humano-evolucional. A vida-energia se transforma em vida-consciência, e
o Iluminado, passa, então, a afirmar: "Eu e o Pai, o Deus Único e
Verdadeiro somos um só". Realiza-se, então, a Volta do Filho Pródigo à
Casa Paterna, conscientemente.