CosmogêneseAntropogênese

 Ordens Secretas

Por Eng. HERNANI M. PORTELLA e Com. V. H. PORTELA

(Compilado dos ensinamentos e revelações de. J. H. S.)

 Dhâranâ nº 15-16 - Jul a Dez/1960 e Jan-Fev/1961-Ano XXXV

 

TÍTULO I

COSMOGÊNESE

A “Doutrina Secreta”, de Helena Petrovna Blavatsky, começa da seguinte maneira sua descrição, quando trata da formação do nosso Universo que é o Quarto Sistema de evolução:

Estância I

1. Eterno Pai, envolto em suas Sempre Invisíveis Vestes, tinha dormido uma vez mais por Sete Eternidades.

2. O Tempo não existia, pois jazia, dormindo, no Seio Infinito da Duração.

3. A Mente Universal não existia, pois não havia Ah-hi (seres celestiais) para contê-la.

4. As Sete Sendas da felicidade não existiam. As Grandes Causas de Desdita não existiam, pois não havia ninguém. que as produzisse e fosse por elas envolvido.

5. Só trevas enchiam o Todo Sem Limites; pois Pai, Mãe e Filho eram uma vez mais Uno, e o Filho não havia ainda despertado para a nova Roda e sua Peregrinação nela.

6. Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades, haviam deixado de ser; e o Universo, o Filho das Necessidades, estava submerso em Paranishpanna (Absoluto Não-Ser, equivalente ao Absoluto Ser ou “Seidade”), para ser exalado por aquele que é, e, no entanto, não é. Nenhuma cousa existia.

7. As Causas da Existência haviam sido destruídas; o Visível que foi e o Invisível que é, permaneciam no Eterno Não-Ser – o único Ser.

8. A Forma Una de Existência, sem limites, infinda, sem causa, se estendia somente em Sono sem Sonhos; e a Vida palpitava inconsciente no Espaço Universal, em toda a extensão daquela Onipresença que o Olho Aberto de Dangma (alma purificada) percebe.

9. Mas, onde estava Dangma quando o Alaya (Alma universal ou “Anima mundi”) do Universo estava em Paramârtha (Existência absoluta), e a Grande Roda era Anupâdaka? (“sem pais” – que existia por si mesmo, agênito, nascido sem pais ou progenitores).

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Rudoff Steiner, o criador da Antroposofia, ao estudar as Cadeias do Quarto Sistema de evolução, e seguindo os ensinamentos de Helena Petrovna Blavatsky, de que a Primeira Cadeia desse Quarto Sistema está ligada a um estado de consciência representado na simbologia do planeta Saturno, no seu livro “O Apocalipse”, à página 37, escreve:

 

“Pode-se perguntar: o que é que existia antes de haver a Cadeia de Saturno?

Outros estados anteriores a toda nossa evolução terrestre? Será difícil recuar para além de Saturno, porque ele marca um estado de evolução onde começa o que chamamos de Tempo. Anteriormente havia outras formas de existência, mas a rigor não podemos mesmo dizer “anteriormente”, pois que o Tempo não existia ainda. O tempo teve, assim, sua origem. Antes de Saturno não havia o tempo, mas somente a eternidade, a duração.

Tudo existe simultaneamente. Uma sucessão de fenômenos começa então com Saturno.

Na situação do mundo onde nada existe a não ser eternidade, duração, não pode haver, tampouco, movimento. Porque o movimento é função do tempo. Não há rotação. Há duração e repouso. Diz-se em ocultismo é o estado do inefável repouso na duração. A expressão é exata: “Um estado do inefável repouso na duração precedeu a Saturno”.

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Tomando por base revelações e ensinamentos de seu Ven. Mestre, a S. T. B. (hoje, Soc. Brasileira de Eubiose) tenta agora dar uma explicação que possa, respondendo às dúvidas apontadas por Rudolf Steiner, levantar uma ponta do véu que encobre o mistério dos Universos anteriores a Saturno, apresentado por Helena Petrovna Blavatsky, nas suas “Estâncias de Dzyan”. Somente a um ser na face da terra teria sido concedido estado de consciência para penetrar, no ciclo atual, nos arcanos desses ensinamentos; é aquele apontado por ela, na sua “Doutrina Secreta”, à página 62 da Introdução de tal obra, quando diz: “No Século XX, algum discípulo melhor informado e com qualidades muito superiores, poderá ser enviado pelos Mestres da Sabedoria, para dar provas definitivas e irrefutáveis de que existe uma ciência chamada “Gupta Vydia”; e que, à maneira das fontes do Nilo em certa época misteriosas, a fonte de todas as religiões e Filosofias conhecidas pelo mundo na atualidade, permaneceu durante muitas épocas olvidada e perdida para os homens, mas que por fim foi encontrada.” Este ser que representa o Manu (Manas - Mental) da 7ª sub -raça, Prabasha Dharma, teve ocasião de ensinar, a nos outros, seus discípulos, que:

 

“O tempo, o espaço e a causalidade, são as três características de um Universo em manifestação. No seio do Infinito, onde reina a Eternidade, a “Imutabilidade”, não existe Espaço, nem Tampo, nem a relação entre Causa e Efeito. Existe, sim, a cristalização do perfeito, a Imobilidade: um Sistema estático, onde não há energia em ação, mas o Equilíbrio. Portanto, nada existe, existindo tudo.

 

 “Entre uma Cadeia e outra, bem como entre um. Sistema de evolução e outro, há sempre um Pralaia (período de obscuridade ou repouso), onde se conserva a experiência do Globo, Cadeia ou Universo anterior. Este pralaia é representado por um 2º Trono, desde que seu papel é separar uma coisa da outra. Os Globos luminosos se expressam no plano físico e os obscuros num 2º Trono. São estes que conservam a experiências adquirida nos Globos luminosos. O tempo de duração dos Globos luminosos é igual ao dos Globos obscuros ou seja, Manuântara igual a Pralaia.

 

No fim do período dos Globos luminosos (fim do Manuântara) de determinado Sistema, vem o período dos Globos obscuros, ou grande Pralaia e que se passa numa região que se pode chamar de 2º Trono. Logo, o 2º Trono é o conservador da experiência adquirida nos Globos luminosos dos Sistemas anteriores, para projetá-la no Sistema seguinte.

 

A 1ª Cadela do 1º Sistema saldo do seio do 8º Sistema, que é o embrião universal, por trás do qual se acha o Espaço Sem Limites, não havendo colhido experiência anterior, se faz por intermédio da Vontade posta em Atividade do 8º Sistema. Dessa forma, o impulso para a criação desta Cadeia é o mais vigoroso de todos, por partir da própria Causa única (o 8º Sistema).

 

No 1º Sistema houve um só Globo iluminado e onde se desenvolveu o mineral, que não era o atual e sim o “Flogístico”, daí ser a matéria daquele Sistema o “flogiston”. Da mesma forma os corpos dos Dhyanis (Planetários), bem como o do lshwara, eram flogísticos, sendo também flogísticos os micro organismos da hierarquia assúrica formada nesse Sistema. Nele se desenvolveu o reino mineral através de suas sete classificações, cuja expressão máxima foi o Urano, por ser o da última Cadeia, ao qual vieram juntar-se os demais.

 

A duração da 1ª Cadeia do 1º Sistema correspondeu ao que gastariam sete Globos, se todas estivessem em atividade. No 2º Sistema, o tempo de vida das duas primeiras Cadeias corresponda também a sete Globos (31/2 para cada) e assim sucessivamente. Dessa forma, o tempo para cada Cadeia vai encurtando.

 

No 2º Sistema desenvolveu a mesma forma de evolução, com as sete Cadeias, sendo que desta vez constaram dois Globos luminosos para cinco obscuros e onde, além do mineral em forma flogística do Sistema anterior, aparece o vegetal em sua forma arquetipal também flogística e suas sete classificações. A hierarquia formada nesse Sistema, em suas duas Cadeias, era, como na anterior, de micro organismos possuindo o seu Assura criador, ou seja, o acionador vital de sua natureza ou espécie.

No 3º Sistema, a formação, já agora animal, que se processou, de acordo com as experiências recebidas dos dois Sistemas anteriores, era também em sete classes e possuíam vestígios iniciais dos seres que deveriam figurar no 4º Sistema, que é o nosso.

 

Na última Cadeia do 3º Sistema, possuíam características semi -humanas ou semi-animais,

como conseqüência das experiências anteriores.

 

Entremos, agora, no 4º Sistema, que é o tratado por Helena Petrovna Blavatsky, com as dúvidas do Sr. Rudolf Steiner, cuja primeira Cadeia foi a de Saturno, a segunda a do Sol e a terceira a da Lua. A Cadeia de Saturno, que deu como resultado a hierarquia dos Assuras, transformou a série flogística mineral do primeiro Sistema, no “tatva” que deveria ser o predominante na 1ª Cadeia desse 4º Sistema e que foi “Pritivi”, elemento sutil predominante na formação do mineral, ou seja, naquele que hoje está classificado como metais e metalóides, pela ciência considerada oficial.

 

Na 2ª Cadeia desse 4º Sistema, deveria figurar o “tatva” “ Apas”, como seria lógico de se supor, sob a égide da Lua; no entanto, tal fato não aconteceu, em virtude de “erros” (atrasos no plano arquetipal), passando a figurar sob o impulso do Sol e do “tatva” “Tejas”, dando como resultado a hierarquia dos Agnisvatas, formando também a série vegetal dessa Cadeia – que foi plasmada como repercussão do que existia no 2º Sistema.

 

Esta inversão de “tatvas” fez com que na 3ª Cadeia desse nosso 4º Sistema se desenvolvesse a série animal correspondente à última Cadeia do 3º Sistema de evolução, fazendo surgir, em conseqüência, uma hierarquia de nome Pitris Barishads que possuindo uma classe de Devas mal formados, ao ser atingida para trabalhar na evolução da 4ª Cadeia ou da formação do “Jiva” (homem), rebelou-se. Esta revolta contra “Dharma”, a Lei Evolutiva, ficou conhecida nas tradições esotéricas com o nome de “Taraka-Maya”, ou a Guerra dos céus das tradições hindus. Isto explica tudo sobre os Anjos caídos. A série animal desenvolvida na 1ª Cadeia, esteve sob a égide da Lua, entrando em sua formação o “tatva” “Apas”.

 

Na complexa formação das Raças, no evoluir da 4ª Cadeia ou 4 º Globo, do nosso Sistema (também o 4º), houve o saque contra o futuro feito pelo Senhor das Eternidades, quando apelou para o 5º lshwara, que dirigia o 5 º Sistema representado pelo planeta Vênus, para que passasse a dirigir a evolução na terra com os Pitris da 1ª Cadeia, os Assuras, arrastando também os Pitris Agniswatas da 2ª Cadeia e os Pitris Barishads da 3ª Cadeia.

 

Negando-se a infundir os seres de sua hierarquia (5ª) nas formas da 1ª e da 2 ª Raças Mães que considerava vis, segundo Sepher Enoch, colocando-se, assim, em oposição à Lei, deu motivo a que o Eterno apelasse também para o 6º lshwara, dirigente do 6º Sistema, sob o signo de Mercúrio, o qual, de acordo com os textos hebraicos, com o nome de Jeová, formasse o homem do pó da terra, soprando-lhe nas narinas o hálito de vida (Gênesis: 2;7), que deve ser entendido em forma de energia sutil, ou seja, o “tatva” “Vayu”, cuja bija (semente) PAN figura ainda no radical de nomes divinos antigos, inclusive dos nossos aborígenes.

 

O 5º lshwara, como Planetário de Vênus, foi precipitado pelo Eterno na terra como Anjo Rebelde, durante a formação da 3ª Raça Mãe, conforme é tratado no Título II deste trabalho, ou seja, entre os Lêmures.

 

TÍTULO II

ANTROPOGÊNESE - Das raças e sub-raças

 

1- Adâmica – A primeira Raça Mãe, denominada Adâmica, pertenceu ao que os geólogos chamam de Era Primitiva (sistemas Arqueano e Algonquiano). Habitou o Jambu Dwipa, hoje calota polar norte, segundo a denominação dada pelos Puranas, livro sagrado dos Hindus. Descendeu dos Pitris Barishads ou Progenitores Lunares, sob a égide de Netuno. Não foi gerada fisicamente, mas formada pelo divino poder mental ou Kriya-Shakti. Filha dos deuses ou Eloim, enquanto mergulhados na meditação do Ioga, teria sido astral e traria o princípio espiritual Atmã, cego, como princípio interior, apresentando rudimentos do sentido auditivo. Sua aparência nada mais era do que formas (Bhutas) frustas, filamentosas, de cor prateada, sem sexo, formas quase protistas, que saíram do corpo sutil dos seus progenitores – os Eloim.

 

2 - Hiperbórea – A segunda Raça Mãe, a Hiperbórea, da Era Primária, que se teria desenvolvido entre os sistemas Cambriano e Seluriano, correspondendo ao continente Plaska Dwipa dos arquivos ocultos, ocupou o norte da Ásia, a Groenlândia, o Spitzberg, uma parte da Suécia, da Noruega e das Ilhas Britânicas. Era descendente dos

Progenitores Solares ou Pitris Agnisvatas, sob a influência de Urano, e ainda gerada pelo mesmo processo da raça anterior. Possuía corpo etérico e trazia o princípio Búdico, ou intuição, ligado a Atmã, juntando o sentido do tato ao da audição, respondendo aos impactos do ar e do fogo. Como a anterior, eram formas mal definidas, filo-arborescentes, com reflexos brilhantes, ígneas, de cor avermelhada, com tonalidades douradas, insinuando aspectos ora animais, ora quase humanos. Reproduziam-se, a princípio, como na primeira raça, ou seja, por cissiparidade, conforme os protozoários, para numa segunda fase chamarem-se nascidos do suor, com vaga manifestação dos dois sexos, donde o apelido de andróginos latentes.

Tais Raças Mães, pela peculiar constituição de seus indivíduos, não eram fossilizáveis. Assim, jamais a Ciência poderia descobrir qualquer vestígio de antepassado “pitecoide do homem primitivo”, simplesmente porque este possuía apenas um corpo etérico-astral (Chaya), ou seja, sem esqueleto.

 

3 – Lemuriana – O terceiro continente, Shalmali Dwipa, que os geólogos conhecem por Gondwana, onde habitou a terceira Raça Mãe, ou dos Lêmures, que a Geologia situa entre as Eras Primária e Secundária e nos sistemas Devoniano, Carbonífero, Permeano, Triássico (apogeu da Lemúria), Jurássico e mesmo Cretáceo, surgiu pela modificação ocorrida com emersão da imensa cadeia do Himalaia. Mais ao sul os continentes se elevam, para Leste, ao lado de Ceilão, da Austrália até Tasmânia e a Ilha de Páscoa; para Oeste, até Madagascar. Uma parte da África emerge, igualmente.

 

Dos continentes precedentes, a Lemúria conserva a Suécia, a Noruega e a Sibéria. A Atmã e Budi, princípios já desenvolvidos nas duas Raças Mães anteriores, infundiu-se o mental (ou Manas), por mérito dos Pitris Kumaras ou Luciferinos. Alcançouse um estado de consciência que responde aos impactos do ar, do fogo e da água, formando o sentido da visão, acrescentado aos da audição e do tato das duas Raças anteriores. Os órgãos visuais desenvolveram-se durante a evolução da Raça Lemuriana.

 

No começo, era um olho só, no meio da fronte; mais tarde se formaram os dois olhos, porém, estes só foram utilizados na sétima sub-raça. Entretanto, apenas na quarta Raça Mãe, chamada Atlante, é que eles se tornaram o órgão normal da visão, processando-se lentamente a interiorização do “olho central”. Este, passou a constituir a chamada glândula pineal, cujas funções e secreções os próprios endocrinólogos ainda desconhecem. Possuíam tais seres, além daquele olho frontal, mais dois orifícios na face: um, correspondendo às narinas e outro, relacionado com a boca.

 

É sob a égide dos planetas Vênus e Marte que a terceira Raça Mãe obteve o mental, com o conseqüente desenvolvimento do cérebro e, de modo geral, o sistema nervoso da vida de relação. O desenvolvimento do cérebro fez surgir o raciocínio e, portanto, o sentimento de ahankara ou de egoidade (eu sou), permitindo que a “alma grupo”, produto do trabalho dos Pitris das raças anteriores, se individualizasse, surgindo as idiossincrasias, os obstáculos de toda sorte à evolução de cada homem, aparecendo na terra o Bem e o Mal. Não possuíam intuição individual alguma; obedeciam estritamente e sem esforço a qualquer impulso provindo dos Reis Divinos, sob cujas ordens construíram Grandes cidades, monumentos e templos ciclópicos; seus fragmentos subsistem ainda na Ilha de Páscoa e em outros lugares do Globo durante a primeira e a segunda sub-raças da terceira Raça Mãe ou Lemuriana, a linguagem consistiu, apenas, em gritos de dor e de prazer, de amor e ódio; na terceira sub-raça a linguagem tornou-se monossilábica.

 

As formas humanas então existentes ainda se reproduziam como os “nascidos do suor”; como na primeira e na segunda Raças Mães, nos seus primórdios. Posteriormente, os sexos são apenas desvendados e as criaturas nitidamente andróginas: numa segunda fase, produziram hermafroditas bem desenvolvidos desde o nascimento e capazes de se moverem ao saírem do ovo. Sob a égide de Marte, estas formas hermafroditas serviram de veículos aos senhores de Vênus (Assuras) que. através dos Pitris ou Progenitores Solares e Lunares, com a polarização de Prana, ou Hálito Vital, obtiveram a nítida separação dos sexos.

Vê-se, portanto, que, biologicamente falando, durante milhões de anos, os organismos hermafroditas foram se aperfeiçoando até chegar a uma fase em que os gametas masculino e feminino não mais amadureciam simultaneamente no mesmo organismo. Com o decorrer dos milênios, um dos órgãos sexuais aborta por completo; o indivíduo passa a ser nitidamente masculino, ou nitidamente feminino. Foi nos últimos dezoito milhões de anos que os Lêmures passaram a constituir uma raça dióica, isto é, com os sexos totalmente separados. Os homens eram de estatura descomunal e poderosos, pois necessitavam lutar contra animais gigantescos, afins com a evolução daquela época, cosmogônica e antropologicamente falando, como os megalosauros, pterodáctilos, etc. A separação dos sexos, aliada á exacerbação dos sentidos, levou a humanidade a se desviar da Lei. (Aliás, segundo a Teosofia e o Ocultismo, os macacos antropóides são os últimos descendentes de cruzamento entre certa classe de homens inferiores e um tipo de animal parecido com a lontra, havido na 3ª Raça Mãe, a Lemuriana). Os cataclismos começaram, então, sua obra destruidora. Os fogos da terra e as estréias do céu varreram do mundo o vasto Continente, restando a Ilha Branca ou Paradêsa, descrita por Saint-Yves d'Alveydre, por Annie Besant e outros. Foi nela que se formou o primeiro núcleo da Grande Fraternidade Branca, também conhecida por Shuda Dharma Mandalam, como escudo defensor do mistério da Esfinge, cuja figura representa os quatro animais citados pelo grande vidente de Patmos no Apocalipse, e que são : o

Touro (ligado aos Barishads ou Progenitores Lunares); o Leão (relacionado com os Agnisvatas ou Progenitores Solares); a Águia (proveniente dos Assuras, da Cadeia de Saturno) e, finalmente, o Homem (expressando os Jivas, da Cadeia de Marte). Sendo ela, a Esfinge, andrógina, portanto, metade homem e metade mulher, representava também a quinta etapa a ser atingida, a do androginismo consciente.

 

4 – Atlântida – Após a destruição da Lemúria o Sol deixou de brilhar sobre as cabeças da pequena fração que restou dos “nascidos do suor”. A duração da vida diminuiu e os homens passaram a conhecer a neve e a geada. Surgiu, então, a Atlântida ou Kusha Dwipa, o quarto Continente, a famosa Terra dos Rutas ou dos Vermelhos, o País de Mu, que compreendia a China, o Japão e o que hoje denominamos Oceano Pacífico Setentrional, quase até o lado ocidental da América. Ao sul, compreendia a índia, o Ceilão, a Birmânia e a Malásia; a oeste, a Pérsia, a Arábia, a Síria, a Abissínia, a bacia do Mediterrâneo, a Itália meridional e a Espanha. Da Escócia e da Irlanda, então emersas, estendia-se, a oeste, sobre o que atualmente se denomina de Oceano Atlântico e a maior parte das duas Américas.

A primeira catástrofe que sofreu a Atlântida, há 850 mil anos, despedaçou-a em sete grandes ilhas de tamanhos diversos, equiparáveis a sete continentes, trazendo para a superfície das águas a Escandinávia, grande parte da Europa meridional, o Egito, quase toda a África e parte da América do Norte, enquanto a Ásia setentrional afundava-se nas águas, separando, desse modo, a Atlântida da Terra Sagrada. Essa primeira catástrofe se deu nos meados do período Mioceno, ou seja, na Era Terciária, e uma das maiores Ilhas, verdadeiro continente, compreendia o Norte da África, a Europa até o Tirreno, o Iucatã e o Wgsil, constituindo dilatado império, dividido em sete reinos, cada qual habitado por uma das sub-raças que a tradição designa pelos nomes de Romoahls, Tlavatlis, Toltecas, Turânios, Semitas, Acádios e Mongóis as quais floresceram concomitantemente nos respectivos países, conforme se depreende dos textos bramânicos.

 

Tais reinos eram governados, respectivamente, pelos descendentes dos sete primitivos filhos de Posseidonis e tinham por capitais as duas famosas e riquíssimas cidades, conhecidas como a “Cidade das Portas de Ouro” e a “Cidade dos Telhados Resplandecentes”. Esta última, sede fulgurante construída pelos Toltecas e Turânios, comandava a regido hoje correspondente ao planalto que se estende pelos confins do Amazonas e Mato Grosso, e se liga ao planalto de Goiás.

 

Os indígenas de toda essa imensa região, cuja superfície é calculada em quatro milhões de quilômetros quadrados, conservam até hoje, envolta na poesia de suas lendas, a história do poderoso império que alongava seus domínios até as margens do Oceano Pacífico, onde, em épocas ainda mais remotas, existira o Continente Lemuriano, de que as Escrituras Santas nos falam como tendo sido a “Cintura do Mundo”, o Himavat Sagrado, que abarcava todo o Globo.

 

As palavras desses remanescentes atlantes são confirmadas pelos numerosos litogrifos ou inscrições abertas nos rochedos, das quais só no Brasil já se encontram mais de três mil, principalmente na Serra de Parimã, no Amazonas, em Vila Velha, no Paraná e na lendária Matatu Araracanga, nas fraldas do Roncador, que constituíram os famosos “El-Dorado” dos aventureiros da época das conquistas, e da qual se ocupou o Cel. Fawcett, guiado pela bússola infalível de uma clara intuição e de seu misterioso ídolo, que emitia, pela região umbilical, fumaça indicativa do caminho. Fawcett encontrou, afinal, no recesso da selva, o monte Ararat, cuja embocadura o colocou em sintonia com a região Jina ou a “Cidade Perdida”, que ele tanto buscava e que para os teósofos do ciclo atual ou de Aquário é a mesma “Cidade dos Telhados Resplandecentes”, capital temporal e sede das hierarquias portadoras da ciência do Bem e do Mal.

 

Por maravilhosa que tenha sido a civilização erguida no hoje Planalto de Roosevelt, cuja capital era a “Cidade dos Telhados Resplandecentes”, sede temporal sob a égide do Quarto Rei Atlante e cujo povo, os Turânios, que a construiu, rido tinha ainda atingido o pleno desenvolvimento do princípio mental, tornando-se opressores dos fracos e veneradores da força bruta, sofreu ela as conseqüências dos seus desmandos, agravados pelo assalto tentado contra a Oitava Cidade. Esta era, também, chamada “Cidade Interdita”, e por motivo do primeiro cataclismo, interiorizou-se para o Sanctum Sanctorum da Mãe Terra, constituindo, assim, a Shamballah dos ocultistas e teósofos, ou a Jerusalém Celeste, dos iniciados cristãos, onde se encerrava o mistério do Adam Kadmon ou Homem Celeste que se fez Adam Heve ou Pai Mãe cósmico.

 

Desde as mais antigas tradições, de diferentes povos, inclusive os mais remotos, são feitas constantes alusões a essa “Terra Sagrada”, onde estão realizados os ideais da humanidade, dando-lhe, naturalmente, diversas denominações, sempre, porém, relacionando com o que de divino possa o homem executar na Terra. Assim, para os Celtas, esse lugar era conhecido como A Terra dos Mistérios, Duat de Dananda. A tradição chinesa nos fala da Terra de Shivin ou a Cidade das Doze Serpentes. É o “Mundo Subterrâneo, que fica na raiz do céu”, segundo Votam Tzental e o Caminho que a este lugar conduz é o da serpente. É o país dos Calcas, Calcis (ou Kalki), a famosa “Cólchida”, para onde se dirigiram os Argonautas, à procura do Tosão de Ouro. As tradições nórdicas da antiga Germânia dizem que tal lugar é o Walhalláh – “O Vale de Alláh ou de Deus”, para onde eram conduzidos, pelas Walkyrias, os seus guerreiros e heróis. Os persas chamavam-na de Alberdi ou Aryana-Vaejo, a terra dos seus antepassados; os hebreus a denominavam de Canãa; os mexicanos, de Tula ou Tulan: os astecas conheciam-na com o nome de Aztalan ou a “Cidade de Chicometaza”; os maias, de Maya-Pan. Os espanhóis acreditavam que tal cidade se achava nas Américas e denominaram-na de “El-Dorado” e ficaram contentes quando souberam que

tal cidade era conhecida, pelos aborígenes, pelo nome de Manôa ou a “Cidade dos Tetos de Prata e cujo Rei usava vestes de ouro”.

 

A Grécia, pelos seus cultos de Delfos, de Dionísios ou Eleusis, nos fala do Monte Olimpo e dos Campos Elíseos. A região de bem-aventurança dos primitivos tempos védicos, designados com vários nomes: Ratnâsanu (O Cume da Pedra Preciosa), Hemádri (A Montanha de Oiro), é o Monte Meru, o Olimpo dos hinduistas. Simbolicamente, o cume desse monte místico está no céu, sua parte média na terra e sua base nos infernos... É a mesma “Cidade dos Doze Azes”, dos Edas escandinavos ou o “País Subterrâneo de Asar”, dos povos da Mesopotâmia. É o “País do Amenti” a que se refere o Livro da Sagrada Morada ou dos Mortos, do antigo Egito. É a “Cidade das Sete Pétalas”, do Vishnu, ou a “Cidade dos Sete Reis do Edom”, Edem ou Gan-Edem, da tradição judaica, ou, ainda, o “Paraíso Terrestre”, onde o Manu Moisés, da tradição bíblica, colocou a parelha manúsica criada pelo Eterno “à sua imagem e semelhança”, para povoamento da Terra. Toda a Ásia Menor, numa só voz, até hoje, faz referência a uma Cidade de Mistérios e cheia de maravilhas: Shamballah (Mansão dos Deuses), que e a mesma Ermedi dos tibetanos e mongóis. Na Idade Média se falou nos “Reinos do Pai João”, como na “Ilha de Avalon”, onde os cavaleiros da Távola Redonda, sob a chefia do Rei Artur e orientação do Mago Merlin, para lá se dirigiram em demanda do “Santo Graal”, símbolo da redenção, da justiça e da imortalidade. É conhecida, ainda, como Belovedye, que significa Bela Aurora, nome que também se dá à Agarta de Saint-Yves d'Alveydre, de René Guenón e de Ferdinand Ossendowski, cujas obras citaremos adiante, entre outras.

 

As lendas e as religiões guardam as multimilenares recordações desses países esplendorosos, obscuramente mantidos nas tradições e na memória dos povos, como a nostálgica pátria de nossos ancestrais. Tais foram, igualmente, a Adivarsha dos primeiros Arias, o Lino de Homero e de Ésquilo, a Posseidonis de Solón, o Jardim das Hespérides dos poetas da Hélade, as Ilhas Afortunadas, a terra dos filhos de Amon e de Saturno. Tradições essas que inspiraram obras notáveis, como a “República” de Platão, “A Cidade do Sol” de Campanela, “Utopia” de Thomaz Moore, “O Paraíso Perdido” de Milton, sendo já de nossos dias as não menos valiosas “De Sevilha a Iucatã” de Mário Roso de Luna, “Por Grutas e Selvas do Indostão”, de Blavatsky, “À Sombra dos Mosteiros Tibetanos” de Jean Marques de Rivière, “O Coração da Ásia” de Nicolas Roerick, “Missão da Índia na Europa” de Saint-Yves d'Alveydre, “O Rei do Mundo” de René Guenón, “Animais, Homens e Deuses” de Ferdinand Ossendowski. Entre as de autores patrícios, merecem ser citadas “A Era do Aquário” de Aníbal Voz de Melo, “Ocultismo e Teosofia” de Laurentus e “O Verdadeiro Caminho da Iniciação” de Henrique José de Souza. No gênero de romance, em que, de forma velada, ou como aventura, se relatam episódios ocorridos em cidades sagradas, citaremos “Horizonte Perdido”, de James Hilton, que descreve Shangri-lá, como cidade oculta no Vale da Lua Azul, no coração do Tibete, “A Cidade Perdida” de Jerônimo Monteiro, “Ela” e “A Volta. de Ela” de H. Rider Haggard, “O Clã Perdido dos Incas” de O. B. R. Diamor, etc.

 

A Fonte inspiradora dessa tradição unívoca, é que tem revelado, nas várias épocas, a existência de uma Cidade Oculta, com nomes os mais diversos, a qual vem guardando, até hoje, o mistério da Arvore da Vida. Seria a Oitava Cidade Atlante, a das “Portas de Ouro”, recolhida nas profundezas oceânicas, quando do primeiro cataclismo ocorrido na Atlântida, para evitar que o Rei da Quarta Cidade, a dos “Telhados Resplandecentes”, onde se encontrava plantada a “Árvore da Ciência do Bem e do Mal”, viesse a tomar conhecimento, antes do Tempo, dos mistérios custodiados pelo sacerdócio de Melki Tsedek. O Apóstolo dos gentios a este se refere quando, na Epístola aos Hebreus (7:3), escreve: “Sem pai nem mãe, sem genealogia, que não tem princípio de dias, nem fim de vida, mas feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote continuamente”.

Esta digressão visa demonstrar que os ensinamentos contidos nas sacras escrituras, inclusive na Bíblia, sobre a simbologia da Arvore da Vida (Gênesis: 3:22 – “Disse o Deus Jehová: Eis que o homem se tem tornado como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Agora para que ele não estenda a mão e tome também da árvore da vida. E coma, e viva eternamente, Deus Jehová o enviou para fora do jardim do Éden, a fim de cultivar a terra de que havia sido tomado. Assim expulsou ao homem...”), vêm tendo as mais desencontradas interpretações, variáveis segundo os povos e as épocas, desde as mais remotas, porquanto se ligam. à história do período atlante. Os cataclismos que culminaram com a submersão e a emersão de continentes, dando novas configurações à face do globo, nos livros sagrados, são chamados “dilúvios”. Depois destes, apareceram os Manus, condutores de povos, trazendo a semente para as novas gerações que se destinam ao repovoamento da Terra.

O Continente Atlante ou de Kusha, ao sofrer o primeiro cataclismo, há cerca de 850 mil anos, for dividido em teto enormes ilhas, ou sub-continentes, dada sua extensão considerável, onde se situaram aquéies sete Reinos habitados pelas sub-raças anteriormente citadas. Outro grande cataclismo, ocorrido por volta de há 200 mil anos, reduziu o grande conjunto para duas ilhas, apenas, uma setentrional, denominada Ruta, e outra meridional, chamada Daitia. Nova grande catástrofe provocou o desaparecimento de Daitia e reduziu Ruta à pequena Ilha de Posseidonis, colocada no centro do Oceano Atlântico, à qual se refere Platão no seu diálogo de Crítias, e que foi submersa no ano 9.564 antes da era cristã.

 

As demais terras do globo tomaram, mais ou menos, as conformações que hoje conhecemos, muito embora as Ilhas Britânicas aparecessem ainda ligadas à Europa, o Mar Báltico não houvesse aparecido e o deserto de Saara continuasse um oceano. E havendo tão tremendos sismos causado a inclinação do eixo do Terra, em relação ao plano da eclíptica, em 23 graus e 28 minutos, originou-se o fenômeno climatérico das quatro estações anuais, assinalando o término da Satya-Yuga e o advento da Kali-Yuga, que em sânscrito significam, respectivamente : Idade de Ouro e Idade Negra.

 

Antes que sucedessem tais catástrofes, seres de alta hierarquia, iniciados nos mistérios da Lei, eram avisados da missão que lhes cabia no posto de Manus, para a preservação das sementes que se destinavam à formação de novas raças. Surgiu, então, o Manu Vaisvávata, veiculado pelos Senhores da Árvore da Vida que, flogisticamente, existiam naquela Oitava Cidade (a Interdita), a qual, com o primeiro cataclismo, interiorizara-se no Sanctum Sanctorum da Mãe Terra, cruzou os Himalaias e conduziu seu povo pelo Norte da Índia, levando as vergônteas da quinta sub-raça atlante e constituindo na meseta do Pamir o núcleo da primeira sub-raça ariana, conhecida como Ário-Hindu. Foram-lhe entregues as primeiras Tábuas da Lei, com os divinos Dez Mandamentos originais. Aquela primeira sub-raça ariana teve como religião o hinduísmo primitivo e nos deixou inestimável herança de ensinamentos, contidos no Manava Dharma Shastra (As Leis do Manu) e a Lei das Castas. Representava Vaisvávata o ponto mais elevado da evolução alcançado na Atlântida, ou seja, a Casta Sacerdotal, possuidora de transcendentes conhecimentos ocultos que lhe permitiram prever, com exatidão de tempo e espaço, a catástrofe que se aproximava como resultado da queda de valores espirituais, e preparar a emigração de que havia de melhor naquele povo extraordinário. Por isso, a corrente migratória guiada pelo Manu Vaisvávata, que se dirigiu para a Índia, estava sensivelmente voltada à introspeção e buscava a realização pela senda do coração.

 

Milhares de anos depois, o Manu Osíris conduziu outra leva do povo eleito a regiões banhadas pelo Nilo, e tendo ele desposado Ísis, filha de um Faraó egípcio, deu inicio ao período pré-dinástico dos Reis Divinos daquele país.

 

Vários êxodos da Atlântida se processaram em períodos posteriores, na iminência das catástrofes citadas, destacando-se os dirigidos por Phra, conhecido por Hermógenes ou Hilarião, secundando o trabalho de Osíris. Decorridos muitos séculos, Abraão, Moisés e outros, dirigindo as sementes da quinta sub-raça atlante, a Semítica, puderam preserva las da condenada Ilha de Posseidonis, ficando, pois, o Egito como único depositário das tradições atlantes e a índia como berço de toda a civilização ariana. E' a razão de chamarem a estes dois países o Pai e a Mãe de toda a humanidade, no presente ciclo, cuja civilização última está agonizando, para dar lugar à futura próxima que formará na já redimida Atlântida as sexta e sétima sub-raças do ciclo ariano. Estas, irão se desenvolver nas regiões do Planalto Central brasileiro, tendo por centros propulsores uma nova “Cidade dos Telhados Resplandecentes”, hoje Brasília, nas imediações do lugar onde aquela existiu como poder temporal, e, no centro do sistema geográfico sul-mineiro, a cidade de São Lourenço, futura Capital Espiritual do Mundo.

 

Os Manus são os plasmadores das raças e dos povos nascentes, aparecendo no início dos Ciclos, seja de Raças ou de Sub-Raças, Ramos ou Famílias Raciais. A tradição e a história da formação, da evolução e da decadência dos Povos são unânimes em afirmar a realidade dos Manus, a epopéia de um chefe primitivo, inspirado do céu, divindade humanizada, herói e guerreiro, ao mesmo tempo santo e patriarca. Em todos os tempos, em todas as latitudes apareceram, nas épocas necessárias, excepcionais condutores de povos ou Manus, tais como Mu-ka, preservando da catástrofe atlante as “sementes da nova humanidade”; Vaisvávata, à frente da vergôntea da qual nasceria raça Ária; Rama, conduzindo os Celtas; Menés, dirigindo os Egípcios; Fo-Hi, orientando os Chineses; Odim, no comando dos Nórdicas; Abraão, à frente dos Hebreus; Moisés, dos Israelitas; Manco-Capac, dos Incas; Quetzal-Coatl, dos Astecas; Itzama, dos Maias; Bochica, dos Chibchas; Tamu dos Caraíbas; Sumé ou Tamandaré, dos Tupis; e outros guias excelsos a nortearam, a planetária peregrinação das mônadas pelos Itinerários de IO.

 

Ocuparam-se da Atlântida eminentes escritores da antiguidade, entre os quais Platão, no e Timeu e Critias; Plutarco, na “Vida de Sólon”; Virgílio, na “Eneida”; Homero, na “Odisséia”. No Tibete, os Lamas, em seus manuscritos, referiam-se ao continente submerso; na Índia, os Brâmanes, em seus arcaicos papiros; e até nos hieróglifos deixados pelos primitivos egípcios encontram-se evidentes alusões à grande catástrofe da Atlântida. Mas a comprovação moderna que se deve relevar, por insofismável e surpreendente, foi a que resultou das descobertas do arqueólogo alemão, Heinrich Schliemann, escavador da antiga cidade de Tróia, e, posteriormente à sua morte, dos trabalhos de seu próprio neto, Paul Schliemann, de cujo relatório sobre as pesquisas de seu ilustro avô destacam-se estas palavras textuais:

“Quando, em 1873, fiz escavações nas ruínas de Tróia, em Hissarlik, e descobre na segunda cidade um jarrão de forma peculiar e de grande tamanho, do famoso “Tesouro de Príamo”, dentro do mesmo se achavam algumas peças de ourivesaria, imagens pequenas de um metal estranho, moedas desse mesmo metal e objetos de osso fossilizado. Em alguns desses objetos e no jarrão de bronze, estava gravada uma frase em hieróglifos fenícios, cuja tradução é a seguinte : “DO REI CRONOS DA ATLÂNTIDA”.

 

Outras provas acerca da catástrofe que fez desaparecer os últimos vestígios do continente, se podem ler no famoso Código Troiano, manuscrito Maia, que fez parte da coleção “Le Plongeon”, hoje exposto no Museu de Londres, e nos arquivos do antigo Templo Budista de Lhassa, onde uma inscrição caldaica, gravada há mais de dois mil anos a.C., fala dos mesmos acontecimentos. Que mais seria necessário dizer, além desses preciosíssimos informes revelados pelos dois citados documentos, um da América Central e outro do Tibete, tão afastados pela distância de origem, mas tão próximos pela significação?

 

Durante sua existência multimilenar, os povos Atlantes emigravam continuamente, levando sua avançada civilização às várias regiões do globo, e dominavam facilmente os povos das raças anteriores. Em toda a extensão da América do Sul floresceram as civilizações dirigidas pelos adeptos de suas sub-raças, a começar pelas segunda e terceira, a dos Tlavatlis e a dos Toltecas, cujos descendentes mais ou menos puros se encontram hoje entre os nossos índios de pele vermelha, erroneamente considerados como homens em início de evolução.

 

Muito antes de haverem os fundadores da civilização que resplandeceu desde Tihuanaco até lucatã vencido os degenerados descendentes dos Tlavatlis e dos Toltecas, já nestas paragens americanas haviam florescido civilizações cujos vestígios continuam soterrados às margens dos lagos e dos rios, nos cumes inacessíveis das montanhas ou dispersos pelas florestas densas das planícies. Cumprindo a Lei Cíclica da Evolução, os filhos mais antigos da Atlântida, salvos dos primeiros cataclismos e das tormentas que lhe sucederam e destruíram parte do continente, encontraram nos povos bárbaros e guerreiros, vindos das novas sub-raças, o fim de sua esplêndida trajetória nesta parte do mundo. Deixaram, porém, da sua passagem, os fragmentos de gloriosos progressos, que só os filhos da sexta e sétima sub-raças arianas, a florescer nestas mesmos paragens, dentro de alguns milhares de anos, conseguirão ultrapassar. Ao longo do rio Amazonas, nas margens do lago Titicaca, em Cuzco, em Mato Grosso, em Goiás e na península de lucatã se encontram seus vestígios imorredouros, representados pelas ruínas de cidades imensas e por inúmeras obras de arte, em relação às quais, as deixadas pelos fincas, maias, astecas, fenícios e sumerianos não passam de meros arremedos Sabe-se, pois, que também nesta parte do globo, denominada América précolombiana, se manifestou a Lei Cíclica da Evolução, como não poderia deixar de acontecer, encaminhando para cá aqueles vanguardeiros da humanidade, os Manus, de

que nos falam as tradições.

 

Tal como a história de todos os povos e raças consigna uma série de ações heróicas de um chefe primitivo, inspirado do céu, divindade humanizada, herói e guerreiro, sábio e virtuoso, também as vastas regiões deste hemisfério, impropriamente dito “novo mundo”, tiveram o condão de acolher seres de origem desconhecida. Assim, é que, aos planaltos tropicais do México compareceu um ancião de pele clara, de longas barbas e vestes brancas, com seu bordão de peregrino. Atinge o planalto de Anahuac, aureolado pelo disco do Sol. Era Quetzal-Coatl, o legislador, o Manu, sábio e bom, que trazia nova moral, novo código, nova ciência. Ninguém sabe como apareceu. Todos ignoram como sumiu, após o término de sua missão. Quando, um dia, os nahoas, povo antigo e belicoso, desceram do norte para invadir o vale, onde pontificava aquele homem tão manso, puro e bondoso, passaram a venerá-lo, chamando-o Cuculcan, a “Serpente de Plumas”, a “Ave de Hamsa” ou o “Cisne Branco”, portador da eterna sabedoria.

 

Também no lucatã surge, certa feita, o fundador da civilização Maia. É Itzama ou Zama, branco e venerável como Quetzal-Coatl, e como este, vindo do Oriente.

 

Chamaram-no o “Senhor da Aurora”, divindade solar, portanto, como solar é o mito de todos os Manus na história de todos os povos. Trazia a ciência e a moral, a boa nova de um. ciclo novo. A sua tradição propagou-se, idêntica à de Sumé, dos nativos paraguaios ou o Tamu, dos Caraíbas. Dizem estes, a respeito de sua própria origem, que saíram da terra, pela virtude de Sumé, que das profundezas de misteriosas cavernas, vieram por Ele guiados. É a mesma lenda ou mito dos Dzingaros do centro da Ásia, povo de origem bizarra, como é fácil compreender pela simples observação psicológica de seus decaídos descendentes de hoje.

Os índios caraíbas do Brasil falam da tez branca de Sumé e atribuem sua origem ao Oriente. Dele aprenderam a agricultura e os diversos artesanatos.

 

A Colômbia nos fornece um mito análogo, igualmente de caráter solar. A destruição pelas águas, o dilúvio que tudo levou de roldão, ali também entra como episódio sensacional da epopéia. Assim como os Maias tiveram o seu dilúvio descrito no Codex Troanus, traduzido por Brasseur de Bourbourg, o qual é corroborado pelo texto platônico referente à Atlântida; assim como o hieróglifo da pirâmide de Xoxicalco fala de uma terra destruída pelo oceano, e de seus habitantes mortos e reduzidos à poeira, também a tradição colombiana concernente ao novo Chibcha relata uma tragédia semelhante e uma poética história de seu Manu Bochica.

 

Há muitos milênios, quando a Lua ainda não existia, misteriosamente surge, vindo do Nascente, o Grande Bochica. Tinha a pele branca e a barba longa. Venerável em seu porte hierático, de coração magnânimo, bom, sábio e justo. Encarnava a suprema autoridade sacerdotal e real.

 

Trazia, ao mesmo tempo, o báculo e o cetro. Era um rei e um santo. Vinha com sua esposa, linda, sedutora e flexuosa. Tanto era bondoso e grande de coração o venerável Bochica, quanto perversa e daninha era sua mulher, Chia ou Ubecaimara. A cada gesto do esposo em beneficio de seu povo amado, sempre opunha ela tortuoso e destruidor obstáculo. Tanta perversidade medrava em seu coração que, por virtude de seus encantamentos, pelo poder de sua nefasta magia, conseguiu que o curso do rio Funza fosse obstruído com enormes blocos de pedra. Inundou-se, assim, todo o vale de Bogotá.

 

Morreram os chibchas na transbordante torrente. Arenas se salvaram os que fugiram para as montanhas. Bochica, acabrunhado e melancólico, porém, forte de ânimo, firme em sua missão e grande em amor pelo povo escolhido, enfrenta o perigo e, com seu poder divino, envia Ubecaimara para o céu. Ela tornou-se a Lua. Depois secou o vale de Bogotá, ordenando que fossem retirados os escolhos que impediam o curso normal das águas do Funza. Instruiu seu povo; ensinou-lhe as artes; ordenou que fossem erguidos os edifícios: construiu novamente a cidade. Espancou as sombras da maldade e instituiu o culto solar.

 

A eterna luta entre solares e lunares, a mesma que, conforme os documentos arcaicos da “Sabedoria Iniciática das Idades”, travou-se violentamente na Atlântida, teve neste mito colombiano, um símile de sua trágica história. É Thot-Hermés, no Egito, vencendo Tifon (antecessor do “diabo dos Cristãos”; o Sol vencendo a Lua; o homem subjugando o seu lado esquerdo, o lado lunar, o lado emocional; o espírito dominando a matéria; o bem lutando contra o mal. Assim fundou Bochica a sua dinastia, e quando tudo voltou à boa ordem, estando feliz o povo, retirou-se para uma ermida, onde, segundo a tradição, viveu dois mil anos. Desapareceu tão misteriosamente como havia vindo. É o deus solar dos Chibchas, como Osíris o é dos egípcios. Até hoje a sua reminiscência vive no coração dos colombianos e repercute nos penhascos da cordilheira andina. O viajante indígena, que a passo lento vence as escarpas dos desfiladeiros, através das intempéries, ao ver sua silhueta projetar-se, agigantada, no nevoeiro, crê que se trata do Espírito do venerado Manu, a figura ciclópica e amada do ancestral, ali velando pelo povo querido, cuidando até hoje de suas penas.

Mais para o sul, ainda nos píncaros andinos, onde, isolado, vive o manso pastor, e nos vales ricos das cordilheira, onde disparam os rios provindos das límpidas torrentes, que, nas alturas, brotam das rochas, outra tradição tem lugar. Conta ela que há longínquas e dilatadas idades, na região do misterioso lago Titicaca, vivia um clã de origem ignota, governado por um rei de nome Tupac. De uma ilha do famoso lago de azuladas e plácidas águas surge um dia, majestoso e forte, Manco-Capac. Trazia consigo a irmã e esposa, Mama-Coia. Eram eles os Manus dos Incas. Manco-Capac era branco.

 

Usava longas barbas. Dirigiu-se ao Peru e lá instituiu a governança teocrática. Pregou uma ética. Fundou uma nova moral. Revelou aos seus eleitos os mais recônditos segredos da Natureza. Ensinou as artes. Rumou para Manchu-Pichu, à frente do seu clã, semente fresca e úbere da raça nova. Falava um idioma desconhecido, o único usado em sua corte sacerdotal. O quíchua era a língua desse povo, bem diversa do quichê, falado por algumas tribos Malas da América Central. De onde vinha? Ninguém o sabe. Teria subido o Amazonas até o Titicaca? Surgiria das águas do lago, como das águas surgira Naraiana, a divindade védica? Teria vindo pelo Brasil? Brotaria de alguma recôndita caverna... onde longamente me ditara, antes de vir dirigir o seu povo? Desse casal originou-se toda uma dinastia de reis sábios, a dinastia dos Tupacs, dos quais o mais notável foi Tupac-Capac VII.

Manchu-Pichu, um dos mais incompreendidos sítios do mundo, guarda em seus monumentos, no simplicidade de suas arcaicas ruínas, a lembrança do esplendor passado. Em suas rochas inscreveu-se uma epopéia. Nelas ressoa até hoje, com o mesmo calor, a voz do Manu glorioso. Qual phoenix, ali fulgirá novo ciclo, acompanhando a civilização que há de florescer nesta parte do mundo, em que o Brasil tem quinhão privilegiado e onde uma obra manúsica, em verdade, faz a Sociedade Teosófica Brasileira, instruindo e advertindo o povo sobre o futuro que aguarda os nossos descendentes, para os quais devemos voltar todo o nosso carinho. Não é por outra razão que seu lema: “Spes messis in semine” é eloqüentemente afirmado. Não é outra a razão pela qual se levantou este Movimento, como “Arauto da Nova Era”, ou a “Missão da Sétima Sub-Raça do Ciclo Áries”.

 

No Brasil e no Paraguai, os Tunis e os Guaranis adoravam a Tupã, o grande Deus que ensinara a seus ancestrais as artes da agricultura e o uso do fogo. Entre os nossos indígenas, o folclore a respeito de suas divindades primitivas é rico de poesia e de simbolismo. Tamandaré, o Manu Tupinambá, cujo mito, posto em letra de fôrma pelo imortal José de Alencar, mostra, mais uma vez, a uniformidade da história nas crônicas ameríndias, sobre a vinda de um Manu, um dirigente de raça, relacionado com um cataclismo pelas águas, que outro não foi senão o da Atlântida. Conta o índio, bela musa alencarina:

 

 “Foi longe, bem longe dos tempos de agora. As águas caíram e começaram o cobrir a terra. Os homens subiram ao alto dos montes; um só ficou na várzea com sua esposa.

Era Tamandaré; forte entre os fortes; sabia mais que todos. O Senhor falava-lhe de noite; e de dia ele ensinava aos filhos do tribo o que aprendia do céu.

Quando todos subiram aos montes, ele disse: - Ficai comigo; fazei como eu e deixai que venha a água.

Os outros não o escutaram; e foram para o alto; e o deixaram na várzea com sua companheira, que não o abandonou.

Tamandaré tomou sua mulher nos braços e subiu com ela ao olho da palmeira; aí esperou que a água viesse e passasse, a palmeira dava frutos que os alimentava. A água veio, subiu e cresceu; o Sol mergulhou e surgiu uma, duas e três vezes. A terra desapareceu; a árvore desapareceu; a montanha desapareceu.

A água tocou o céu; e o Senhor mandou então que parasse. O Sol, olhando, só viu céu e água, e entre a água e o céu, a palmeira que boiava levando Tamandaré e sua companheira.

A corrente cavou a terra; cavando a terra, arrancou a palmeira, subiu com ela:

subiu acima do vale, acima da árvore, acima da montanha. Todos morreram. A água tocou o céu três sóis com três noites; depois baixou; baixou até que descobriu a terra.

Quando veio o dia, Tamandaré viu que a palmeira estava plantada no meio da várzea; e ouviu a avezinha do céu, o guanimbí, que batia as asas. Desceu com sua companheira e povoou a terra. (Reminiscência do mito de Noé).

 

Como conseqüência dos cataclismos que destruíram a Atlântida, determinando as migrações e o aparecimento dos vários Manus em lugares e épocas diferentes, vemos que grande parte dos habitantes da Terra é ainda vestígio daquela quarta Raça-Mãe,  compreendendo os chineses, os polinésios, os húngaros, os bascos e os índios das duas Américas. Estes últimos, caídos em estado de selvagismo.

As sub-raças da raça Atlante foram:

1. os Romoahal, povos pastores, que emigraram sob a direção dos reis divinos;

2. os Tlavatli, de cor amarela, civilização pacífica sob a égide de seus instrutores,

os reis divinos

3. os Toltecas, de çôr avermelhada (escura), belos, de estatura elevada; poderosa civilização, povo essencialmente guerreiro e colonizador;

4. os Turânios, raça guerreira e brutal (designados nos antigos documentos

hindus com o nome de Rakshasas);

5. os Semitas, povo turbulento que deu origem à raça judia, na 5ª raça-mãe;

6. os Acádios, migradores, espalharam-se pela bacia do Mediterrâneo; deram nascimento aos Pelasgos, Etruscos, Cartagineses, Citas, etc.;

7. os Mongóis, procedentes dos Turânios, povoaram principalmente o norte da Ásia.

 

Essas sub-raças contribuíram de modo incisivo na formação da quinta raça-mãe, a Ariana, cuja primeira sub-raça, como foi dito, estabeleceu-se há cerca de 850 mil anos, ao norte da Índia. Adotou por religião o hinduísmo primitivo, com as Leis do Manu e as Leis das Castas. A segunda, denominada Ario-semítica ou Caldaica, atravessou o Afeganistão e dispersou-se pelas planícies do Eufrates e da Síria. Sua religião foi o Sabeísmo; senhores das forças e dos segredos da alta magia; seus rabinos assombraram o mundo com os “milagres” que provocaram. A terceira, por nome Irânica, conduzida pelo primeiro Zoroastro, estabeleceu-se na Pérsia e daí desceu à Arábia e ao Egito. Sua religião foi o Zoroastrismo, Parsismo ou Mazdeismo, há mais de 8 mil anos a.C., sub-raça que estadeou a pureza, com suas cerimônias do Fogo, símbolo do Deus supremo. Constituída de irânicos moralizados pela palavra redentora de Zaratrusta, procuravam pautar a vida nos moldes de uma sublime trilogia: Hu-Matten, Hu-Varsten e Hu-Hukhten, significando Bons Pensamentos, Boas Palavras e Boa Ações, que era a essência do Zend-Avesta. Quem a realizasse, passava a ser chamado Ashaven, o Senhor da Pureza.

 

A Céltica, ou quarta sub-raça, conduzida por Orfeu, habitou a Grécia, a Itália, a França, a Irlanda e a Escócia, constituindo os celebérrimos povos de “Tuatha de Dananda” ou Jinas, devotos de Deus Dan, Djan, Dzian, Diana ou Djin, que nas velhas línguas do tronco indo-europeu, turânico e semita, significava: “o conhecimento obtido pela meditação, a percepção direta dos nôumenos, etc.”. A mitologia apresenta Orteu como filho de Eagro e da musa Calíope. A tradição esotérica o identifica como Arjuna, filho de Indra (misticamente) e discípulo de Krishna. Percorreu o mundo ensinando às nações a sabedoria e as ciências e estabelecendo os Mistérios. Mesmo a lenda de haver Orfeu perdido sua esposa Eurídice e depois encontrá-la no Hades, o mundo inferior, sugere outro ponto de semelhança com a história de Arjuna, que vai ao Potala (Hades ou Inferno, mas em realidade aos antípodas ou América), onde encontra a Ulupi, filha do rei Nâga e se casa com ela. Orfeu, com seu gênio e espiritual inspiração, deu novo poder ao verbo solar de Apoio, por meio dos Mistérios de Dionísios.

 

Já a quinta sub-raça, chamada Germânica, a cujo declínio assistimos, emigrando da Europa central, espalhou-se por todo o mundo contemporâneo. Há milhares de anos atingiu o apogeu de seu desenvolvimento, deixando desse passado remoto e votivo as tradições que ainda hoje fulguram nos cânticos sublimes dos Eddas, nos Sagas nórdicos e na linguagem dos símbolos de seu alfabeto sagrado, as “Runas” que, ao contrário do que pensam os sábios modernos, remontam às eras esquecidas do esplendor dessa sub-raça. As traições dos Nibelungos falam de Wottan esculpido num galho do carvalho “Iggdrasil” – a árvore da sabedoria primitiva – as Runas mágicas que lhe deram o domínio sobre as forças da natureza, quando ele fez a “lança dos pactos”, destacando-a do tronco milenar.

 

Assistimos agora o desabrochar da sexta sub-raça, a qual terá o mental (manas) desenvolvido como veículo da intuição (budi), cujas sementes foram lançadas na América do Norte pelos Adeptos da Linha Mória e por Helena Blavatsky. Porém, razões transcendentes, que ainda não nos é dado divulgar, estão a conduzi-las para o Planalto Central do Brasil, onde, a 21 DE ABRIL DE 1960, data gloriosa para o nosso país, assistimos à inauguração de BRASÍLIA , a nova capital, espetacularmente erigida nas imediações do lugar onde, há milênios, teria existido a “Cidade dos Telhados Resplandecentes”. O trabalho de fixação desta sexta sub-raça naquele planalto, será o apoio material para o advento da espiritual sétima sub-raça no Sistema Geográfico Sul-Mineiro, que será a portadora do mental (manas) intuição (budi), como veículos do princípio crístico universal (atmã).

Coroando o trabalho dos Manus, maiores e menores, os Senhores da Arvore da Vida, cristalizam-se ciclicamente, tornando-se objetivos e transmitindo seu verbo através dos Bridas, dos Bodisatvas, dos Adeptos, dos Santos e dos Sábios. Estes, tonificam as almas e aceleram a marcha das civilizações, empenhando suas forças em dois campos distintos: um, exotérico, agnóstico, manifesto, que passa a constituir as grandes religiões; o outro, esotérico, gnóstico e secreto, que inspira os movimentos filosóficos e artísticos, fazendo vibrar as lutas políticas e sociais.

 

Além do Hinduísmo ou Bramanismo e do Zoroastrismo, também chamado Parsismo ou Mazdeismo, já citados, a história assinala importantes surtos religiosos, alguns mais teológicos, tais como o Jainisrno, fundado por Rishabhadeva e 28 outros grandes profetas chamados Djinas (conquistadores), que se localizou na Índia; o Budismo, tão difundido na Índia, na China e no Japão, fundamentado nos ensinamentos do heróico e sábio príncipe Sidarta, de Kapilavastu, depois cognominado Gautama, o Buda, 600 anos a.C.; o Cristianismo, surgido na Palestina mediante o Verbo do Grande Iluminado que foi Jeoshua Ben Pandira; o Islamismo, fundado a 29 de agosto de 570 por Materna e tendo por base de operações a Arábia e a Síria; e, por fim, o Sikismo, no século XV da nossa Era, tendo por propagador o Guru Nanak e nove outros profetas, e ainda, como palco de seu ensinamentos, a Índia.

 

Ao par desse movimento exotérico das religiões, ordens secretas inspiravam, com seu esoterismo, outros trabalhos de natureza filosófica, política e social. Assim, é que, orientando a obra de Ram, na Índia, e a epopéia narrada no Ramaiana, havia a secretíssima Ordem do “Dragão de Ouro” citada no livro “Sanctum Sanctorum” de Fra Diávolo e trazido a lume numa revelação Jina da obra póstuma do insigne teósofo Mário Roso de Luna, intitulado “Los Montes Santos y sus Mistérios”, no qual faz também referência ao livro “Choan Chin Chang”, que o mesmo “Dragão de Ouro” escreveu com suas prodigiosas garras.

 

Quando os Árias estavam mergulhados na mais profunda noite do obscurantismo da decadência imperial, despontou nos horizontes daquele torrão indiano, o esplendoroso Sol Nascente que se chamou Yezeus Krishna, a fim de restabelecer o mito solar e de restaurar o Império Sinárquico conspurcado pelos Ionidias decaídos. Não podendo ensinar ao povo os grandes mistérios e transmitir-lhes as verdades de seu ciclo, criou a “Ordem dos Traichu-Marutas”, também conhecida com o nome de “Maçonaria Construtiva dos Três Mundos”. Da sua epopéia ficaram os ensinamentos narrados no Bhagavad-Gitâ e em outros episódios do Mahabhârata.

 

Na Ásia houve a “Ordem dos Irmãos Asiáticos”; na Pérsia, a dos “Irmãos do Fogo”; na Caldéia, a dos “Magos”.

 

No ano 1370 a.C., o faraó Amenofis IV ou Kunaton, fundou a “Ordem Rosacruz dos Andróginos”, substituindo o lírio antigo pela rosa e a cruz. Mais tarde, surgiram no Egito a “Ordem dos Teúrgos” e a “Ordem dos Irmãos Africanos”, que posteriormente foi transformada na “Ordem dos Cavaleiros de Albordi”. Kunaton procurava implantar na terra o antigo Reino de Deus, destruindo o culto ao falso deus dos sacerdotes de então, ou seja, Amon-Ra, para substitui-lo pelo verdadeiro, ou Aton. A “Ordem Rosa Cruz dos Andróginos”, como corrente evolucionista, estendeu-se pela Ásia Menor, a Grécia, pelo Império Romano e, finalmente, por toda a Europa. Essa augusta ordem criou a de “Orfeu” que levou para a Grécia os mistérios órficos e a tradição do mito solar, dando origem à mais sublime civilização mitológica. Com o passar do tempo, transformou-se na Escola Pitagórica, que, não encontrando eco no povo desespiritualizado, passou a ser urna ordem secreta. Nesta atitude se manteve até aparecer Platão, o qual, com sua genialidade humana e espiritual, reuniu às ciências iniciáticas do Egito, o cabalismo de Israel e o hermetismo, num conjunto harmonioso, a que deu o nome de Teosofia. Este neoplatonismo alastrou-se por vários pontos da terra, indo até às portas de Alexandria, penetrando na biblioteca dos sete grandes sábios daquela cidade. Amônio Saccas, Platino e outros, deram-lhe um revestimento mais eclético que religioso. Enquanto semelhantes movimentos ocultos se desenvolviam naquela parte do mundo, os da América pré-cabralina foram orientados por outras secretíssimas ordens, que se chamaram: dos “Quíchuas”, dos “Tzentais”, dos “Aimorés”, dos “Guaranis”, etc., assim como a “Ordem do Sol”, entre os Incas, culminando com o retorno à Terra Prometida ou “Avanhënhë” dos Tupis – a terra do bom andamento – da horda atlante homiziada nas Atlantilhas (hoje Antilhas) e trazida pelos navegadores fenícios a esta parte do nosso continente, que formou a raça dos Tupis, nome que na língua mais sagrada da terra ou Agartina, quer dizer “avançados na terra”. Seu reduto atual, cuja civilização é hoje permitida, está localizado na Serra do Roncador, tendo por santuário central e oculto um Templo Atlante, que será objeto de pesquisas dos mais eminentes arqueólogos e do qual se ocupou o Cel. Fawcett, em busca da “Cidade Perdida”. Desse termo e dessa casta indígena, derivaram as denominações de Tupinambá, com o significado de “Povo de Deus” e de Tupiniquins, que quer dizer “Ramo desta Família”.

 

Obedecendo ao itinerário pelo qual a humanidade, através das múltiplas etapas evolutivas, centraliza suas potências máximas de cultura e espiritualidade; no século 9 a.C., entre 900 e 800 a.C., aqui aportaram em seis navios, o imperador tiro-fenício Badezir e seus dois filhos gêmeos, Yetbaal e Yetbaal-bel, com suas cortes.

 

Estabeleceram-se na Baía de Guanabara, numa tentativa iniciática de lançar, em nossas plagas, as bases para a futura sexta sub-raça, ou seja, preparando o Brasil-Fenício para o desabrochar do Brasil-Ibero-Ameríndio, como realmente aconteceu. O imperador Badezir constituiu dois governos, o temporal, abrangendo todo o norte, desde o Amazonas até a Bahia, dirigido por ele próprio, e o espiritual, com jurisdição sobre a parte sul, que se limitando com a parte já citada, estendia-se até onde hoje se denomina Rio Grande do Sul, o qual era chefiado por seu filho Yetbaal (o deus branco).

 

Ora, aconteceu que em épocas remotas, tendo se fixado em Teresópolis os Gurupiras ou Grupiaras, clã que era guardiã dos mais preciosos tesouros iniciáticas da civilização atlante, e que tentava, através das sete regiões sagradas cem os nomes atuais de Barra do Pirai, Marquês de Valença, Paraíba do Sul, São Fideles, Cantagalo, Friburgo e Niterói, redimir a tragédia dos Rutas (Atlântida), foram perseguidos pelos Caacupés, elementos francamente lunares, cujas características comprovavam a sua remota origem lemuriana. Fizeram eles, com que o Manu Mora-Morotim, dos Grupiáras, abandonasse a região serrana de Itapira, ao lado do Aca-Bangu (Dedo de Deus), fixando-se às margens do rio Airuoca, região da fartura, da paz e da felicidade.

 

O trabalho do imperador Badezir e de seus filhos, no restabelecimento desse sistema geográfico, foi interrompido, quando da tessitura espiritual entre o templo interior da Pedra da Gávea, no atual São Sebastião do Rio de Janeiro, ex-capital da República, e a capital fluminense, ou seja, Niterói, termo tupi que faz sonância com o sânscrito Nishtau-ram, significando “Caminho iluminado pelo Sol”, as forças do mal desencadeando os elementos do natureza, fizeram soçobrar a barca em que viajavam os divinos redentores Yetbaal e Yetbaal-bel, cujo sacrifício transformou a Pedra da Gávea em túmulo. Paira, por esse motivo, sobre aquela região, o sinete do castigo – que o carioca de hoje – Caacupé de outrora, assistiria nesta mesma década, não fora a clarividente e acelerada transferência da Capital brasileira para a região destinada pela Lei da Causalidade a fixar as bases da nova civilização.

 

Passaram-se os anos. Eis que surge na Índia, tal qual um lótus nasce no pântano imundo, Sáquia-muni, príncipe de Kapilavastu, chamado Goutama, o Buda, fundador do sistema filosófico que resultou na constituição da religião que mais adeptos conseguiu na face da terra. O objetivo do Budismo era libertar o homem da dor e da roda de Samsara ou dos renascimentos, mediante ensinamentos que se encontram exotericamente no Mahaiana (o grande barco) e esotericamente no Hinaiana (o pequeno barco), suas duas escolas místicas. Combateu a lei das castas, instituída pelos Brâmanes decadentes, que, transformando a casta sacerdotal em parasita do povo, reduziu os párias à condição de marginais da evolução. Restabeleceu o verdadeiro conceito da Lei da Causa e Efeito (carma), e o da transmigração da alma ou dos renascimentos. Como expressão cíclica do quarto Ishwara. cuidou da libertação do homem do mundo dos efeitos, e no aspecto mais culto, teceu a veste Shambogakaica para a manifestação do quinto BodisatvaJeoshua ben Pandira que seria, na sua expressão cíclica, o quinto Ishwara, portador da tríade divina: rigor, revolta e esplendor, redentora do trabalho cármico que pesava sobre o anterior e que eram anátema, tributo e sacrifício.

 

Assim, Ele veio. Mas, o advento do Christus Universal, trazendo também a expressão do sexto Ishwara, de Glória, Justiça e Amor, tinha sido cíclica e ocultamente incentivado por duas Ordens Secretas religiosas da Palestina: a dos Irmãos da Pureza e dos Nazar, inspiradas por Polydorus Isurenus e Mama Shaib, com o objetivo de restaurar na face da terra a sinarquia universal ou império de Melki-Tzedek.

 

Consumada a tragédia, sobraram os paus da cruz, os pregos, o manto inconsútil e a corôo de espinhos, como relíquias materiais daquele trabalho. No Livro-Síntese do grande vidente de Patmos – O Apocalipse – temos a herança espiritual, revelada nas cartas dirigidas aos Dhyan-Choans (Anjos) das sete Igrejas: de Éfeso, Smyrna, Pérgamo, Tiátira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia, circundando a oitava cidade – Jerusalém – onde se encontrava o Templo dos templos. A disposição dessas localidades formava uma espiral em torno da cidade luz, que seria o fulcro do grande trabalho cósmico e terreno. Teria sua expressão espiritual e temporal firmada num trono dual, na velha Roma-Kapura atlante, naquela época Roma Itálica fundada por Romulus e Remus, justamente no dia 21 de abril do ano 2741 a.C. Coincidência ou Causalidade, é a mesma data em que se comemora a Fundação de Brasília e o sacrifício do proto-mártir da Independência política do nosso país.

 

A Obra do quinto Bodisatva não terminou com a tragédia do Gólgota, pois seus discípulos e fiéis correligionários prosseguiram na missão de proteger e redimir a humanidade, dividindo tal obra em duas partes bem distintas: a espiritual e a temporal. A primeira, sob a direção dos sete Seres ligados a ordens religiosas de valor, com raízes no mundo dos mortos. Seus principais elementos diretores eram os Veneráveis José de Arimatéia, Nicodemos e os monges que guardavam os mistérios do Santo Graal. Eram eles os mentores da Igreja Romana e conservaram a tradição do quinto Bodisatva na sua pristina pureza. A segunda, temporal, abrangia exotericamente os assuntos de ordem política, social e religiosa, sob a orientação da Igreja de Roma, cujo clero, influindo nos monarcas, nobres e chefes militares, passou a dirigir os povos, tendo o poder papal conseguido sua unidade Ocidental. Graças ao talento portentoso de São Paulo, o catolicismo romano consolidou-se na terra, bem assim o poder da força simbolizado pela espada do imperador Constantino.

 

As invasões dos Árabes, dirigidos pelos Califas, e a dos Godos, Visi-Godos, Mouros, etc., havidas na península Ibérica, provocaram uma efervescência cultural na Espanha e no resto da Europa. O neoplatonismo cultuado pelo povo de Mafoma levou novas luzes aos ibéricos. As ciências helênicas, judaicas, árabes, foram ampliadas pelas druídicas ali existentes. O velho mundo rejuvenesceu com a circulação da cultura grecoarábica. Córdoba tornou-se o ponto de irradiação desse novo surto de civilização.

 

Um grupo de homens não identificados reunia-se nas proximidades de certo lugar, conhecido ainda hoje com o nome de São Lourenço dos Anciãos, onde fundaram uma Ordem ultra-secreta, à qual deram o nome de Ordem dos Mariz (Maria, Mória, Mouros, etc.). Seus raros e seletos filiados espalharam-se pelo mundo, como membros dó culto de Melki-Tzedek. As insígnias do Ordem eram uma cruz presa por uma fita verde e encarnada (cores da bandeira de Portugal).

 

Com o predomínio da cultura greco-arábica, a Igreja Romana foi perdendo o seu poder. Já não possuía mais aquela unidade ocidental, firmada por São Paulo e Constantino. O ensino das ciências, das matemáticas, das filosofias, da história e mesmo da teurgia, era ministrado pelos colégios e pelas academias e escolas greco-euroarábicas, que, no verdade, possuíam perfeito conhecimento dessas disciplinas. Toda a vida civilizada concentrava-se, então, nos Impérios Árabe, Muçulmano, Bizantino e Cismático. Tanto os árabes, como es gregos e os judeus conservavam a prática das ciências e das artes da antiguidade helênica. Os principais centros da cultura eram duas grandes cidades, localizadas nos dois extremos da Europa : no oriente, Constantinopla, ornamentada com a residência do Imperador, a do Patriarca, os tradicionais minaretes, luxuosos palácios, a Basílica de Santa Sofia e enormes muralhas; no ocidente, era Córdoba, sede do governo e residência do Califa Árabe, contando meio milhão de habitantes, 600 mesquitas, 21 bairros populosos e possuindo adiantados centros de estudos.

 

Por volta do sétimo século, os Reis Francos começaram a perder o poder unitário. Os condes, os chefes militares, os príncipes e os duque3 passaram a governar à revelia do poder central. Houve um desmembramento do império e do poder católico. No século oitavo, ante a decadência dos povos europeus, apareceu Carlos Magno, empunhando sua poderosa espada, como um grande defensor do poder papal. Apoiado pela Igreja de Roma e baseado na sua herança, ousa estender seus tentáculos pelo Orbe. Dominou a França, parte da Espanha, a Itália, a Alemanha e a Inglaterra, onde pontificara o Rei Artus (nascido no fim do quinto século) com os célebres doze Cavaleiros da Távola Redonda e coincidentemente tomando parte em 12 batalhas em favor da coroa real inglesa. E por falar em Rei Artus, façamos um retrospecto até o século onde avulta o trabalho militar desse grande Rei e seus Doze Cavaleiros, como um reflexo temporal, da espiritual Ordem do Santo Graal, que tendo iniciado o seu Itinerário nas Sete Igrejas do Oriente, citadas no Apocalipse de São João, portadora do Cálice contendo o SANGUE VIVO DO CRISTO, se transladara para as igrejas do Ocidente, também em número de sete, que eram: Santa Maria Maior, em Roma (Itália), Catedral de Bruges (Bélgica), Abadia de Westminster (Londres, Inglaterra), Sé Patriarcal (Lisboa, Portugal), Catedral do México (Cidade do México), Catedral do Salvador (Bahia, Brasil), e atualmente em lugar a ser em época oportuna revelado.

 

O esplendor de Córdoba, resultado da penetração no Ocidente, da cultura do Islã, cuja semente fora lançada por Mafoma, bem como o de Constantinopla, atraíram as vistas ambiciosas do grande imperador Carlos Magno, que, aproveitando-se da fraqueza militar dos povos em decadência, provocada pelas invasões periódicas, estendeu seu domínio aos pontos principais da Europa. irrompeu pelo oriente médio, chegando até às portas da Índia, onde faleceu.

 

Seu trabalho, no entanto, encheu uma época e definiu um símbolo: o de verdadeiro príncipe dos encantamentos e da “feérie”, com seus Doze Pares de França – um significado oculto dos 12 signos do Zodíaco. Seu reino é como uma parada solene e brilhante, entre a barbárie e a idade média; é uma aparição de majestade e de grandeza, que lembra as pompas do Rei Salomão. Nele, o Império Romano, passando sobre as ruínas gaulesas e francas, ressurge em todo o seu esplendor; nele também, como num tipo evocado e realizado por adivinhação, mostrou-se de antemão o império perfeito das idades da civilização amadurecida, império coroado pelo sacerdócio e apoiando seu trono contra o altar. Com esse imperador, tiveram início a “era da valaria” e a epopéia maravilhosa dos romanos.

 

Carlos Magno teria sido dirigido e orientado por Ordens Secretas e Iniciáticas, conhecedoras dos grandes mistérios da vida humana. Procurou preparar o Itinerário de IO, o caminho seguido pelas Mônadas ou as Hordas provindas do Pamir, a fim de derramar, sobre o Ocidente, os prodigiosos ensinamentos relativos ao Ciclo do Nascimento do Grande Avatara, o Supremo Rei Universal.

A ação construtiva do islamismo levou Roma a cogitar da organização das Cruzadas. Partiram da Europa logo após a derrota dos Cristãos pelos Turcos. A Primeira Cruzada foi enviada ao Oriente Médio sob a chefia de Frederico de Bouillon. Quando chegam à Ásia Menor tiveram contato com seres de imenso valor intelectual e espiritual. Grande número de Cruzados inteligentes, preferiu instruir-se ao invés de combater, estupidamente, por um ideal sem objetivo prático e evolucional. Desses Cruzados de escol saíram as Ordens de Jerusalém ou do Cristo e a dos Templários.

 

Os Templários espalharam-se por toda a Europa. Trabalhavam para a implantação da sinarquia. Possuíam esplêndida organização e visavam dois fins:

a. constituição do que se poderia chamar Estados Unidos da Europa;

b. distribuir instrução pública obrigatória e gratuita. O desenvolvimento dessa Ordem, na Europa, pôs em perigo o poder papal, porque o número de analfabetos estava diminuindo.

Felipe IV, “O Belo”, então rei de França, tendo já dissipado tudo o que havia pilhado aos lombardos e aos judeus, sem conseguir, todavia, a unificação da França tradicional de Carlos Magno, tentou apossar-se das imensas riquezas dos Templários, originadas dos vencidos nas guerras de religião e de conquista e de doações que recebiam de príncipes e senhores feudais, pelo auxilio que prestavam a esses na expansão de seus domínios. Repelido em suas pretensões pelo papa Bonifácio VIII, cuja bula expedida em 5 de dezembro de 1301, faz queimar em praça pública, convoca o conclave que elege o arcebispo de Bordeus, Bertrand de Got, com o nome de Clemente V. Conseguido o “sócio” para a grande aventura, o novo Pontífice, sem forças para repelir as despudoradas imposições de Felipe IV, rei de França, consuma o grande crime, expelindo a bula “Ad providam Christi” que sanciona a torpíssima resolução do concílio de Viana mandando suprimir a Ordem do Templo com a entrega de todos os seus bens aos “Hospitalários”, Ordem sem expressão, submissa às imposições do monarca ambicioso e sem escrúpulos. Possuíam os Templários excepcionais privilégios em Portugal, onde reinava D.Diniz, rei atilado e previdente que, compreendendo os desígnios do rei de França em relação ao Templários e a pusilanimidade de Clemente V, incapaz de se erguer à altura moral de seu predecessor Bonifácio VIII, criou a Ordem Militar de Cristo, por carta régia de 15 de novembro de 1319, para onde transferiu todos os privilégios e bens materiais dos Templários, cujos heróicos esforços enaltecia pela ajuda recebida para expulsão dos mouros das fronteiras de Portugal.

 

Com a morte dos chefes templários, inclusive Jacques de Molay, desapareceu a Ordem do Templo que, fundada no ano de 1118 de nossa era, foi destruída em 1312. Das suas cinzas surgiram as ordens da “Cruz de Malta”, da “Cruz de Cristo”, de “Avizo outras que tiveram seu papel em épocas posteriores.

 

Convém notar que já no século XI encontramos os Franco Juizes, da Alemanha, que diziam existir desde a época de Carlos Magno. Combatiam o Catolicismo e, muitas vezes, levaram a guerra às portas de Roma. Protegiam as instituições difusoras dos ensinos trazidos pelos Árabes.

 

Nos séculos seguintes, intensificando-se a expansão do Islamismo e dos ensinos árabes que, das Universidades da Espanha iluminavam toda a Europa, libertando o Espírito Humano do poder do Cura e do poder feudal, revelou-se a instituição denominada “Monges Construtores”, encarregada das construções e ornamentações das igrejas e catedrais do Catolicismo. Eram Seres de grande saber e Iniciados nos grandes mistérios.

 

Graças a essa Ordem encontramos em várias igrejas símbolos pagãos, maçons, cabalistas, etc., tendo esculpido as cabeças de certos bispos e cardeais, disfarçados em demônios, nessas portentosas entradas de igrejas e catedrais do mesmo Cristianismo, dentre elas a de Notre-Dame, de Paris. Essa Ordem preparou o ambiente para a vinda dos ROSA-CRUZES, da Alemanha.

Todas essas Sociedades formavam uma, vasto núcleo que fazia estremecer, cada vez mais, a Humanidade, à medida que o poder do Rei se aproximava do absolutismo.

 

Foi o momento em que apareceram misteriosos Seres que realizavam curas verdadeiramente miraculosas; mas que ao invés de pedirem dinheiro, de explorarem o próximo, ofereciam oiro do mais puro ou verdadeiro; foram os ROSA-CRUZES, cuja História é por demais secreta para ser aqui revelada. Por isso mesmo, tudo quanto se conhece hoje com esse nome não passa de mistificação ou mentira.

 

Seguindo seu Mestre Fundador, KRISTIAN ROSENKREUTZ, que tentava disseminar na Alemanha os velhos ensinamentos iniciáticos, baseados nos princípios eubióticos, a fim de trazer a felicidade ao povo, os propagadores desse movimento não encontraram eco na mente e no coração do público e dos nobres. Tendo sido seu fundador muito perseguido, devido à reforma moral, intelectual e espiritual que procurara implantar entre os povos da Europa, o movimento falhou, adaptando então seus princípios ao Cristianismo vigente.

 

A FRATERNIDADE ROSA-CRUZ tinha sete discípulos, os quais se espalharam por diversos pontos da terra. Esses, reuniam-se de vez em quando em determinada capelinha, próxima de Eifurt, na Alemanha, de nome “Capelinha do Espírito Santo”.

 

A ROSA-CRUZ viveu 120 anos, secretamente. Em 1614 foi publicado, na Europa, seu primeiro trabalho, em fascículo, cujo nome era “La Fama Fraternitat”, onde está a biografia de Kristian Rosenkreutz e a organização da Ordem, bem como o trabalho realizado no mundo.

Nota : Em próximo trabalho dissertaremos sobre a natureza oculta que as demais Ordens Secretas, a partir do Rosacrucianismo, pretenderam realizar em relação à América e, principalmente, ao nosso país.

 

OCULTISMO E TEOSOFIA

Laurentus

Maçons do Brasil! Maçons de Todas as partes do Globo! Quem vos dirige a palavra é hoje Teósofo para vos dizer que HIRAM, – o filho da viúva, ressuscitou... E traz consigo o mais precioso de todos os símbolos, que é o do excelso TETRAGRAMATON como expressão ideoplástica do Homem Cósmico que é JEHOVAH!

HIRAM, KUNATON, CHRISTIAN-ROSENKREUTZ, S. GERMANO! Pouco importa o nome, pois que “Ele já veio e vós não o reconhecestes”... Mas, em breve, Ele voltará à sua Santa Morada, para fazer jus à antiga palavra Franco-Maçônica VITRIOL – composta de sete letras com a qual era formada a frase mais secreta que se conhece, verdadeira “Palavra de Passe”, cujo sentido real até hoje não foi decifrado, senão por Aqueles que têm o direito de penetrar no mais sublime de todos os Tabernáculos:

VISITA INTERIORA TERRAS RECTIFICANDO INVENIES OMNIA LAPIDEM.      

JUSTUS ET PERFECTUS