Cadeias, rondas e sistemas – As Sete Raças

Artigo publicado no jornal Diário de São Paulo
Autor: SBE
Data: 18 de fevereiro de 1962


PARTE I

"Desde os ensinamentos de Helena Petrovna Blavatsky sabemos que a Humanidade atual se situa na Quarta Cadeia, na Quarta Ronda, no Quarto Sistema Evolucional. É preciso ainda estarmos de pleno conhecimento que esses períodos de Cadeias, Rondas e Sistemas adotados pela Sabedoria Iniciática das Idades não abarcam exclusivamente as formas vivas que estamos acostumados a ver nos compêndios de Paleontologia. Essas divisões compreendem períodos imensamente maiores, atingindo épocas que somente agora a ciência começa a vislumbrar. Assim, tais formas, embora até hoje nem sequer suspeitadas pelos cientistas, não deixaram de constituir pegadas indeléveis no fantástico caminhar da Mônada. Há mais de sete lustros que o professor Henrique José de Souza, dirigente supremo da Sociedade Teosófica Brasileira (hoje SBE), através dos ensinamentos – verdadeiras revelações – vem procurando ministrar tais conhecimentos necessários à preparação da Humanidade para a Era de Aquárius, conhecimentos que a própria Helena Petrovna Blavatsky, notável autora de obras tão notáveis, não pôde em seu tempo divulgar, embora anunciasse a vinda de alguém no início do século XX, que teria o direito de fazer". (transcrito de trabalho publicado em "Dhâranâ", Órgão Oficial da Sociedade Teosófica Brasileira, nº 13 e 14, Janeiro a Junho de 1960)

O presente trabalho, por sua vez também calcado nos ensinamentos do nosso Venerável Mestre, tem por escopo reproduzir uma de suas magníficas lições, onde procuraremos abordar os fatos relacionados com as Sete Raças-Mães e respectivas Sub-Raças, agora que nos encontramos já na 5ª Sub-Raça da Quinta Raça-Mãe.

A Raça-Mãe, Etérica ou "Filhos da Ioga", sob a regência do planeta Sol, denominada Adâmica, pertenceu ao que os geólogos denominam de Era Primitiva (sistemas Arqueano e Algonquiano). Habitou o Jambu Dwipa, hoje calota polar norte, segundo a denominação dada pelos Puranas, livro sagrado da Índia. Descendeu dos Pitris Barishads ou Progenitores Lunares sob a égide de Netuno. Não foi gerada fisicamente, mas formada pelo divino poder mental ou Kriya-Shakti, Filha dos deuses ou Elohim, enquanto mergulhados na meditação do Ioga, teria sido astral e traria o princípio espiritual Atmã, cego, como princípio interior, apresentando rudimentos do sentido auditivo e respondendo aos impactos do fogo. Sua aparência nada mais era do que formas (Bhutas) frustras, filamentosas, de cor prateada, sem sexo, formas quase protistas, que saíram do corpo sutil dos seus progenitores – os Elohim. Quase sem consciência, tanto podiam viver em pé, como caminhar, correr e voar. Assexuados, a reprodução, tal como nos protozoários, se fazia por cissiparidade (a princípio dividiam-se em duas partes iguais (metades). Mais tarde em partes desiguais, fazendo surgir descendentes menores que cresciam, por sua vez, e produziam, pelo mesmo processo outros descendentes).

A Raça-Mãe, a Hiperbórea, da Era Primária, regida pelo Planeta Júpiter, que se teria desenvolvido entre os sistemas Cambriano e Siluriano, correspondendo ao continente Plaska Dwipa dos arquivos ocultos, ocupou o norte da Ásia, a Groenlândia, o Spitzberg, uma parte da Suécia, da Noruega e das Ilhas Britânicas. Era descendente dos Progenitores Solares ou Pitris Agnisvatas, sob a influência de Urano e ainda gerada pelo mesmo processo da Raça anterior. Possuía corpo etérico e trazia o princípio Búdico ou Intuição ligado a Atmã, juntando o sentido do tato ao da audição, respondendo aos impactos do ar e do fogo. Como a que lhe antecedeu, eram formas mal definidas, filo-arborescentes, com reflexos brilhantes, ígneas, de cor avermelhada, com tonalidades douradas, insinuando aspectos ora animais, ora quase humanos. Reproduziram-se, a princípio, como na primeira raça, ou seja, por cissiparidade, conforme os protozoários, para, numa segunda fase, chamarem-se "nascidos do suor", com vaga manifestação dos dois sexos, donde o apelido de andróginos latentes. Observamos então que, quanto ao aspecto, os "espíritos da natureza" construíram a esse tempo, em torno dos "Chayas", moléculas mais densas de matéria, formando uma espécie de escama exterior. Desse modo, o "Chaya" exterior da 1ª Raça passou a ser o interior da 2ª, para não dizer o seu "duplo etérico" – algo assim como se disséssemos que uma roupa nova foi vestida por cima da velha... Tais Raças-Mães, pela peculiar constituição de seus indivíduos, não eram fossilizáveis. Assim, jamais a Ciência poderia descobrir qualquer vestígio de antepassado "pitecóide do homem primitivo", simplesmente porque este possuía apenas um corpo etérico-astral (Chaya), ou seja, sem esqueleto.

A Raça-Mãe, a Lemuriana, habitou o terceiro continente, Shalmali Dwipa, que os geólogos conhecem por Gondwana e a geologia situa entre as Eras Primária e Secundária e nos sistemas Devoniano, Carbonífero, Permiano, Triássico (apogeu da Lemúria), Jurássico e mesmo Cretáceo. Surgiu pela modificação ocorrida com a emersão da imensa cadeia do Himalaia. Mais ao sul, os continentes se elevam, para leste, ao lado do Ceilão, da Austrália até a Tasmânia e a Ilha de Páscoa; para oeste, até Madagascar. Uma parte da África emerge igualmente. Dos continentes precedentes, a Lemúria conserva a Suécia, a Noruega e a Sibéria. A Atmã e Budhi, princípios já desenvolvidos nas duas Raças-Mães anteriores, infundiu-se o mental (ou Manas), por mérito dos Pitris Kumaras ou Luciferinos. Alcançou-se um estado de consciência que responde aos impactos do ar, do fogo e da água, formando o sentido da visão, acrescentando aos da audição e do tato das duas Raças anteriores. Os órgãos visuais desenvolveram-se durante a evolução da Raça Lemuriana. No começo era um olho só, no meio da fronte; mais tarde se formaram os dois olhos, porém, estes somente foram utilizados na Sétima Sub-Raça (entretanto, apenas na 4ª Raça-Mãe, chamada Atlante, é que eles se tornaram o órgão normal da visão, processando lentamente a interiorização do "olho central". Este passou a constituir a chamada glândula pineal, cujas funções e secreções os próprios endocrinólogos ainda desconhecem). Possuíam tais seres, além daquele olho frontal, mais dois orifícios na face: um, correspondendo às narinas e outro relacionado com a boca. É sob a égide dos Planetas Vênus e Marte que a 3ª Raça-Mãe obtém o mental, com o consequente desenvolvimento do cérebro e, de modo geral, o sistema nervoso da vida de relação. O desenvolvimento do cérebro fez surgir o raciocínio e, portanto, o sentimento de Ahankara ou de egoidade (eu sou), permitindo que a "alma grupo", produto do trabalho dos Pitris das Raças anteriores, se individualizasse, surgindo as idiossincrasias, os obstáculos de toda sorte à evolução de cada homem, aparecendo na Terra o Bem e o Mal. Não possuíam intuição individual alguma: obedeciam estritamente e sem esforço a qualquer impulso provindo dos Reis Divinos, sob cujas ordens construíram "grandes cidades", monumentos e Templos Ciclópicos (seus fragmentos subsistem ainda na Ilha de Páscoa e em outros lugares do Globo). Durante a primeira e segunda Sub-Raças da 3ª Raça-Mãe ou Lemuriana, a linguagem consistiu, apenas, em gritos de dor e de prazer, de amor e ódio; na terceira Sub-Raça a linguagem tornou-se monossilábica. As formas humanas então existentes ainda se reproduziam como os "nascidos do suor", um dos três tipos principais de reprodução, igual aos das primeira e segunda Raças-Mães, nos seus primórdios; os sexos são, apenas na segunda Sub-Raça, desvendados e as criaturas nitidamente andróginas, tendo distintamente o tipo humano; posteriormente, como segundo tipo de reprodução, produziram-se hermafroditas bem desenvolvidos desde o nascimento e capazes de se moverem ao saírem do ovo. Suas formas serviram de veículos a uma Jerarquia de Seres, veladamente designados em muitas obras teosóficas como "Senhores de Vênus"... na verdade Barishads e Agnisvatas... por sua vez, veículos para a ação de Assuras e Kumaras... na transmissão do germe do "Mental Emocional" (Kama-Manas), do princípio já mencionado de egoidade (Ahankara) e (polarização de Prana) separação dos Sexos, sob a égide de Marte. Na 4ª Sub-Raça, um dos sexos começou a predominar sobre o outro e, pouco a pouco, começaram a sair do ovo, distintamente, machos e fêmeas; os filhos passaram a exigir mais cuidado e, nos fins desta Sub-Raça, eles já não podiam caminhar sozinhos ao sair do ovo. Na fase seguinte, ou seja, num terceiro tipo de reprodução, continuam nascidos do ovo (5ª, 6ª e 7ª Sub-Raças), porém, pouco a pouco, o ovo é retido no seio materno; nas 6ª e 7ª Sub-Raças, a reprodução sexual se torna universal e a gestação se processa intra-uterina. As paixões sexuais tornaram-se poderosas depois da separação dos sexos: alguns Agnisvatas e Barishads (Pitris Solares e Lunares) foram atraídos por elementos de classe inferior (menos evoluídos), com os quais produziram tipos também de pouco valor. Daí, o primeiro conflito entre os Pitris que ficaram puros e submissos às Leis da Divina Jerarquia e os que cederam ao prazer dos gozos sexuais. Os mais puros emigraram, pouco a pouco, para o Norte; os corrompidos foram para o Sul, Leste e Oeste, aliando-se aos grosseiros elementais, tornando-se adoradores da matéria, lançando o germe da "queda Atlante" posterior, de cuja Raça foram os pais. As imagens destes gigantescos lemurianos foram mais tarde adoradas nas 4ª e 5ª Raças, como Deuses e Heróis... e disto encontram-se vestígios na mitologia de todos os povos, principalmente dos gregos. Os aborígenes da Austrália e da Tasmânia provêm da 7ª Sub-Raça Lemuriana; os malaios, papuas, hotentotes e dravídicos do sul da Índia surgiram de uma mistura desta última Sub-Raça com as primeiras Sub-Raças Atlantes. Todas as raças nitidamente negras possuem ascendência Lemuriana. No decorrer dos tempos, o Continente Lemuriano teve de suportar numerosos cataclismos, consequentes de erupções vulcânicas e tremores de terra; uma enorme depressão começou na Noruega e o antigo continente desapareceu durante algum tempo sob as águas. Tendo surgido há cerca de 18.000.000 (dezoito milhões) de anos no Siluriano da Era Primária, foi quase totalmente destruído por uma grande convulsão vulcânica, na Era Terciária, cerca de 700.000 anos antes do Eoceno, não restando senão alguns destroços como a Austrália, Madagascar e as Ilhas de Páscoa. Em pleno desenvolvimento da Raça Lemuriana produziu-se uma extraordinária mudança de clima, que fez desaparecer os últimos vestígios da 2ª Raça-Mãe (hiperbórea), assim como os representantes dos primeiros tipos da 3ª Raça-Mãe. Da Raça Lemuriana são as estátuas que se encontram na Ilha de Páscoa e cuja altura variando de 34 a 16 metros, causam a mais viva admiração a arqueólogos e geólogos. As grandes fendas ou aberturas que se notam ainda, nos ciclópicos de várias partes do mundo, explicam a afirmativa de que os "Lemurianos eram de estatura gigantesca". Tais fendas ou aberturas não são mais do que "portas e janelas" de suas "residências".