A MISSÃO DOS SETE RAIOS DE LUZ

OU A SEGUNDA LINHA TEOSÓFICA-BUDHISTA 23

Dhâranâ nº 8 a 12 – Agosto a Dezembro de 1926 – Ano II

Redator : Henrique José de Souza

 

Para que os dharanianos e amados leitores desta revista, possam melhor ajuizar da Missão sublime que nos foi confiada, aos poucos iremos instruindo a todos, principalmente nos pontos que parecem mais obscuros ou incompreensíveis àqueles que não se acham diretamente ligados à mesma.

 

Já está subentendido que nem tudo poderemos revelar ainda, para que a Missão não venha a ser prejudicada com isso.

 

Temos certeza absoluta de que, até mesmo este “pouco” que vai ser divulgado, a começar de hoje, só poderá ser compreendido por um número relativamente insignificante, e mesmo assim, entre os que fazem exceção à regra geral, isto é, entre os que sabem que a Verdade é uma só, embora manifestada de diferentes modos.

 

A nossa situação perante a humanidade, é verdadeiramente difícil, porque pesa sobre os ombros frágeis, o grande fardo da responsabilidade de tudo quanto afirmamos, embora como discípulos, tenhamos que cumprir o nosso dever de levar até o fim da Vereda, a Missão espinhosíssima, mas verdadeiramente divina, que os nossos amados Mestres nos confiaram, em prol da regeneração humana, formando as bases para os alicerces do Grande Edifício da Paz Universal.

 

Portanto, ligar ou não importância às nossas palavras, é do mesmo modo, obedecer Àqueles que dirigem os destinos de todos os homens; e julgar-nos, é querer o “réu” julgar o seu próprio juiz, que ainda uma vez são Eles.

 

Preferindo “sermos escravos dos anjos no céu, para não sermos senhores dos homens na terra”, cumpriremos fielmente o nosso dever, sem tergiversações, sem temores de nenhuma espécie. Os homens que nos perdoem, quando nos nossos atos ou 23 palavras, encontrarem erros ou crimes. Porém, Eles, os Verdadeiros Dirigentes da Missão, que nos julguem, punindo ou amando, na Sua Sapientíssima e Divina Vontade.

 

Avante, pois, amados companheiros de peregrinação, obreiros do mesmo Edifício, até que um dia, novamente reunidos, possamos receber das mãos do mesmo Senhor a Quem todos nós servimos, o salário dos nossos trabalhos de hoje.

...

Vamos dar começo a esta série de Estudos ou divulgação dos Ensinamentos ofertados por Aqueles que nos confiaram a Missão Divina dos Sete Raios de Luz, pelo resumo sintético dos lugares e principais personagens que Nela se acham envolvidos 24.

 

OS SETE RAIOS DE LUZ !

 

A Missão dos Sete Raios de Luz tem este nome, por ser dirigida pelos Sete Mestres ou Representantes dos Dhyans-Chohans 25 no mundo, e cuja repercussão é feita em 7 países diferentes, dentre eles: Índia, Egito, Rússia, Brasil, etc.

 

A Rússia e o Brasil são dirigidos, ocultamente, pelo Mestre R... 26 ou Aquele que para os profanos, daremos o pseudônimo de JUSTUS. O atual Diretor-Chefe de Dhâranâ é seu discípulo desde existências anteriores, principalmente no Egito.

A parte que cabe à Dhâranâ no Grande Concerto Universal da Cadeia Setenária, abrange toda a América do Sul 27.

 

SHAMBALLAH ! 28

 

É o Foco central de onde emanam todas as Irradiações que se espalham pelos sete países acima mencionados, os quais, formando a Grande Cadeia Setenária, circulam o mundo, num “doce e benéfico amplexo fraternal”, a fim de preparar a Aurora da Paz Universal.

Shamballah é o país sagrado dos deuses, berço de Hermés, o Trimegisto (três vezes grande), de Apollonio de Tyana, de Rama Krishna, de Orpheu, de Maitréia, etc, etc.

Está situado à oeste do Himalaia, 45º a 50º de latitude norte, no Deserto de Gobi ou Shamo. Começa no norte da Índia (subsolo), atravessa o oeste do Tibete e parte da Mongólia, onde finaliza com o nome sagrado de cidade de Agharti, pelos que são conhecedores dos mistérios insondáveis que as areias do grande deserto tão ciosamente encobrem às vistas dos profanos.

 

24 Todos os ensinamentos de ordem exotérica (revelada) que nos têm vindo da parte dos nossos Mestres, serão publicados nesta revista, de acordo com as minhas futuras Conferências, cujo Resumo já saiu no número anterior.

25 DHYANS-CHOHANS – Espíritos interplanetários, Inteligências divinas encarregadas da direção do Cosmos, representadas de diversos modos. No Catolicismo, pelos Arcanjos: Miguel, Gabriel, Rafael, etc, etc, e até mesmo nos castiçais ou candelabros com 7 colunas. Na Astrologia, pelos 7 planetas, 7 gênios, etc, etc. A mitra do Dalai-Lama, o Pontífice do Lamaismo, tem sete arestas, em honra dos 7 principais Dhyâni-Budhas. No ritual funerário dos Egípcios, faz-se dizer ao defunto: (já está entendido que o defunto não diz cousa alguma, do mesmo modo que nas missas fúnebres do Catolicismo, o padre diz pelo defunto, juto a eça fúnebre: “De profundis clamavit etc, etc) “Eu vos saúdo, ó Príncipes, que vos encontrais em presença de Osíris... Concedei-me a graça de ver meus pecados destruídos, como fizestes com os 7 Espíritos que acompanham Seu Senhor! A cabeça de Brahmã é ornada de 7 raios de luz,

e isso, por sua vez, seguido pelos 7 Richis nos 7 Svargas”. E assim por diante.

26 No Brasil (para toda a América do Sul), única e exclusivamente Dhâranâ, o 5º Raio de Luz, dirigida ocultamente pelo Mestre R...

27 De futuro, esta revista vai ser publicada em português para o Brasil, e em espanhol para os países da América do Sul. Atualmente, vem sendo distribuída no Brasil, de Norte a Sul, em países sul-americanos, e até mesmo, europeus e na própria Índia.

28

Cidade Santa, no Deserto de Gobi ou de Shamo. Nome do continente imperecível ou Ilha Branca, refúgio dos Grandes Iniciados, e que nenhum cataclismo destruirá (Dicionário “RHEA”, pág. 133).

 

Sub-focos

As Irradiações Divinas que partem do país sagrado de Shamballah, se refletem em algumas Confrarias Budhistas do Norte da Índia, do oeste do Tibete (mosteiros Lamaístas) e em poucas na Mongólia interior (Mongóis do Khoukhou-Noor). 29

 

Grandes Personagens ou DIRIGENTES da

MISSÃO DOS SETE RAIOS DE LUZ !

 

Os Quatro Kumaras 30 que vivem ainda no país sagrado de Shamballah. O MAHA-CHOHAN ou o Supremo Dirigente da Grande Confraria Branca dos Bhante-Yaul, nas vertentes do Himalaia. É um elevado personagem da classe de um Manu ou de um Bodhisatva. Conforme o seu próprio nome indica, trata-se do mais elevado Chohan ou Instrutor.

 

O TESHU-LAMA, ou o grande Senhor que habita o Retiro privado de Tji-gad-jé também conhecido com o nome de Erdemi, é avatar de Tsong-kha-pa do Khoukhou-Noor (Amitabha).

 

O DALAI-LAMA, ou o Pontífice da religião amarela ou Lamaica, em Lhassa, é avatar de Avalokiteshvara e cujo nome significa “Lama Oceano”, devido à Sua Sabedoria ou Oceano de Sabedoria, em relação com o mar de Sabedoria onde hoje é o Deserto de Shamo ou de Gobi. O Dalai-Lama representa a segunda pessoa do Teshu-Lama.

 

MESTRES OU REFLEXOS DOS DHYANS-CHOHANS NO MUNDO

Muito ao contrário do que pensam muitos ocultistas, e até mesmo teosofistas, os Mestres se contam às dezenas, embora aqueles que dirigem a Missão dos 7 Raios de Luz, de acordo com o próprio nome, serem sete.

 

Por enquanto, é-nos vedado falar de todos Eles, a não ser do que se acha em contato direto com Dhâranâ, assim mesmo, fazendo uso do seu pseudônimo ou inicial.

 

O Mestre R... que dirige ocultamente as Ramas do Brasil e da Rússia, representa a Linha Egípcia e além de outros trabalhos ocultos, procura reerguer a Maçonaria. Está em contato “direto” com o grande Mestre fundador da “The Theosophical Society”, H. P. B.

(Cagliostro, Paracelso, Petronio, Phedro, Galileu, etc, etc).

 

Os demais têm trabalhos diferentes, de acordo com as outras Ramas dos países supracitados. Os esforços, ou melhor, a união dos 7, forma a unidade Perfeita.

 

LUZ E SOMBRA !

Ao leitor inteligente e bondoso, parecerá uma verdadeira profanação aquilo que vamos acrescentar neste pequeno estudo ou início de divulgação dos “mistérios” que até então encobriam o nosso verdadeiro meio de ação no mundo Espiritualista, e que somente agora nos foi permitido revelar, por ter Dhâranâ entrado na sua “terceira fase iniciática” (3º ano de existência) e de acordo com as Ordens recebidas do nosso Venerável Mestre.

 

29

Em algumas destas Confrarias se encontram os nossos Ven. Mestres e em duas delas, é que iremos no próximo ano, em visita, ou

melhor, obedientes ao apelo que Eles nos fizeram.

30

Os primeiros KUMARAS, são os 7 filhos de Brahmâ, nascidos dos Membros de Deus, na nona criação. Diz-se que este nome lhes

foi dado, por haverem se negado à procriação. Em Shamballah ainda existem 4, de acordo com a ronda atual.

 

De fato, a Luz não ressai sem a sombra! Como poderíamos reconhecer o Bem, se o Mal não existisse? Desse mesmo modo, ainda nos assiste o dever de acrescentar que, o fator principal do nosso incentivo na prossecução da Obra grandiosa que nos foi confiada, não reside somente na certeza absoluta da Verdade que Ela encerra, e no muito que já nos foi desvendado pelo nosso augusto Mestre, mas, também, no MAL que se nos tem procurado fazer, conscientemente ou não, porque a Vereda do BEM, do Amor, da Verdade, da Justiça, não podia ser, de nenhum modo, reta, lisa e coberta de flores, mas sim, como tem ela sido para nós outros, tortuosa, repleta de espinhos e obstáculos de todas as espécies.

 

Portanto, até mesmo aos nossos inimigos gratuitos, nossos amados irmãos em humanidade, cabe, também, uma parcela de esforços na Grande Missão de Paz, de Luz e de Progresso, entre os homens.

 

Que Eles, os nossos Mestres, únicos atingidos com o Mal que se nos tem procurado fazer, sejam indulgentes e perdoem a todos os inimigos da Obra “que não sabem o que fazem”, pois nós, míseras criaturas, mentes pobres e pequeninas, incapazes de criar um Trabalho tão sublime, tão divino, para o mundo, todo Ele uma verdadeira Apoteose do Grande Amor do Supremo Senhor pelos homens, nem mesmo esse direito nos assiste.

 

Estamos no começo da Obra, embora Ela seja tão antiga quanto o próprio desejo do Grande Senhor dos homens e das religiões.

 

O que será o futuro? Aguardemos todos, a grande surpresa que não tarda no caminho.

Paz a todos os seres.

H. J. Souza

 

Notas: Conforme já explicamos no número anterior desta revista, BUDHISMO escrito com um ‘D’ quer dizer Iluminação, Sabedoria Divina, etc., etc.; BUDDHISMO escrito com dois ‘D’ quer dizer sistema moral e religioso pregado pelo Senhor Gautama.

Veja-se Doutrina Secreta de H. P. Blavatsky.

 

O Budhismo do Norte (Ciência Divina, Iluminação, etc., é aquele que Dhâranâ prega e sob cuja dependência se encontra, aceitando a Missão grandiosa que lhe foi confiada. Todos os Ensinamentos dados por Blavatsky foram aí adquiridos, como também aconteceu a todos os Iluminados, pois o Budhismo do Norte e do Tibete é o Reflexo do país sagrado de Shamballah.

 

Para que se possa avaliar da maneira pela qual o Fogo Sagrado é mantido nas Confrarias budhistas do Norte da Índia e do Tibete, reportemo-nos ao Yogi Ramacharaka (W. W. Atkinson), na sua obra “As Doutrinas Esotéricas das Filosofias e Religiões da Índia, onde ele fala sobre o Budhismo do Norte (págs. 197 e 198):

“O Budhismo do Norte é tão rico em seus ritos e cerimônias, que os primeiros missionários jesuítas que lá chegaram, encontrando o ritual e as formas tão semelhantes a algumas cerimônias e ao ritual da sua própria igreja, declararam que, indubitavelmente, isso era obra do diabo, que tinha inventado o Budhismo como um escárnio da verdadeira religião”.

 

Acrescentamos nós: se o diabo inventou alguma cousa, (perdoem-nos a ofensa) foi o catolicismo, pois sendo o Budhismo anterior àquele, a cópia só poderia ser do Budhismo para o Catolicismo. Não precisa ser muito inteligente para coligir tal cousa. O Budhismo, Iluminação já existia muito antes do Senhor Gautama, o fundador do BUDDHISMO, sistema moral e religioso, etc., e este último, 600 anos antes de Cristo. Daí a asneira do missionário jesuíta.

 

No dicionário português de Frei Domingos Vieira, pág. 830, encontramos o seguinte:

BUDHISMO – Sistema moral etc., etc., e abaixo: NO CRISTIANISMO HÁ MUITOS TRAÇOS QUE REVELAM A INFLUÊNCIA DO BUDHISMO NA SUA FORMAÇÃO.

 

Vejamos, mais ainda, o que diz a obra insuspeita, do missionário católico, Ver. R. P. Huc, figura acatadíssima em toda a França, não só pelo seu alto saber, como grande interesse pela causa do Bem.

 

Na pág. 39, falando das semelhanças existentes entre o Lamaísmo (Budhismo) e o Catolicismo, diz:

“As vestes dum grande Lama (Budha vivo), que é o Superior de cada Lamaseria (Mosteiro Lamaico), são rigorosamente as dum bispo. Mitra amarela, um longo bastão em forma de coroça (croça, báculo episcopal) na mão direita; ombros cobertos por um manto de tafetá violeta seguro no peito por uma fivela.”

Nas págs. 45 e 46, diz:

“Por mais superficialmente que se examinem as reformas do Tsong-Ka-Pa no culto lamaico, não se pode deixar de notar as semelhanças com o catolicismo. A croça, a mitra, a dalmática, a capa ou pluvial, que os grandes lamas usam em viagem, nas cerimônias fora dos templos, o ofício a dois coros, a salmodia, os exorcismos, o incensório sustentado por cinco cadeias, podendo abrir-se e fechar-se à vontade; as bençãos dadas pelos Lamas estendendo a mão direita sobre a cabeça dos fiéis. O rosário, o celibato eclesiástico, os jejuns, o culto dos santos, os retiros, as procissões, as litanias, a água benta.”

 

Eis as relações de culto que os buhistas têm conosco. Nós pensamos que foram os missionários cristãos do século XIV (o budhismo sendo anterior ao catolicismo, é errônea essa dedução), que aí estiveram e estas semelhanças seja inovações trazidas por eles.

Mas não achamos nem tradições, nos monumentos do país, uma prova positiva desta influência (do cristianismo). Todavia, é permitido estabelecer conjecturas que são prováveis (não podem existir conjecturas, quando já ficou dito que o Budhismo é anterior ao Catolicismo).

 

Nas págs. 199 e 200, o missionário R. P. Huc, diz ainda:

“Em uma conversa ‘memorável’ que os missionários tiveram (O Rev. R. P. Huc, foi acompanhado de outros missionários, inclusive o Rev. Gabet, outra figura de destaque no clero francês), com o Regente do Tibete, souberam que este governava o país na menoridade do Dalai-Lama (isso foi no ano de 1840) e do Nomekhan, que governa temporariamente o Tibete e é nomeado pelo Dalai-Lama. Este, o Nomekhan, governa auxiliado por 4 Kalous. Na menoridade dos dois, quem governava era o 1º Kalous ou Regente. Este regente era muito versado nas doutrinas lamaicas. E, observei-o (fala o Rev. Huc) várias vezes, na ocasião da expedição de negócios de estado; sua capacidade de trabalho era formidável. Sem deixar de conversar conosco, lançava os olhos nos despachos que chegavam e escrevia ordens, na margem. Ele resolvia todos os negócios com ligeireza e facilidade. O Regente gostava muito de se ocupar de questões religiosas, era o tema das nossas conversações. No começo, disse-nos estas palavras notáveis:

 

 Todas as vossas longas viagens foram empreendidas unicamente com um fim religioso... tendes razão porque a religião é a preocupação mais importante dos homens. Vejo que os franceses pensam do mesmo modo, neste assunto, que os tibetanos. Vossa religião não é a mesma que a nossa; é preciso saber qual a verdadeira. Nós as examinaremos ambas, atentamente e com sinceridade; se a vossa for a boa, nós a adotaremos (cúmulo da tolerância e da sinceridade que, infelizmente, não existe no nosso meio). Como poderíamos recusá-la? Se ao contrário, for a nossa, a melhor, creio que sereis bastante razoáveis para segui-la’.

 

 (Seria mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, dizemos nós).”

Continua o missionário Huc:

“Estas disposições nos pareceram excelentes (pudera! Queriam converter os budhistas em católicos!); não podíamos, para o momento, desejar melhores. Começamos pelo Cristianismo (Budhismo com um D e Cristianismo, são uma só e mesma cousa, porque todos os Iluminados são Budhas). O Regente, sempre amável e polido nas suas relações para conosco, pretendia que, sendo nós seus hóspedes, deveríamos ter a prioridade. Passamos em revista sucessivamente as verdades dogmáticas e morais. Com grande admiração nossa, o Regente não ficou surpreendido com o que lhe dizíamos (pudera, velharias para ele!...). ‘Vossa religião’, nos repetia ele sem cessar, ‘é como a nossa; as verdades são as mesmas, somente diferimos nas explicações. Do que vistes e ouvistes na Tartaria (leia-se a Obra do Pe. HucDans la Tartarie”) e no Tibete, tereis que

discordar; mas é preciso não esquecer que os erros e superstições numerosas que notastes (isto acontece em toda a parte... Na Mongólia e no Tibete, nem todas as Lamaserias estão de acordo com o verdadeiro Budhismo, a Iluminação), foram introduzidas pelos Lamas ignorantes, e são rejeitadas pelos Budhistas instruídos’.”

 

Continua ainda o missionário Huc:

“Somente admitia dois pontos de discordância: a origem do mundo e a transmigração das almas” (nem podia deixar de ser assim, pois um sábio não pode admitir as fantasias da Bíblia, como a criação do mundo em 7 dias, nem que Adão viesse do barro e Eva da costela daquele. Os 7 dias de Brahma, representam vários períodos mavantaricos. Além disso, religião que não crer nas sublimes leis da Reencarnação e Karma, não é religião, não é cousa alguma. Que careta ridícula não teria feito o regente diante da ignorância de um sábio que ia converter os budhistas em católicos! Oh quanta espécies!...).

 

A defesa física e moral, a hospitalidade, os ensinamentos e tudo mais quanto os missionários franceses receberam Daqueles seres privilegiados (alguns Deles, discípulos dos nossos Amados Mestres, dirigentes da Missão dos 7 Raios de Luz), demonstram “quae farte”, a tolerância, o respeito, a bondade e retidão, pregados e praticados por eles.

 

Basta dizer que, os missionários franceses se negaram a entrar nos seus mosteiros, quando os Lamas e discípulos ouviram com todo o recolhimento possível, as missas que os ditos missionários ‘disseram’ em barracas armadas, com o auxílio daquela gente hospitaleira e boa. Tiveram mais, ocasião de ouvir dos seus lábios, a seguinte frase: “o Cristo era um justo e grande BUDHA do Ocidente, digno de ser imitado e venerado” (deixando com essas palavras, perceber que o Budha do Oriente nada mais é do que um Cristo, e que o Cristo do Ocidente nada mais é do que um Budha, Centelhas do mesmo Fogo).

 

Ser Cristão ou budhista é uma só e mesma cousa. Não se deve confundir Cristianismo com catolicismo. E, desse modo, voltaram os missionários para a sua pátria, depois de exaustivas viagens, com riscos de vida, tendo apenas convertido um pobre “chinês”, como eles próprios o afirmam, e convencidos de que... “foram ensinar Padre Nosso a vigário”.

 

Graças a Deus que esses servos do Senhor, embora intolerantes, tiveram a coragem de vir a público dizer verdades que muitos outros ocultariam ao mundo, receosos de prejudicar ou desprestigiar a sua própria religião, que nada mais é do que “TRAÇOS QUE REVELAM A INFLUÊNCIA DO BUDHISMO NA SUA FORMAÇÃO”, como bem diz Frei Domingos Vieira, no seu dicionário português.

 

Fazendo-se um estudo comparativo entre a obra do missionário francês, R. P. Huc, – Dans le Thibet – e a do Sr. Ossendovsky – BETES, HOMMES ET DIEUX – a primeira, passada em 1840, e a segunda, em 1921, não se encontra um só ponto discordante, quer nos personagens, nomes, lugares, etc, etc, quer na filosofia e religião por eles pregados.

Sociedade Teosófica Brasileira, hoje, Sociedade Brasileira de Eubiose