ABDUL-BAHA
(Abbas Effendi)
Data :
Dhâranâ nº 5 a 7 – Maio a Julho de 1926 – Ano II
Fazendo publicar a sua
fotografia, Dhâranâ presta um justo preito de homenagem a uma das mais belas
almas que têm baixado a este planeta, para emprestar seu concurso em prol da
regeneração humana.
Debaixo de suas mãos, a Doutrina
Behaista estende-se de tal modo, que os vários milhões de behaistas que hoje
existem, encontram representantes de sua doutrina em todas as grandes cidades da
terra.
Segundo o Behaismo, a verdadeira
vida consiste em:
“Não causar dano a pessoa alguma
e amar uns aos outros”.
“Ser bom para com o povo e amá-lo
com pureza”.
“Suportar sem protesto as
dificuldades ou as injustiças de que sejamos vítimas, e apesar de tudo,
amar os nossos semelhantes”.
“Regozijar-se com as piores
calamidades, porque elas são dádivas de Deus”.
“Não dizer mal dos defeitos dos
outros e rogar por eles, auxiliando-os com a nossa bondade, para
que
eles se tornem melhores.”
“Não ver senão o bem e não o mal.
Se um homem tem dez qualidades boas e um defeito,
devemos
separar o último e só olhar as primeiras. E assim, inversamente, vejamos sempre
a
boa
qualidade e não consideremos os dez defeitos”.
“Não murmurar jamais de pessoa
alguma, nem mesmo de nossos inimigos”.
“Condenar a quem nos fale dos
defeitos alheios”.
“Executar com bondade os nossos
mais insignificantes atos”.
“Dedicar-se à propagação de
ensinos sagrados, pois é assim que receberemos a força e a con-
firmação
espiritual”.
“Apartar o coração de si mesmo e
do mundo; ser humilde”.
“Constituir-se em servo de todos
e saber que ninguém é superior a outro”.
“Ser como uma mesma alma em
diferentes corpos, porque quanto mais nos amamos, mais perto
estaremos de Deus. Porém este amor, esta
unidade, esta obediência, deve estar no coração e
não nos
lábios”.
“Trabalhar com prudência e
sabedoria”.
“Ser sincero, hospitaleiro e
respeitoso com os direitos próprios e alheios”.
“Esforçar-se por curar ao
enfermo, confortar o aflito, ser a mesa celestial para os que têm fome,
guia
para os extraviados, abono para as terras estéreis, estrela em cada horizonte,
chama para
cada
lâmpada e o Mensageiro para todos que esperam o Reino de Deus”.
Poderá haver uma mais bela
Doutrina do que esta?
Será ela menos bela, menos
perfeita do que a de Jesus, a do Senhor Gautama ou de outro qualquer Iluminado?
Quando em Setembro de 1912,
esteve Abdul Baha, em Londres, visitou o Templo da City um domingo, durante a
celebração do culto, tomando a palavra quando o Ver. Campbell terminou seu
sermão sobre o emprego da vontade na prece, dirigindo-se aos fiéis ali
reunidos, durante oito minutos e ao terminar o culto, escreveu as seguintes palavras
na Bíblia do púlpito, onde pôs sua assinatura:
“Este é o livro santo de Deus, de
celestial inspiração, é a Bíblia de Salvação, o nobre Evangelho. É o mistério
do Reino e sua Luz; é o dom divino, sinal do governo de Deus – Abdul Baha
Abbas.”
Esse gesto inimitável emocionou a
todos os presentes. Um muçulmano em um templo cristão falando aos fiéis da
verdade, do espírito santo, do Deus da Paz..., sublime amor, tolerância e
respeito, belíssimo exemplo para os demais credos existentes!...
Com a devida vênia, transcrevemos
a Sua Mensagem ao Mundo, segundo a tradução de Mr. Tamadon-ul-Molk:
“Deus envia profetas para a
educação dos povos e progresso da humanidade.
Todas as manifestações de Deus
têm geralmente elevado os povos. Os profetas servem ao mundo pela liberalidade
de Deus. A prova evidente de que eles são manifestações de Deus, consiste na
educação e progresso dos povos. Os judeus encontravam-se na mais ínfima
condição da ignorância e cativos do Faraó quando apareceu Moisés e os elevou a um
grau superior de civilização. Assim surgiu o reino de Salomão. A ciência e a
arte estenderam-se por todo o mundo e até os filósofos gregos dedicaram-se a
estudar os ensinos de Salomão. Deste modo, provou Moisés que era um profeta.
Porém transcorrido algum tempo,
caíram os israelitas sob o poder dos romanos e dos gregos. Então apareceu no
horizonte dos israelitas, a brilhante estrela de Jesus e iluminou todo o mundo,
unindo todas as nações, seitas e credos. Nenhuma prova melhor havia de que
Jesus era a voz de Deus.
O mesmo ocorreu com o povos
árabes. Viviam selvagens e dominados pelos persas e gregos, quando surgiu a Luz
de Mahoma. Então, brilhou toda a Arábia. Os povos oprimidos e degradados se
ilustraram e civilizaram a tal ponto que as demais nações vieram a aprender da
civilização árabe. Esta foi a prova da missão divina de Mahoma.
Todo o ensino dos profetas é um,
de uma fé, de uma luz divina brilhando sobre todo o mundo. Agora poderiam os
povos sob o pavilhão da humanidade, afastar-se do preconceito, amar e crer em
todos os profetas. Assim como os cristãos crêem em Moisés, deviam os judeus
crer em Jesus. Do mesmo modo que os mahometanos crêem em Cristo e Moisés,
deviam os judeus e cristãos crer em Mahoma. Assim desapareceriam todas as disputas,
todos se uniriam. Baha-Oullah vem com este propósito. Ele formou das três religiões,
uma só; levantou o estandarte da unidade, da honra da humanidade no centro do
mundo. Agora devemos rodeá-lo e procurar com o coração e a alma que resplandeça
a união da humanidade”.
(Trad. do espanhol por H. J. Souza)